A Juventude guineense: Força motriz do desenvolvimento da Guiné-Bissau?

 

 

 

Por: N´hobsan Pedro Djata *

midanadjata@yahoo.fr

Rabat, 01 de Fevereiro de 2009

Nenhum país no mundo hesita em investir os seus recursos humanos e financeiros a longo termo na sua juventude porque é esta camada da sociedade que faz desenvolver qualquer país.

Amílcar Cabral, fundador da nacionalidade guineense tinha formulado esse desejo dizendo que «os jovens são a força motriz do desenvolvimento da nossa sociedade» por isso faremos deles seguidores das obras iniciadas hoje.

Mas, será que desde a independência até hoje, os jovens têm merecido uma atenção particular da parte dos nossos governantes que se sucedem no poder? Será que os jovens guineenses têm feito alguma coisa para merecerem a preocupação principal dos governantes?

Entre os habituais locais de encontro diurno dos jovens, conhecidos publicamente pelo nome de «bancadas», os jovens guineenses têm visto o futuro escapar-se-lhes pelas mãos, confirmando serem incapazes de garantir um futuro melhor à Guiné-Bissau: delinquência juvenil, droga, assaltos à mão armada, alcoolismo etc., tudo isto faz parte do quotidiano dos jovens sem rumo e projectos para o futuro.

O 11° ano de escolaridade é a fase última da instrução para alguns jovens que não hesitam em dizer no nosso bom crioulo «N’kaba dja escola». O acesso às universidades (sejam elas nacionais ou estrangeiras) é um sonho irrealizável para alguns e, para outros, uma tentativa sem precedente de poderem vir a integrar a função pública, que se encontra recheada de «funcionários fantasmas» sem atribuição e exercício de funções, mas com direito a receber ordenado.

A juventude guineense, que deveria assumir o papel de garante e impulsionador do desenvolvimento, deixou de sonhar e de acreditar num futuro melhor, deixando esse papel aos mais velhos (kilis ku bai luta – geração de Colinas de Boé), esperança moribunda num país onde tudo é possível.

Mas penso que em vez de termos ministros e secretários de Estado sem formação liceal e universitária, promotores da demagogia política, era melhor fazermos apelo aos jovens recém-formados nas universidades e escolas de formação profissional, mesmo sem conhecimentos práticos mas capazes de falar um bom português e negociar acordos capazes de levar este país doentio a bom porto.

O jovem guineense  assiste ser-lhe atribuído o último lugar na hierarquia das preocupações da nação constituindo assim a última preocupação dos políticos, para quem a principal preocupação é conseguir dinheiro rapidamente, porque na Guiné-Bissau não se faz mais de seis (6) meses como ministro; a remodelação governamental é frequente e são as mesmas pessoas que se substituem nos cargos de responsabilidade como se certas pessoas tivessem nascido para dirigir e outras para serem dirigidos.

É lamentável, mas o jovem guineense já começou a ganhar consciência do papel que pode desempenhar na sociedade e no desenvolvimento do país como atesta o interesse de alguns jovens pelas associações e outros pela política (exemplo histórico do Baciro Djá) e a saber escolher entre o bem e o mal, uma vez que muitos são aqueles que estão a seguir uma formação (seja ela privada ou pública) no estrangeiro e a maioria nas universidades nacionais e na nossa prestigiosa Faculdade de Direito de Bissau.

Todavia, podemos começar a sonhar com um futuro melhor e uma Guiné-Bissau onde dentro de vinte anos (sem querer exagerar) o mérito constituirá a base das nomeações e promoções na nossa administração pública e não o que qualificamos de «barri padja - tráfico de influência», camaradagem, mentiras etc.; porque a Guiné-Bissau necessita dos seus jovens e só esta camada da sociedade pode tirar o país da inércia e letargia em que se encontra neste momento.

 * Estudante do último ano de Mestrado em Estudos Diplomáticos Aprofundados na Faculdade de Ciências Jurídicas, Económicas e Sociais de Rabat (Marrocos). Diplomado em Gestão Administrativa pelo Ciclo Superior da Escola Nacional de Administração de Rabat

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