A SAÚDE DOS GUINEENSES NA GUINÉ E NA DIÁSPORA

Prof. Joaquim Tavares

Prof. Joaquim Silva Tavares (Djoca)

joaquim.tavares15@gmail.com

12.02.2011

 

RESSUSCITAÇÃO CARDIORESPIRATÓRIA

 

Cada 3 a 5 anos, a Associação Americana de Cardiologia (American Heart Association - AHA), publica novas recomendações com o objectivo de melhorar os resultados e assim tornar mais efectivas as manobras de Ressuscitação cardiorespiratória. Qualquer trabalhador na área de Saúde (médico, enfermeiro e paramédico) é obrigado a renovar a cada dois anos o cartão de provedor de Ressuscitação cardiorespiratória (CPR); Sem esse cartão, é difícil ou impossível ser-se contratado pelos Hospitais.

A taxa de mortalidade após paragem cardíaca é ainda muito alta (90% a 93% para paragens cardíacas fora dos Hospitais e 82% a 86% para paragens cardíacas em pacientes hospitalizados).

Em Novembro do ano passado, a AHA, através da revista “Circulation”, publicou novas recomendações, resultantes de vários trabalhos de investigação, com o propósito de tentar melhorar este panorama. (Para os que estiverem interessados em aprofundar mais os seus conhecimentos, podem consultar: Circulation 2010;122;S640-S656).

Para os que não são familiares com a Ressuscitação cardiorespiratória, há 2 componentes essenciais:

1 - BLS (Basic Life Support) - Suporte Básico de Vida que é mandatório para qualquer trabalhador na área de Saúde (não só os acima citados, mas também, auxiliares de saúde, maqueiros, secretárias, etc.).

2 - ACLS (Advanced Cardiovascular Life Support).

 

A - Recomendações de Suporte Básico de Vida para 2010 e futuro

 

Simplificou-se o algoritmo do BLS (Suporte Básico de Vida) e o tradicional “olhar”, ”ouvir” e “sentir”(look, listen and feel) foi removido do algoritmo. O novo Guideline recomenda:

1 - Activar de imediato os serviços de emergência médica (nos EUA: 911,

em Portugal: 112);

2 - Começar compressões cardíacas; Isto em qualquer pessoa inconsciente, sem respiração ou com respiração agonal.

Encorajar “somente compressões para o ressuscitador não profissional (porque com o decorrer dos anos, por medo de obtenção de doenças contagiosas, a maioria das pessoas tinha medo de iniciar a ressuscitação cardiorespiratória).

Em vez do até agora tradicional ABC (Airway <vias aéreas>, Breathing <respiração>, Chest <coração>), agora recomenda-se: CAB (coração, vias aéreas e respiração).

As compressões cardíacas podem ser iniciadas imediatamente com 30 compressões (dantes, com o posicionar da cabeça da vítima, colocar boca com boca para fazer um bom selo para ajudar a vítima a obter ar, perdia-se também muito tempo); Estudos recentes têm estado a comprovar que o ser humano tem reserva suficiente de oxigénio para esperar pelo menos 2 minutos, e o factor mais importante para a sobrevivência é uma boa compressão cardíaca.

A técnica de compressão mudou um pouco: em vez da força da compressão ser de 1 and ½ inches (3.81 cm), passa a ser de 2 inches (5cm).

Minimizar as interrupções para verificar a pulsação, o que pode levar à perda de preciosos segundos.

Terapias eléctricas: Com a proliferação dos AED (desfibrilhadores externos automáticos) nos lugares públicos, qualquer pessoa com mínimo treino, lendo as instruções, pode usar estes desfibrilhadores e ajudar a salvar vidas. Deve-se desfibrilhar o mais cedo possível, para melhorar as chances de sobrevivência.

A descarga inicial deve ser de 200 a 360 joules.

 

B - Recomendações de ACLS (Suporte cardiovascular avançado)

 

As recomendações continuam a dar ênfase na noção de que o sucesso de um bom suporte avançado de vida baseia-se num bom suporte básico (boa técnica de compressão cardíaca, desfibrillhação da fibrilhação ou taquicardia ventricular quanto mais depressa melhor.

Uma nova recomendação (Classe 1) é do uso da capnografia (quantitativa) para confirmação e monitorização da colocação correcta do tubo endotraqueal.

A atropina já não é recomendada para situações de asistolia e actividade eléctrica sem pulso (PEA - pulseless electrical activity).

 

C - Cuidados após a ressuscitação

 

Não menos importante, é o período após a manobra de ressuscitação (quando se salva uma vida, o objectivo será de tentar que essa pessoa tenha uma qualidade de vida normal ou próxima do normal. Para isto, necessitamos:

 

1 - Optimizar a função cardiorespiratória e perfusão dos órgãos vitais.

2 - Transporte do doente para um centro apropriado.

3 - Identificação e tratamento dos sindromas coronários agudos (exemplo: infarto do miocárdio).

4 - Controlo de temperatura (hipotermia - de que falamos anteriormente).

5 - Antecipação, tratamento e prevenção de disfunção múltipla dos órgãos.

 

Há quem chegue ao ponto de dizer que o tratamento óptimo da paragem cardio-respiratória se resume nos 4 C (quatro ces):

1 - Cardioversão/Desfibrilhação

2 - CCR (ressuscitação cardiocerebral)

3 - Cooling (arrefecimento ou tratamento hipotérmico)

4 - Catheterization (cateterização cardíaca)

 

Joaquim Silva Tavares, MD, FACP, FCCP, FAASM


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