A HIPOCRISIA DA CPLP

 

"Venho numa missão de paz e de amizade da CPLP, trazer a nossa solidariedade para com a Guiné-Bissau e conhecer melhor a situação neste momento e ver em que medida a CPLP pode ajudar a encontrar a paz e estabilidade. Esse é o objetivo, conhecer a situação real do país", afirmou Murargy naquela que é a sua primeira visita à Guiné-Bissau.

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinhocasimiro@gmail.com

25.03.2013

Fernando Casimiro (Didinho)Foi desgastante fazer frente aos interesses da CPLP (vários textos/notas, publicados no nosso site www.didinho.org ) na concertação e na conivência dos seus Estados-Membros que decidiram "sacrificar" um outro Estado-Membro, a Guiné-Bissau, meu país, no tocante à crise despoletada pelo golpe de Estado de 12 de Abril de 2012.

Sinto-me triste, mas não surpreendido, com mais declarações recheadas de hipocrisia, de desrespeito e desconsideração pelo intelecto dos guineenses, proferidas pelo actual Secretário-Executivo da CPLP, o moçambicano Murade Murargy.

A 7 de Julho de 2012 (aquando dos Jogos da Lusofonia) em frente ao Palácio/Convento de Mafra, vi e fotografei apenas 7 bandeiras hasteadas, dos 8 Estados-Membros que compõem a CPLP. Sim, 8 Estados que compõem a CPLP, visto que, oficialmente e ao abrigo de uma decisão institucional legitimada, a Guiné-Bissau não tinha sido suspensa e, muito menos, excluída da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa. Por que desconsideraram o meu país (e, consequentemente, o meu povo) que tem a língua portuguesa como sua língua oficial?

Senti-me tão indignado, tão revoltado, tão desiludido com a Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa por não ver a bandeira da minha Pátria, a Guiné-Bissau, pois, a meu ver, a crise provocada pelo golpe de Estado não justificava a "exclusão", o isolamento de um Estado-Membro/Fundador, sendo que, a CPLP nem sequer se dignou, na altura, a proferir declarações que agora, hoje, 25.03.2013, proferiu Murade Murargy.

Que lástima...!

A CPLP causou transtornos à Guiné-Bissau, não preciso de recuperar e voltar a partilhar as notícias ainda recentes dos posicionamentos da CPLP no pós golpe de Estado de 12 de Abril de 2012 na Guiné-Bissau. A CPLP prejudicou a Guiné-Bissau com os seus posicionamentos assentes em radicalismos e irrealismos, sobretudo nos principais palcos das relações internacionais, influenciando, negativamente, os parceiros tradicionais da Guiné-Bissau, condicionando, por isso, os apoios que o país deveria continuar a receber.

A CPLP contribuiu, igualmente, para a divisão dos guineenses; para a criação de um ambiente hostil dos guineenses relativamente aos seus irmãos da África ocidental agrupados na Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental - CEDEAO.

Mas a CPLP, através das declarações hoje proferidas pelo seu novo Secretário-Executivo, lança a debate, entre os guineenses, sobretudo, a questão do compromisso para com o país.

Sem pretender fazer qualquer "julgamento político" do então Secretário-Executivo da CPLP, o Eng.º Domingos Simões Pereira, convém recordar que, a sua nomeação para o cargo de Secretário-Executivo da CPLP foi viabilizada pela rotatividade que atribuiu a Presidência da Comunidade à Guiné-Bissau, na pessoa do seu Presidente da República de então, o General João Bernardo "Nino" Vieira.

Como entender que, alguém que é cidadão de um determinado país, pela representatividade do qual assume funções executivas numa determinada organização, perante uma crise no seu país, que é alvo de julgamentos e de posicionamentos cobertos de parcialidade e interesses terceiros, no seio dessa mesma organização, não tenha sensibilidade, lucidez, espírito patriótico e compromisso, para com o seu país, no intuito de sensibilizar os demais Estados-Membros dessa Organização sobre a necessidade de se enviar uma Missão ao terreno, inteirar-se dos problemas, afim de ajudar, na busca de soluções pacíficas para esse mesmo país, a que pertence e para o seu povo?

As declarações hoje proferidas pelo actual Secretário-Executivo da CPLP, o moçambicano Murade Muragy, à sua chegada a Bissau, carregadas de hipocrisia, deveriam, a meu ver, ter sido proferidas, com naturalidade e realismo, imediatamente após o golpe de Estado de 12 de Abril de 2012 pelo ex- Secretário-Executivo da CPLP, o Eng.º Domingos Simões Pereira, enquanto cidadão guineense, filho da terra, que não precisa de visto de entrada no seu país, a bem da Guiné-Bissau e a bem do espírito de solidariedade entre os países e povos da Comunidade lusófona.

Infelizmente, em nome de interesses de terceiros, o Eng.º Domingos Simões Pereira não soube, numa altura em que a Guiné-Bissau precisava mais, dos seus conhecimentos, capacidades e estatuto, ajudar o seu país, sendo que, permitiu, inclusive, que os seus posicionamentos, de conveniência, influenciassem governantes e políticos dos Estados-Membros da CPLP e até, uma eurodeputada portuguesa dar azo a investidas beligerantes contra a Guiné-Bissau...esquecendo-se das consequências que uma guerra poderia ter na Guiné-Bissau...

Pois, foi desgastante, de facto, contrariar tudo o que a CPLP disse e tentou fazer contra a Guiné-Bissau.

Não é meu propósito prejudicar a imagem do meu ilustre compatriota, Eng.º Domingos Simões Pereira, personalidade a quem reconheço muita competência e que tem muito a dar à Guiné-Bissau, sendo que, tal como todos nós, humanos, também ele está sujeito a cometer erros e a aprender com os erros!

Não é meu propósito instigar os meus irmãos guineenses contra a CPLP. Não!

Os guineenses estão acima disso!

Porém, acho que seria mais sensato, por parte da CPLP, um reconhecimento público dos seus erros na gestão da crise na Guiné-Bissau do pós golpe de Estado de 12 de Abril de 2012.

Um pedido de desculpas pelos prejuízos causados ao país e ao povo guineense!

Uma iniciativa de promoção do reencontro entre guineenses, desavindos, perante as campanhas difamatórias, intriguistas e contrárias aos interesses da Guiné-Bissau, que nortearam o posicionamento da CPLP relativamente à crise despoletada pelo golpe de Estado de 12 de Abril de 2012.

Uma iniciativa de promoção de uma imagem realista da Guiné-Bissau no seio da CPLP e nos palcos das relações internacionais.

Um pedido de desculpas à CEDEAO, pelos danos causados e que não vale a pena detalhar aqui...

A Guiné-Bissau ainda tem e terá sempre filhos capazes de a defenderem intransigentemente, COM SABEDORIA, com realismo e de forma pacífica, PERANTE POSICIONAMENTOS MOVIDOS POR INTERESSES QUE NÃO OS SEUS E DOS GUINEENSES!

A Guiné-Bissau é a soma dos interesses de todos os guineenses E NÃO DOS INTERESSES DE UM GRUPO OU DE GRUPOS DE GUINEENSES! Didinho


VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Didinho

O MEU PARTIDO É A GUINÉ-BISSAU!

 

MAPA DA GUINÉ-BISSAU


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