SEGREDOS DE ESTADO OU UM ESTADO DE SEGREDOS

 

 

Gustavo Gomes

gustavo.gomes69@gmail.com

30.08.2010

 Gustavo GomesCom alarde na área petrolífera, foi no passado dia 16 de Agosto 2010, anunciado que a empresa ARKeX,  está contratada pela SVENSKA (empresa petrolífera sueca), para realizar pesquisas de geologia de subsolo, no bloco 2 marítimo da  Guiné-Bissau, usando aeronaves munidas de equipamentos de última geração de tecnologia de levantamento por gradiometria gravitacional.

Este bloco 2 licenciado à SVENSKA, inclui a área de Sinapa, onde foram descobertas jazidas petrolíferas,  estimadas produzir 240 milhões de barris e, os blocos 4A e 5A.

A SVENSKA – Exploração Petrolífera, é uma empresa privada sueca do segmento de exploração e produção de petróleo e gás, a nível mundial. No presente, exerce actividades em Angola, Costa do Marfim, Guiné Bissau, Congo, no Mar Báltico e na Noruega. As operações são baseadas em Estocolmo, Oslo e Londres. A companhia é 100%  de propriedade da PETROSWEDE, que por sua vez pertence ao sheik Mohammed H. Al-Amoudi, um dos maiores investidores privados da Suécia, de origem etíope (mãe etíope e pai saudita), o 43º individuo mais rico do mundo, renda estimada em 10 mil milhões de dólares segundo a Forbes/2009, que o coloca como 2º. mais rico da Arábia Saudita, atrás apenas do Principe Saudita Alwaleed Bin Talal Alsaud.

Também estão presentes na Guiné-Bissau, as empresas sul Africanas MTN (telecomunicações) e ENGEN (distribuição de combustíveis), junto com empresas Portuguesas (de construção, géneros alimentares), Brasileiras (construção), Angolanas (mineração, portos, logística), suecos (exploração de minérios). O mundo financeiro sabe que a China e Índia projectam incrementar seus investimentos no continente Africano.

Estranhamente não há divulgação “transparente” destes “negócios”.

Afinal, reconheçamos, seriam alavancadores de confiança para outras parcerias de investimentos e um alento para a combalida auto-estima e falta de oportunidades de emprego do povo guineense.

No entanto, não se compreende porquê os governantes da Guiné-Bissau continuam a eterna e inaceitável desculpa de que são negócios “secretos”!

Qualquer um de nós pode tomar conhecimento dos principais termos destes contratos, ao visitar a web página dessas empresas, e ademais, na mesma internet, saber da vida pregressa dos dirigentes dessas empresas.

Qualquer um de nós pode tomar conhecimento de relatórios de outras empresas que classificam a Guiné com boas oportunidades para negócios, mas descartam esta possibilidade face à falta de clareza das regras no ambiente económico financeiro (sofisma para corrupção), instabilidade politico militar (sofisma para instituições soberanas (executivo, legislativo e judiciário) frágeis) e indefinição de rumo quanto a áreas prioritárias para investimento (sofisma para existência de tráfico de drogas).

Existirá na Guiné, aquilo que se comenta nas esquinas, nas ruas, cafés e poilões, de que existe um “Estado de Segredos”, na “escolha” dos vencedores das “concessões”?  Será que NÃO são minuciosamente documentadas as atas e reuniões das negociações? Será que NÃO passam por todos os órgãos de soberania para cada um se pronunciar com relação à duração da concessão, e se os termos contratuais contemplam vantagens para o País? Será que nos casos de levantamento e pesquisas, seus resultados NÃO pertencem à Guiné-Bissau, MAS o detentor da concessão pode privilegiar-se das informações colhidas? Nos casos de organizações não governamentais seus projectos e custos são aprovados? Será que NÃO se pressiona nem se determina ao Judiciário celeridade no julgamento de assassinatos políticos?

Com base ao informado no último relatório da ONU, pergunta-se, quais foram as “empresas” e os “empresários”, guineenses beneficiados com indenização de guerra no valor de 70 milhões de dólares? Foi condicionado que apresentassem o reinvestimento desse valor e consequente impacto na geração de empregos e arrecadação de impostos?

Será que há criteriosa transparência nas concessões que envolvem a exploração de nossa riqueza piscatória, riqueza agrícola do solo, riqueza turística devido ao clima, praias, paisagens, fauna e flora. Riqueza de tipos de madeira, o 2º. lugar mundial em volume de exportações de cajú. Toda essa riqueza está indo para onde? Quais explicações nos oferece o governo para que continuemos dependentes financeiramente?

Lembram-se que, para aceitar uma eventual força de Estabilização da ONU, os membros de nosso governo foram taxativos em exigir tramitação por todos os órgãos de soberania de acordo com as “transparentes” normas legais vigentes ?

Será que o mesmo se exige das negociatas ilícitas, perdão, dos negócios?

O 1º. Ministro Carlos Gomes fez recente visita à Africa do Sul, para negociar acordos de cooperação, foi o divulgado. O Presidente da República, Malam Bacai, fez recente visita ao Brasil, também para negociar acordos de cooperação. Será que Malam Bacai questionou as autoridades brasileiras ou pediu cooperação nas investigações sobre supostos bens e investimentos que se alega Nino Vieira tinha com o embaixador da Guiné Bissau no Rio de Janeiro?

Ao contrário do que afirmam as autoridades da Guiné, podemos constatar que somos um País rico. Infelizmente rico, apena para os que estão na esfera das negociatas (perdão novamente) digo esfera dos negócios e que por isso podem ostentar poder e riqueza, enquanto a maioria do povo se questiona como nosso País que já foi celeiro de arroz, hoje importa esse produto? Como um país que tanto há a fazer na infra-estrutura (construção de estradas, de casas, de escolas, de cadeias, etc) tem seus desempregados numa ávida luta para emigrarem em busca de trabalho? Como um País que desde sua independência tem enviado seus jovens ao sacrifício de estudarem  no exterior e depois não lhes garante ocupação condigna no regresso ao País? Como uma Nação de tanta riqueza, amarga governantes pedintes?

São perguntas à espera de respostas esclarecedoras, coerentes e  condignas.


PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Associação Guiné-Bissau CONTRIBUTO

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