A Cooperação com a Guiné-Bissau na área da Saúde

 

 

 

«... Exorciso o paludismo

apeio a poliomielite

amputo a desgraça

encho a taça de ternura

e fica a graça da criança

florescendo a vida»

In poema "Tecto do Silêncio", da Colectânea A Criança na Poesia Moderna Guineense"

António Soares Lopes (Poeta Guineense)

Em 1996, peritos do Banco Mundial, apoiados por experimentados técnicos europeus e africanos (alguns guineenses), deram por concluída uma excelente proposta de formação pós-graduada de médicos guineenses, a levar a efeito em Bissau. De seguida, foi lançado um concurso público internacional pelo Banco Mundial, sendo atribuído ao Instituto de Ciências Biomédicas de Abel Salazar (ICBAS), da Universidade do Porto, a tarefa de pôr em execução o referido Projecto no Hospital Nacional, de Bissau, de parceria com o Hospital de Santo António.

 

A realização deste Projecto, com as características inovadoras que apresenta – (a) ser executado de acordo com as necessidades reais do País onde tem lugar; (b) assentar numa verdadeira transferência selectiva de tecnologia ("Know How") – permitem acreditar que se pode assistir a uma viragem das relações Norte-Sul.

 

O eminente economista senegalês Sanou Mbaye escrevia no Le Monde Diplomatique (edição de Julho de 2002) que será necessário definir «uma estratégia económica [para África] que assenta no financiamento de quatro sectores prioritários: as infraestruturas, a agricultura, a educação e a saúde". Ora, este financiamento não pode consistir – continua o mesmo economista – nas chamadas "ajudas" que são objectivamente fonte de endividamento e não representam um efectivo contributo ao desenvolvimento de um país ou de uma região, antes perpetuam a sua dependência técnica, financeira e económica. Sem colocar em causa o valor profundo das dádivas de Estados e de ONG’s canalizadas para os países pobre, penso que, infelizmente, quando se fala no desenvolvimento em África, se está a falar do desenvolvimento da miséria e do endividamento (tema que Frei Bento Domingos tratou num magnífico texto publicado no Jornal Público em 30 de Setembro de 2001).

Este Projecto de Formação de Médicos em Bissau inscreve-se no quadro de medidas selectivas de cooperação, por três especialíssimas razões: (i) os quadros técnicos não saem do País, como frequentemente acontece, provocando forte sangria nos já debilitados recursos humanos da Guiné-Bissau; (ii) haverá uma diminuição dos custos com as evacuações de Bissau para Lisboa, despesas suportadas quase na íntegra pelo Governo Português; (iii) dar-se-á corpo à aplicação de modelos inovadores de cooperação multilateral, como vêm preconizando a OMS, diversos países e as ONG’s ligadas à Saúde.

 

O Governo Português, através do Instituto Português de Apoio ao Desenvolvimento (IPAD), manifestará, creio bem, o apoio inequívoco e efectivo a este Projecto de forma a transformá-lo numa experiência frutuosa e singular.

O Governo Guineense utilizará, de forma eficiente e efectiva, os recursos que são alocados aos cuidados de saúde hospitalares do País.

Paulo Salgado

Administrador Hospitalar

Agosto de 2002

(Texto adaptado  pelo autor, de outro Texto publicado no Le Monde Diplomatique)

 

Editado em 15. 02. 2005

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