A IMPUNIDADE DOS REGENTES

 

 

Carlos Gomes da Silva

Carlos_DaSilva@pch.gc.ca

03.09.2009

Aonde começa e acaba a impunidade dos nossos regentes não saberei dizer, mas desde o dia em conquistámos a nossa liberdade em 1974 depois da declaração unilateral de independência, iniciou-se a Saga guineense; com o movimento reajustador de 1980, começou a nossa descida para o inferno. O estado de caos em que se encontra a nossa terra hoje, não é por causa nenhuma da comunidade Internacional; nem por represálias da antiga colónia.  A euforia da independência levou a pensar que tudo seria possível, nada seria como dantes; que com honestidade, dedicação e duro trabalho nada seria impossível.

 

Quando movimentos de liberação tomam o poder, os seus governos são frequentemente marcados pela mentalidade militar, as pessoas são catalogadas como vencedores e perdedores e operam no mesmo sistema de comando e obediência.

Uma vez firmemente estabelecidos, os recém-chegados governam com impunidade.

Depois da independência, a administração colonial cedeu os instrumentos do poder a oportunistas. O novo grupo regente cingiu o mesmo irrefreável e explorador estilo de vida de consumo, desprezo e descuido para com o povo. A mudança era simplesmente uma mudança de guardas. Eventualmente, o abuso de poder, a corrupção e a má governação por um sistema voraz e empobrecido subdesenvolveu o país, que tornou-se dependente e agora é ameaçado pela insegurança e  dificuldades de sobrevivência

 

Os membros das elites regentes e o sector privado rico vão formar alianças fortes para ganharem eleições, poder e os privilégios que vêm com ele. Esta capacidade das elites regentes e do sector afluente de conduzirem negócios entre eles  – mesmo quando esses negócios são contra o bem-estar da maioria;  da sociedade e país – é fundada na impunidade: As elites regentes vieram a acreditar que podem cometer quaisquer crimes e escaparem ilesas às suas consequências, contanto que são apoiados pelos seus lacaios/sipaios.

 

 Os crimes que eles cometem variam, desde substâncias ilegais como drogas e álcool, aceitando suborno, corrupção, roubando a tesouraria, devastação das florestas, terra e propriedades públicas. Eles também mataram, torturaram, violaram e humilharam qualquer um - homens, mulheres, e mesmo crianças. Mesmo quando o resto do mundo levantou a voz indignado pelas atrocidades para tentar proteger as vítimas, essas vozes caíram em ouvidos de surdos e mudos. Porque controlam a judiciária, a polícia, o exército e as cortes, os crimes, então, rapidamente são varridos para debaixo do tapete e as elites regentes retornam ao leme como se nada fosse “business as usual”.

 

De vítimas a predadores, nada há de novo sobre movimentos militares que supostamente são justificados em termos éticos e morais mas que vão perdendo a sua legitimidade rapidamente. Desde a Revolução francesa, frequentemente libertadores transformaram-se em opressores, vítimas em predadores. Não é raro um novo regime rapidamente assemelhar-se a um velho. Isso aconteceu repetidas vezes no mundo inteiro. O movimento de liberação é um protótipo de um estado dentro do estado - que se vê como a única fonte legítima de poder. A impunidade sempre fez parte do governo. Nunca nenhum líder teve que explicar os crimes que cometeu  contra o Estado. Mas os regentes que por enquanto administram o nosso Estado não são e nunca serão monarcas.

 

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