"SANGUE" GUINEENSE E OMISSÕES TENDENCIOSAS, A LUTA PELO PODER E PELA AFIRMAÇÃO NO DIRIGISMO DO PAIGC

 

 

VEJA O VÍDEO E FICARÁ A SABER MAIS E MELHOR SOBRE QUESTÕES DA ÁREA DAS CIÊNCIAS SOCIAIS. NÃO SE DEIXE ENGANAR, POIS SER GUINEENSE, NÃO É SINÓNIMO DE TER OUTRO TIPO DE SANGUE QUE NÃO O SANGUE QUE TODO E QUALQUER SER HUMANO TEM, INDEPENDENTEMENTE DA COR DA PELE OU SEXO.

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinhocasimiro@gmail.com

15.12.2011

Fernando Casimiro (Didinho)Li hoje no http://ditaduradoconsenso.blogspot.com/ algumas transcrições do livro com o título de "Testemunho", da autoria de Filinto Barros, recentemente falecido e cuja apresentação coube a Fernando Delfim da Silva.  Não fiquei surpreendido com o conteúdo partilhado, ou não fosse uma rotina, a eterna questão para uns tantos guineenses, de quem é guineense puro e, numa nova abordagem ou perspectiva, segundo o "testemunho" do intelectual Filinto de Barros (ele sim, guineense puro ou portador de um ADN característico/uno, que define o cidadão guineense), não basta que o indivíduo nasça na Guiné-Bissau para ser considerado guineense. Tem que ter também sangue guineense...

Ao fazer referências sobre o estatuto de cidadão em relação a Luís Cabral, Filinto Barros atacou igualmente Amilcar Cabral e tantos guineenses gerados pela condição da naturalidade ainda que, não sendo descendentes de pais nascidos no território da antiga Guiné Portuguesa, bem como os que, fruto das implicações da presença colonial e não só, são mestiços.

É deste tipo de intelectuais, que dividem e confundem, o (mesmo) povo, fomentando o ódio, que o país precisa?!

Dizer que Luís Cabral foi o principal responsável pelo golpe de Estado de 14 de Novembro, pelas intrigas que fazia, é realmente de uma tremenda injustiça. O tempo pós 14 de Novembro demonstrou ou não quem era o maior de todos os intriguistas na Guiné-Bissau?

Gostaria que um dia, os guineenses pudessem ler "A FUGA DE NHOMA" um trabalho do antropólogo guineense Eduíno Sanca, com testemunhos do antes e depois do golpe de estado de 14 de Novembro de 1980, para que cada um tire de uma vez por todas as conclusões sobre o que realmente aconteceu e como aconteceu. O trabalho não foi (ainda) publicado em livro, poucos tiveram acesso a ele, mas espero que o autor consiga publicá-lo a bem da verdade!

Não estou aqui para atacar quem já não me poderá responder, mas em 2006, Filinto Barros insurgiu-se contra um artigo de opinião que escrevi e recebeu da minha parte a resposta merecida. Hoje, gostaria de perguntar ao Dr. Fernando Delfim da Silva, na qualidade de apresentador do livro de Filinto Barros, se ele também acha que há um tipo de sangue que caracteriza o cidadão guineense e, já agora, que me diga se ele também tem esse sangue...

Acho bem, que meias verdades publicadas neste livro sirvam para debater a fundo outras questões de interesse nacional e não se fique apenas pela argumentação de que quem escreveu o livro não está mais de vida e, por isso, ninguém pode responder por ele.

Quando Filinto Barros fala do caso Dicol/Petromar, é evidente o seu posicionamento tendencioso de atacar Carlos Gomes Jr.

Identificado o corrupto, seria difícil descobrir o corruptor?

Haverá alguém à época, que desconhecesse a relação de proximidade entre o ex-Presidente João Bernardo "Nino" Vieira e o seu "testa de ferro" Carlos Gomes Jr. "Cadogo"?

Se Filinto Barros na qualidade de Ministro da tutela sabia todos os detalhes das operações financeiras, como é que não sabia quem dava ordens para essas movimentações financeiras que dá a conhecer?!

Quem mandava no país, a título absoluto?!

Por que não colocou o problema ao Presidente da República de então, João Bernardo Vieira, já que ele, Filinto Barros era seu Ministro?!

De quem tinha medo Filinto Barros?!

Será que também foi Luís Cabral quem nomeou Carlos Gomes Jr. para Director-Geral da Dicol?

Claro que foi o ex-Presidente João Bernardo "Nino" Vieira!

Quem foi que mandou prender um seu primo "T. Gama." (quadro da Dicol), que descobriu as vigarices que estavam a ser feitas na Dicol por Carlos Gomes Jr., por solicitação deste?!

Foi o próprio ex-Presidente Nino Vieira e pode ser provado!

Quem foi que traiu um tio "A. Vieira"que na altura era trabalhador da casa "Salgado &Tomé" em Bissau, até hoje sede da Petromar, depois deste lhe ter pedido ajuda para comprar a loja, na qualidade de trabalhador mais antigo e porque os donos, portugueses, tinham decidido vender a loja e regressar a Portugal?

Foi o ex-Presidente João Bernardo "Nino" Vieira, que comprou todo o edifício da antiga casa "Salgado & Tomé, onde ainda hoje é a sede da Petromar, deixando o tio a "ver navios"... Pode ser provado!

Afinal, há ou não envolvimento de Nino Vieira no caso Dicol/Petromar?

Prometo voltar a este assunto assim que receber o livro e depois da sua leitura e análise completa.

Entristece-me ver que alguns que estão incluídos no lote de "guineenses do faz de conta", ou seja aqueles como eu, que se diz, não terem "sangue guineense" ou não serem "guineense puro", ainda mostrarem regozijo por reflexões de mentes doentias, recheadas de ignorância em matérias tais como Cultura e Identidade.

A INDIFERENÇA QUE VAI FAZENDO A DIFERENÇA 21.08.2006

DOIS DEDOS DE CONVERSA COM FILINTO DE BARROS 25.08.2006

POLITICAMENTE INCOMPETENTE 28.08.2006

QUANTO MAIS TE ABRES MAIS TE ENTERRAS 01.09.2006

O ÓDIO A AMILCAR LOPES CABRAL (2) 23.01.2011

O ÓDIO A AMILCAR LOPES CABRAL 21.01.2011

A MESTIÇAGEM, OU O VERDADEIRO CONCEITO DO QUE VENHO DEFININDO COMO A GLOBALIZAÇÃO NA VERTENTE HUMANA 31.01.2009

 

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PREFÁCIO

Vou tentar aproveitar a entrevista... "Testemunho" é uma colectânea de 4 textos, onde dou a conhecer a maneira e a percepção que tive dos acontecimentos em que fui interveniente. Como todas as obras do género, elas são polémicas, por inconclusivas.
Portanto aguardo de todos contribuições altivas por mais polémicas que possam ser. Isto só ajudará o nosso país e cidadãos a ficarem mais esclarecidos.


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Quinta-feira, 15 de Dezembro de 2011

2 - «Testemunho» de Filinto Barros: Como a DICOL passou das mãos do Estado para as do actual primeiro-ministro Carlos Gomes Jr.? Assim:

FILINTO-CADOGO

A Dicol, o Carlos Gomes Jr., e,... Angola

Esta empresa era puramente comercial e não fazia parte do parque industrial, mas sim da tutela energética. (...) Empresa mista com capitais públicos guineenses e portugueses, a Dicol detinha o monopólio do comércio dos combustíveis líquidos no país. Em princípio não devia falar desta empresa, dado que tinha todas as condições de viabilidade, por actuar monopolisticamente numa área comercial e com garantia do Banco Central em termos de fornecimento de divisas.

Infelizmente a realidade era outra! A unidade era mesmo deficitária, com dívidas bastante elevadas. Quando deixei o Ministério, o país devia a Angola cerca de 17 milhões de dólares por não pagamento dos cumbustíveis fornecidos e a Dicol tinha uma dívida de cerca de 20 milhões de dólares ao banco! Por outro lado, a mesma Dicol detinha um crédito de elevado montante sobre terceiros na praça, acontecendo no entanto que uma boa parte desse crédito era de cobrança duvidosa e mais, não cobrava juros aos devedores, quando por sua vez e via a banca depositar juros sobre os seus débitos!

Com uma estrutura financeira do género e aliado à inflacção deslizante, o preço do combustível era alterado de três em três meses. Todos os anos, a empresa fazia provisões orçamentais sobre a liquidação das dívidas o que estava na origem da pressão sobre os preços, mas não me lembro da Dicol ter honrado os seus compromissos. Isto fez com que houvesse fricção entre a tutela e a direcção da empresa, sobre a justificação da necessidade dos aumentos dos preços periódicos, facto que influenciava negativamente a evolução da taxa de inflação interna.

Acontece que a direcção da empresa tinha muitos ‘apoios’, pelo que se tornou difícil exigir uma gestão racional. Tanto o sector da banca como o das Finanças, davam ‘apoios’ exagerados à empresa! Ainda me lembro duma operação incrível, em que foi transferido para a responsabilidade do Tesouro Público, uma dívida de cerca de 12 milhões de dólares que a Dicol tinha com o Banco Central, permitindo assim ‘limpar’ a situação da empresa e torná-la elegível para um novo endividamento!!!

Tudo isto contra a minha posição de ministro da tutela (...) Isto só tinha explicação na gestão danosa da empresa com o conluio da parte portuguesa, que tinha um administrador a nível financeiro a trabalhar na empresa e cujos relatórios anuais do Conselho de Administração eram sempre de elogios. O culminar da gestão danosa veio com a abertura do sector do combustível ao sector privado, sob pressão do Banco Mundial.

(...) Imediatamente surgiu uma empresa privada - NOTA: a empresa chama-se PETROMAR, cujo dono é o actual primeiro-ministro, Carlos Gomes Jr. - com capitais mistos formados pela parte portuguesa, sócia na Dicol, e pelo director cessante da Dicol!!!

Como explicar que o gestor duma empresa pública abandone a empresa para ir operar no mesmo domínio, através duma sua empresa? Sobretudo quando a Dicol detinha à partida todas as condições de concorrer e obter esse novo mercado offshore, devido aos depósitos em terra e ao porto de acostagem, acabado de construir sem obedecer as regras de transparência pela empresa Soares da Costa, que, para cúmulo, acabou ficando a dever cerca de 1milhão e meio de dólares à empresa!!

Como explicar a posicao da socia portuguesa? Dir-me-ao que se tratou duma operacao para contornar a recusa do governo em privatizar o sector! Mas a parte portuguesa era publica (PETROGAL) e nao privada!! A "febre" de privatizar por privatizar do Banco Mundial era so para a Guine-Bissau e nao para Portugal!!!


Continua
 



Pós 14 de novembro

Por mais volta que queiramos dar, Luis Cabral é um caboverdeano de origem e não devia ocupar o cargo de Presidente (da Guiné-Bissau). O nacionalismo guineense saiu muito confundido com este figurino! Era patente para todos que ninguém lutou para substituir o português pelo caboverdiano

(...) Num outro figurino, um figurino federalista Luis Cabral teria toda a legitimidade de exercer esse cargo. Mas havendo dois Estados separados, o lugar dele na Guiné-Bissau não podia ser o de Presidente! Não vale a pena perder tempo para encontrar documentos que atestam o local de nascimento! Aqui não se trata do jus solo, mas do jus sangue

(...) Se há um responsável pelo golpe (de 14 de novembro), Luis Cabral deve ser apontado, pelo ambiente de intrigas que implantou, tentando inverter as hierarquias saídas da luta

(...) O primeiro sinal veio do III Congresso, onde a Direcção Superior surgiu com oito elementos em vez dos quatro. Nada haveria de assinalar não fosse o facto que dos quatro anteriores, dois continuaram a estar destacado dos demais: secretário-geral e secretário-geral adjunto. Os outros dois, Chico Mendes e 'Nino' Vieira, foram na prática diluídos nos restantes seis! Uma forma inteligente de despromover alguém, fazendo subir os seus inferiores hierárquicos até aqui!

(...) Questionado, a Direcção, pela boca do Luis Cabral, explicou que isso se devia ao facto do Pedro Pires estar a exercer o cargo de primeiro-ministro em Cabo Verde! Ninguém se convenceu com esta explicação extemporânea, tendo ficado claro para todos nós que o alvo era o 'Nino' Vieira. Aristides Pereira estava presente e nada fez para contrariar as 'manobras' do seu adjunto. Pedro Pires, igualmente nada fez para recusar uma medida que na prática iria aumentar o seu prestígio em nada. Esta acção foi muito má e a meu ver esteve na origem da crispação do 'Nino' e dos seus próximos. Ora, 'Nino' detinha na prática todo o comando das forças armadas, não só junto das bases como no seio dos oficiais superiores e intermédios, mesmo que estupidamente estes últimos tenham sido afastados após o 'golpe'.

Continua

 

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Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Didinho

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