UM EQUÍVOCO QUE VIROU FACTO

 

Por: Flaviano Mindela dos Santos

 

 

14.05.2008

 

Vezes sem conta, como ainda há dias voltou a acontecer durante uma das inevitáveis trocas de lamentos sobre a grave doença que vai debilitando a nossa terra, uma voz lembra sempre a nostálgica meia década de prosperidade logo após a independência, atribuindo no entanto, todo o mérito ao então presidente Luís Cabral.

É certo que a responsabilidade do sucesso ou fracasso de qualquer organização num determinado período, para a preservação dos valores, deve-se atribuir ao seu mais alto dirigente, no respectivo período. Mas acontece que, o mais alto dirigente pode ser uma pessoa singular, ou uma pessoa colectiva.

Não se esqueçam que estamos no campo dos valores morais!

Atribuir todo o mérito dos sinais de progresso que se constatou na segunda metade dos anos setenta, ao ex-presidente Luís Cabral, é ser injusto para com PAIGC.

Nos regimes monopartidários, os partidos funcionam com uma única vontade. PAIGC, sem fugir a essa regra, funcionava como uma máquina quase perfeita, para a produção de variados factores que nos levariam ao ambicionado progresso.

Nos primeiros anos do nosso Estado, PAIGC era ainda um partido bem organizado, nas bases do génio de Amílcar Lopes Cabral, e dirigia o país sob a autoridade de um partido libertador, de uma alternativa face à indesejável sensação de domínio, que o nosso povo experimentou nos longos anos da colonização. Enfim, salvo marcadas atrocidades, representava a esperança de um mundo melhor para a maioria dos guineenses.

No PAIGC dessa altura, Luís Cabral, apesar de ser Presidente da República, era também um militante muito zeloso. E assim transmitia sem negligência de princípio, todas as orientações do partido, para o mecanismo da organização e funcionamento do Estado. Em consequência, também submetia a própria Presidência da República, enquanto órgão do Estado, à vontade do partido. O que demonstra da sua parte um elevado sentido de respeito pelas instituições.

Com a ascensão de Nino Vieira ao poder, através de um golpe militar longamente premeditado, sem perder tempo, tratou logo de fazer da sua vontade, a vontade do partido, para dessa forma concentrar todos os poderes na figura do Presidente da República.

Baseado numa teoria de constante ambiente de conspiração, colocou em marcha intimidações, perseguições, humilhações, e até eliminações físicas de potenciais adversários políticos, dentro e fora do partido, em nome do partido.

Por essa via, conseguiu-se lentamente, um nocivo afastamento de personalidades mais capazes e competentes, promovendo-se personalidades mais incapazes e incompetentes, para as altas funções do Estado.

Resto da cartilha: até um amigo meu da Papua Nova Guiné já o sabe de olhos fechados.

Tempo de Luís Cabral foi o que foi, porque pura e simplesmente, Luís Cabral será para a eternidade, a mesmíssima pessoa que sempre foi!

 

Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.

 

     

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