UNA VITA MISSIONARIA IN GUINEA-BISSAU 1956-2008

PADRE MARIO FACCIOLI

 

 

No 60º ano do meu sacerdócio, escrevi ... 

ANIVERSÁRIOS E MEMÓRIAS 

Deus ama a quem dá com alegria ... 

A escolha da fidelidade a Deus, a certeza de fazer a sua vontade será uma fonte de paz e serenidade. Para si e para os outros. 

Pe. Mario Faccioli 

A 25 de maio de 1947, em plena estação das grandes chuvas, desembarcaram no porto de Bissau, os primeiros sete missionários do PIME: Settimio Munno, o chefe do grupo, Arturo Biasutti, Luigi  Andreoletti,
Filippo Croci, Efrem Stevanin, Spartaco Marmugi e o irmão Vicenzo Benassi. A coragem e zelo destes primeiros homens enviados para a Guiné Bissau manifestaram de maneira brilhante e vivaz a força do carisma das gentes do PIME, de que deram provas desde o primeiro ano.
De 1947 a 1974 (data da independência da Guiné), o PIME enfrentou situações que não foram nada fáceis.

 O regime colonial condicionava a vida e as ações dos missionários "estrangeiros" (como nos chamavam os Portugueses): as dificuldades não eram só socioeconómicas,  mas sobretudo ao nível da evangelização, pois a presença dos colonizadores, "senhores e patrões", era um contra-testemunho extremamente negativo da mensagem cristã que nós trazíamos. A este respeito, eu digo "nós" porque, em 1956, nove anos depois da chegada dos sete primeiros, chegámos eu e o Irmão Luís Capelli
A minha primeira experiência missionária na Guiné foi em Catió, cidade ao sul do país, no seio dos Balantas (uma das tribos mais numerosas), alguns muçulmanos e vários Portugueses, empregados comerciais e funcionários. O uso exclusivo da língua portuguesa era obrigatório e o relacionamento com os nativos da aldeia era bastante reduzido. Eu trabalhei na escola e no ensino e procurei conhecer pessoas, como também ajudá-las materialmente, enquanto continuava a acreditar que o caminho deveria ser outro... 

Deus fazia-me sentir, embora ainda vagamente, que deveria mudar alguma coisa, fazia-me compreender que a missão não era obra minha, embora eu tivesse criado estruturas como escolas, residências, capelas e centros de saúde. O que importa não é fazer, mas ser: ser santo é tudo para Ele, porque Ele é que converte, faz a missão e salva.
E para sermos como Ele, não devemos redescobri-lo na agitação e na ação, mas em silêncio, reflexão e na oração. Parece óbvio e previsível, mas não aconteceu isso nos meus primeiros 30 anos de atividade missionária, articulada em diferentes formas de presença, até que o Senhor me fez descobrir, por assim dizer, a "pérola preciosa". 
Com a ajuda de um irmão, o Padre
Leopoldo
Pastori, o Senhor fez-me compreender que a Guiné precisava de um lugar onde se pudesse descobrir a missão na sua verdade e autenticidade. 
Agradeço ao Senhor e comigo agradecem tantos outros missionários, irmãos e irmãs, envolvidos de diversas formas na evangelização e confrontados com os mesmos problemas, por Ele nos ter dado um lugar desejado e procurado: um centro de espiritualidade, capaz de albergar várias dezenas de pessoas para um ou mais dias de retiro, de reflexão e oração. 
Cerca de 20 anos depois, nascia o Centro de Espiritualidade "N. S. Rainha dos Apóstolos", a poucos quilómetros da capital, Bissau, numa localidade ideal para a calma e tranquilidade, perto de uma aldeia chamada N'Dame
O Centro sempre foi e continua a ser frequentado pelos missionários, catequistas, cristãos e muitos outros, mesmo por não-cristãos, em busca de Deus. Foi chamado de pulmão espiritual da diocese e da missão. Certamente só o Senhor e a Rainha dos Apóstolos, a quem o Centro é dedicado, sabem das maravilhas que ali são feitas... 


Filomena Embaló fez a tradução da versão original em italiano para o português.

 

 

A FELIZ MISSÃO DE SERVIR

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

25.10.2009

Fernando Casimiro (Didinho)Recebi, há 2 semanas, o livro "Una Vita Missionaria in Guinea Bissau 1956-2008", da autoria do Padre Mario Faccioli, editado recentemente em Itália (Setembro), que o próprio Pe. Mario Faccioli fez questão de me enviar.

Fiquei comovido pela oferta, fruto de um reconhecimento cada vez mais abrangente do trabalho que temos vindo a realizar através do Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO.

Cinquenta e dois (52) anos !!! de uma Missão toda ela ao serviço de Deus, no dia-a-dia com os irmãos da Guiné-Bissau, é algo que merece uma distinta homenagem por parte das autoridades do nosso país, independentemente de a Guiné-Bissau ser um Estado laico.

Com efeito, nunca é tarde para reconhecermos aqueles que fizeram a diferença, pela positiva, na nossa terra, ajudando na criação de infra-estruturas vitais para o desenvolvimento; envolvendo-se directamente na educação e formação de homens e mulheres da Guiné-Bissau; no apoio médico-sanitário das nossas populações ao longo de muitos anos e, não menos importante, na busca da Paz entre os guineenses!

Nasci em Bissau a 15 de Agosto de 1961, onde vivi até 1981. Habituei-me a ver missionários (as) italianos (as) e portugueses (as) lá, sendo que italianos em maior número.

Aprendi a admirá-los porque se misturavam com as populações mais carenciadas, entregando-se à Missão de servir os mais necessitados. Faziam dos problemas das populações seus próprios problemas e assim se estabelecia o compromisso de ajudar quem realmente precisava.

Os missionários italianos disponibilizavam-se para ajudar em tudo, lembro-me de vários deles que foram professores no Liceu Kwame N´Krumah em Bissau, numa altura em que havia carência de professores.

O Padre Mario Faccioli deu 52 anos à Guiné-Bissau dos 87 que tem de vida!

Recordamos que, durante a guerra civil 1998/1999, foi-lhe dada ordem de expulsão pelo Presidente da República, João Bernardo "Nino" Vieira, devido às denúncias que fez sobre o envolvimento da França no conflito militar na Guiné-Bissau, ordem essa que seria levantada posteriormente pelo Presidente depois de a diocese de Bissau ter feito um pedido nesse sentido.

"A participação militar de soldados franceses no conflito armado na Guiné-Bissau voltou a ser denunciada, ontem, por mais um missionário italiano residente no país. O padre Mario Faccioli, pertencente ao Instituto Pontifício para as Missões no Exterior (PIME), que tem duas missões nos arredores de Bissau, declarou diversas vezes que conselheiros militares franceses enquadraram as tropas leais ao Presidente Nino Vieira nas frentes de combate. Ontem, o padre Faccioli indicou, numa conversa telefónica com a RDP-África, que os franceses foram vistos a entrar ontem para um helicóptero, quando se retiravam da zona da linha da frente. Mario Faccioli encontra-se na missão do PIME de ANTULA, local que dá acesso a Cumeré, pequena localidade onde se encontram instaladas baterias da Junta Militar que as forças presidenciais procuravam neutralizar".

 Regressado à Itália, continua com a Guiné e os guineenses no coração e não tenho dúvidas de que assim será para sempre!

Na semana passada telefonou-me pedindo ajuda para a tradução do seu livro para o português, de forma a lançar uma versão portuguesa, que seria mais acessível à leitura e compreensão dos guineenses.

Obviamente que não podia dizer que não a alguém que deu 52 anos da sua vida à Guiné-Bissau (em Missão de Deus) e apesar das minhas limitações quer linguísticas, quer de tempo, disse-lhe que sim, que podia contar com a ajuda do Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO para a tradução do livro, ainda que não tenhamos estabelecido nenhum prazo para a conclusão da tradução, que será feita por mim e pela Dra. Filomena Embaló, que se encontra sobrecarregada com trabalhos em diversas frentes, mas que aceitou o desafio.

Quero aproveitar esta oportunidade para em nome do Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO, felicitar e homenagear o Pe. Mario Faccioli, assim como todos os (as) missionários (as) italianos (as) que estiveram/estão na Guiné-Bissau! Saudações especiais ao Pe. Dionísio Ferraro e ao Pe. Celso Corbioli, com quem me reuni recentemente em Lisboa, aquando do seu regresso à Guiné, proveniente de Roma.

Não nos esquecemos do saudoso Bispo D. Settimio Arturo Ferrazzetta, que devia ser imortalizado como símbolo da Paz na Guiné-Bissau!

JOÃO LAURENCE EM HOMENAGEM AO PE. MARIO FACCIOLI

ANUÁRIO 2009 - DIOCESES DE BISSAU E BAFATÁ

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Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Fernando Casimiro (Didinho)

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