UMA NOVA ESPERANÇA PARA UMA NOVA POLÍTICA NA GUINÉ-BISSAU

 

 

 

Ricardino Jacinto Dumas Teixeira

ricardino_teixeira@hotmail.com 

11.04.2014

No domingo, 13 de abril de 20014, os guineenses vão às urnas para escolher o Chefe do Governo e o novo Presidente da República da Guiné-Bissau. O processo político está sendo acompanhado com muito cuidado, interna e externamente, até o momento sem grandes incidentes que pudessem comprometer sua sustentabilidade, apontando, desde já, para uma nova forma de fazer e conceber a política democrática no país. Os candidatos, majoritariamente jovens, empenharam-se na busca do diálogo e consensos participativos, tentando convencer a maioria do eleitorado para votar em seus projetos. As pessoas querem ouvir coisas relacionadas às suas vidas concretas, discutir questões substantivas da vida nacional, ao mesmo tempo, confrontar o pessimismo. Nesse sentido, há uma novidade: os jovens, as mulheres e os homens estão contribuindo para uma nova cultura politica, contra o oportunismo e o divisionismo que se fizeram sentir, com maior proeminência, nas eleições passadas, colocando em risco a coesão social. O discurso da competência, da insatisfação e críticas das organizações da sociedade civil, em relação a golpes de Estado e assassinatos, reforça, pouco a pouco, o sentimento comum de esperança, de insatisfação e repudio com a política de golpe de Estado.

A elite castrense, detentora do poder real na Guiné-Bissau, parece reconhecer a importância da reforma das “Forças Armadas e Forças de Segurança”,na perspectiva de garantir para a sociedade guineense que as Forças Armadas são instituições a serviço do Estado, dirigido pelo Estado. A Guiné-Bissau precisa de suas Forças Armadas, pautadas numa nova postura, capaz de proporcionar condições necessárias para a mudança, ajudando a limpar o nome da Guiné-Bissau, criando condições de segurança para todos os guineenses. Esse é o grande desejo manifestado por todos os candidatos, inclusive pelo Chefe do Estado Maior das Forças Armadas, General António Njai.

 

A comunidade internacional, por sua vez, avalia positivamente a sustentabilidade do processo eleitoral que se avizinha. O Representante Especial das Nações Unidas - José Ramos Horta - está contribuindo com a participação das Organizações da Sociedade Civil para concretização desse projeto democrático. Os quadros guineenses, dentro e fora do país, sonham com esse projeto estratégico, um projeto que possa ser concretizado com quem quer que seja o partido ou candidato que venha ganhar as eleições no domingo. A Guiné-Bissau possui quadros altamente competentes para assumir os aparelhos do Estado, de usar suas sabedorias e experiências nacionais e internacionais frente aos desafios do desenvolvimento, ao mesmo tempo, criar as condições para a credibilidade do país no exterior. O país precisa, também, do “apoio” de “peritos internacionais”para ajudar a organizar a administração pública e melhorar a vida do povo, em defesa da democracia e dos direitos humanos. No entanto, a complexidade de problemas da saúde, de segurança, da educação, da infraestrutura etc. não se resolve apenas com “gestores internacionais”. O desenvolvimento se faz com trabalho, com a união das pessoas em torno de boas práticas e ideias de gestão pública.

 

No contexto atual é preciso reforçar a integração das Forças Armadas como parte integrante do Estado, não fragilizar o Estado com a ideia de que os “peritos” vão resolver os problemas do país. Outro aspecto é que esse discurso poderá legitimar a intervenção sob a retórica de “novos modelos de gestão de competências e habilidades”, propagado pelas agências internacionais, mediado pelos setores do próprio Estado.

 

A grande questão é encarar os novos desafios, com optimismo, honestidade e trabalho duro, preservar as conquistas políticas e sociais, já alcançadas, em estreita colaboração com as organizações das Nações Unidas e parceiros estratégicos da Guiné-Bissau.

 

Uma nova oportunidade históricareside na capacidade da juventude, novos quadros, que vive uma nova trajetória, seja no quadro de sensibilização e participação política, seja na definição das diretrizes e estratégias sociais e econômicas, conforme ficou evidenciado nas ações de participação e credibilização política atualmente em curso na Guiné-Bissau, idealizado e executado pelos jovens, desprovidas de qualquer tipo de apoio do Governo. Esse engajamento político, que vinha sendo negado aos jovens acentuado sua marginalização social e participação nos assuntos de interesse nacional, mostrou-se ineficiente frente à proliferação de demandas e articulações das organizações juvenis, a exemplo do Movimento Ação Cidadã, no âmbito da intermediação político-eleitoral, dando origem a um conjunto de articulações que potencializam dinâmicas sociopolíticas de democratização. Nessa perspectiva, não se pode falar de uma relação passiva dos movimentos juvenis, ou falta de gente capaz para assumir os aparelhos do Estado e da administração pública. A forte ênfase no debate e sugestões no âmbito das organizações da sociedade civil revela que a Guiné-Bissau vive um novo momento político e colaboração efetiva dos jovens na busca de soluções concretas. O que nós precisamos é de gente íntegra no lugar certo, pessoas e coletividades capazes de gerar emprego e garantir equilíbrio social, econômico e cultural em vista a um projeto de sociedade politicamente viável no sentido de possibilitar, através de mudança, uma avaliação positiva do Estado pela sociedade civil.

 

A oportunidade de uma nova liderança chegar à Presidência da República, de receber apoio incondicional do Chefe do Governo, sem complacência com a corrupção, nepotismo e ineficiência administrativa, que faz o que prometeu e comprometeu fazer durante a campanha eleitoral, encarando os novos desafios sociopolíticos e econômicos, com apoio da diáspora, na resolução de problemas administrativos, sonhando o sonho de Amílcar Cabral, são elementos fundamentais para o desenvolvimento sustentável, contra a pobreza e desigualdade na Guiné-Bissau. Isto porque, apesar dos esforços internacionais e regionais na consolidação das instituições governamentais, via eleições, cabe a nova liderança e as organizações da sociedade civil guineense as escolhas e decisões políticas para a reconstrução do Estado e consolidação da democracia no país.

 

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