SERÁ TÃO DIFÍCIL PERCEBER O QUE SE PASSA NA GUINÉ-BISSAU? (1)

 

Guiné-Bissau aceita presença de força internacional de estabilização

01.08.2010

As autoridades políticas e militares da Guiné-Bissau concordaram, hoje, com o princípio da vinda de uma força de estabilização, disse à imprensa um porta-voz da presidência guineense. Em declaracões à imprensa, à saída de uma reunião do Conselho de Defesa Nacional guineense, presidida pelo Presidente Malam Bacai Sanhá, o porta-voz Soares Sambu afirmou que essa decisão havia sido tomada e que seriam agora iniciadas as formalidades necessárias.

Segundo Soares Sambu, a aceitação da futura força vem na sequência dos apelos nesse sentido feitos à Guiné-Bissau nas recentes cimeiras de chefes de Estado e governo realizadas na cidade de Sal, Cabo Verde, na cimeira da CPLP que se realizou em Luanda, Angola e as decisões da cimeira da União Africana, que se realizou em Kampala, Uganda.

"O Presidente está tratando de criar consenso e tentar difundir toda a informação relativamente às principais decisões em relação à Guiné-Bissau, particularmente em relação aos esforços que estão sendo desenvolvidos junto à comunidade internacional na mobilização de apoios para o processo da reforma do setor de Defesa e Segurança", indicou o porta-voz da presidência guineense.

Questionado pela agência Lusa sobre o mandato e a composição da futura forca de estabilização da Guiné-Bissau, Soares Sambu afirmou que, por enquanto, essas questões ainda não foram definidas.

"Ainda há algumas etapas a serem percorridas, isso requererá um processo interno que vai ter que ser realizado. O Estado-Maior General das Forcas Armadas vai ter que reunir, os resultados dessa reunião vão ser transmitidos ao Executivo que, naturalmente, vai deliberar e, por fim, submeter a sua deliberação ao Parlamento e depois o Presidente promulgará a decisão que sair dessa instancia", disse Soares Sambu, conselheiro político e diplomático do Presidente guineense.

O porta-voz da presidência não soube dizer se a força estará na Guiné-Bissau antes do final deste ano, no entanto, Soares Sambu notou que o trabalho para a sua vinda vai ser iniciado brevemente.

"O formato nem está ainda definido (...). Diferentes missões, quer da União Africana, CEDEAO e CPLP virão ao país e com as nossas autoridades políticas e militares vai ser definido um conjunto de questões em relação ao mandato, ao formato, quero dizer, um conjunto de questões militares, que eu desconheço neste momento", sublinhou Soares Sambu.


Abordado pela Lusa e RTP-África, à saída da reunião, o primeiro ministro, Carlos Gomes Júnior, escusou-se a fazer declarações, afirmando que não queria dizer nada para além do que dito pelo porta-voz da Presidência.

As chefias militares que assistiram à reunião não prestaram declarações aos jornalistas.

Fonte: Lusa
(Este texto foi escrito ao abrigo do novo Acordo Ortográfico)

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

26.09.2010

Inicio hoje a publicação de uma série de análises sobre questões da actualidade guineense relacionadas com o envio de uma Força/Missão Militar ou técnico-militar; de Estabilização; Multinacional ou Angolana, para a Guiné-Bissau.

Tratando-se de um assunto complexo, por questões lógicas que têm a ver com o conceito de soberania na óptica do cidadão, mas também, melindroso, por evidências cada vez mais acentuadas de que a abordagem feita inicialmente tem outros contornos que não propriamente ajudar a estabilizar a Guiné-Bissau, mas sim, garantir a salvaguarda das cadeiras do poder e dos interesses proporcionados pelo poder, importa fomentar o debate nacional sobre a matéria, até pelas frequentes contradições no posicionamento das autoridades nacionais em relação ao que foi anunciado em primeira mão, após a reunião do Conselho de Defesa Nacional de 01 de Agosto.

Sim, a Comunidade Internacional e particularmente os organismos como as Nações Unidas, a União Africana, a CEDEAO e a CPLP sensibilizaram as autoridades guineenses, na pessoa do Presidente da República, Malam Bacai Sanhá, para a aceitação de uma Força Internacional de Intervenção/Estabilização na Guiné-Bissau, sensibilização essa que seria partilhada pelo Presidente da República com os membros do Conselho de Defesa Nacional, na reunião realizada a 01 de Agosto de 2010, em Bissau e tornada pública pelo Conselheiro Presidencial para os Assuntos políticos e Diplomáticos, Eng.º Soares Sambu. 

Tinha sido anunciada a concordância entre autoridades políticas e militares presentes na reunião do Conselho de Defesa Nacional com o princípio da ida de uma Força Internacional de Estabilização para a Guiné-Bissau, sem no entanto, dar-se a conhecer qualquer detalhe específico sobre essa Força.

Obviamente que, tratando-se de um assunto abordado em períodos conturbados, de crise político-militar na Guiné-Bissau, mas sempre com um NÃO das autoridades do país e da maioria dos partidos políticos, estava-se perante uma nova realidade, porém, suspeita, na forma como foi anunciada.

Reunir o Conselho de Defesa Nacional e depois da reunião anunciar de imediato a concordância de um assunto que sempre foi delicado abordar entre os guineenses, foi um  erro!

O Presidente da República poderia reunir o Conselho de Defesa Nacional, transmitir as preocupações e sugestões da Comunidade Internacional, auscultar opiniões dos presentes na reunião que, por terem necessariamente que levar o assunto da reunião para discussão e avaliação nos órgãos institucionais que representam, agendar uma nova reunião de consulta e avaliação.

De igual modo, o Presidente da República deveria receber os partidos políticos com ou sem assento parlamentar, assim como a Sociedade Civil e dar-lhes a conhecer o teor da abordagem tida na reunião do Conselho de Defesa Nacional, auscultar opiniões e agendar nova audiência para conhecer as sensibilidades político-sociais sobre a ida de uma Força Internacional de Estabilização para a Guiné-Bissau.

A Comunicação Social não deveria ficar de fora de um conjunto de imperativos legais necessários para o suporte de qualquer decisão que viesse ou que vier a ser tomada em definitivo sobre a ida ou não de uma Força Internacional de Estabilização para a Guiné-Bissau.

Na minha opinião, o Presidente da República falhou por não ter abordado a questão com os partidos políticos e com a Sociedade Civil, mas principalmente, por ter "legitimado" através do seu Conselheiro Soares Sambu, a concordância das autoridades políticas e militares da Guiné-Bissau  com o princípio da ida de uma força de estabilização para a Guiné-Bissau.

O Conselho de Defesa Nacional, na comunicação à imprensa, feita pelo Conselheiro Presidencial Soares Sambu, deveria ser claro (não foi), na distinção entre:

1 - A concordância que se impunha para a receptividade/disponibilidade da análise e avaliação à solicitação/sugestão da Comunidade Internacional, o que equivaleria dizer que, estaria tudo em aberto e teriam que ser seguidos todos os procedimentos legais e constitucionais para a tomada de qualquer decisão sobre o assunto;

2 -  A concordância imediata (sem suportes legais e constitucionais) do princípio da ida de uma Força Multinacional para a Guiné-Bissau, como se de um dado adquirido se tratasse, quando na verdade, não compete ao Conselho de Defesa Nacional decidir sobre a matéria.

De pronto e pelo que tomaram conhecimento (apenas) através da Comunicação Social, alguns partidos políticos reagiram negativamente à eventual ida de uma Força Multinacional à Guiné-Bissau, reacção que considero normal, pois não foram tidos em consideração pelo Presidente da República que deveria, primeiro, reunir todas as entidades com peso político, militar e social do país, ouvir todas as sensibilidades e só depois dar a conhecer publicamente a questão, não se perdendo nada se fosse através de um discurso à Nação, para que o povo soubesse também e pela boca do Presidente da República, pormenores de uma abordagem tão complexa e delicada.

Por via de inúmeras insinuações que se começaram a fazer no país sobre a questão da Força Multinacional, a 06 de Agosto, o Presidente da República delegou no seu Porta-Voz oficial, Agnelo Regalla, a missão de esclarecer que: "o que está em causa é uma missão de estabilização e não uma força militar."

Esclarecimento demonstrativo da falha do Presidente da República quando delegou o Conselheiro Presidencial Soares Sambu a comunicação da reunião do Conselho de Defesa Nacional, sem antes auscultar partidos políticos e Sociedade Civil, por exemplo.

Desde então, tem havido uma série de contradições sobre a Força ou Missão em si e sobre quem está realmente a coordenar o processo da ida ou não dessa Força/Missão para a Guiné-Bissau, sendo que começa a ser notório 2 campos de interesses distintos na matéria: A Presidência da República, que inicialmente avançou com a questão e, o Governo, que depois de um primeiro posicionamento na linha do posicionamento do Presidente da República, tem hoje outra visão, posicionamento e estratégia sobre o assunto, mas por interesses óbvios, que nada têm a ver com interesses da Guiné-Bissau!

Brevemente o 2º capítulo

Guiné-Bissau: O que está em causa é uma missão de estabilização e não uma força, esclarece Presidência

Bissau, 06 ago (Lusa) -- A Presidência da Guiné-Bissau esclareceu hoje que o país está analisar a receção não de uma força militar mas de uma missão de estabilização, de acordo com as recomendações da comunidade internacional.

Em conferência de imprensa, o porta-voz oficial da presidência guineense, Agnelo Regalla, afirmou que, contrariamente ao que se tem dito, não se trata de uma força de estabilização mas sim uma missão que deverá ter peritos militares e civis cuja ideia é ajudar a monitorar o processo de reforma do setor de Defesa e Segurança.

Segundo Agnelo Regalla, a vinda dessa missão, ainda em análise através de um debate iniciado pelo Presidente Malam Bacai Sanhá, terá como finalidade essencial "o apoio e a credibilização" do processo de reforma no setor de Defesa e Segurança e a "monitoramento ao processo de recrutamento e formação de novos mancebos".

Fonte: http://aeiou.expresso.pt/guine-bissau-o-que-esta-em-causa-e-uma-missao-de-estabilizacao-e-nao-uma-forca-esclarece-presidencia=f597966

 

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