RESPONDENDO A UMA ACUSAÇÃO

 

 

 

Nota do editor: A resposta de Sidónio Pais a um comentário inserido por alguém com o pseudónimo de Bulidur, publicado na secção de comentários do Espaço Cultural, foi-me enviada na madrugada do dia 02.03.2009, sendo que a mesma teria sido escrita a 1 de Março. Esta referência às datas tem a ver com o conteúdo da resposta do Sidónio, que na altura em que escreveu este texto, jamais sonhara que a Guiné vivesse momentos conturbados a 1 e 2 de Março, que culminariam na morte de Tagme Na Waie e de Nino Vieira, de quem Sidónio sempre se considerou amigo.

Recordo-me das ameaças de morte de que fui vítima a 25 de Janeiro passado, para dizer que o Sidónio fez questão de me telefonar 2 dias depois, manifestando solidariedade, mas também, dizendo-me que tinha Nino Vieira como seu grande amigo, pese embora as intrigas terem destruído essa amizade...

Quero dizer com isto que o Sidónio nunca negou a sua relação de amizade com Nino Vieira e eu nunca o condenei por isso.

Entretanto, face aos acontecimentos de 1 e 2 de Março, resolvi adiar a publicação desta resposta, tendo dado a conhecer isso ao Sidónio, que aliás, compreendeu perfeitamente, sem que tivesse pedido para mudar uma vírgula que fosse, ao conteúdo anteriormente enviado e depois de ter ficado a saber da morte do seu amigo Nino Vieira.

 

Didinho

didinho@sapo.pt

 

15.03.2009

 

 

 

 

Sidónio Pais

 

sidonio.quaresma@wanadoo.fr

 

Seg. 02-03-2009 05:49

 

 

 

 

27.02.2009 22:53, bulidur from g bissau E-Mail:
O MEU COMENTARIO A RESPEITO DO ALBUN DE SIDONIO E QUE ELE E UM DOS MELHORES NA GUINE,MAS SO QUE ESTRAGOU A SUA CARREIRA AQUANDO DAQUELA CONFUSAO EM BISSAU ONDE ELE TAVA IMPLICADO NUMAS CENAS DE CRIME ONDE TAVA FECHADO NA SEGUNDA ESQUADRA E FOI LIBERTADO PARA FACILITAR A SUA IDA PARA FRANÇA DIZENDO QUE ELE ESCAPOU.ACHO QUE HA PESSOAS QUE SABEM MAIS DO QUE EU DESSE ASSUNTO.ERA BRAÇO DIREITO DO NINO.

 

 

 

 

 

 

 

Sidónio PaisPor mais paradoxal que vos possa parecer, quero agradecer a este interveniente intitulado BULIDUR, que deixou um comentário no Espaço Cultural,  pela oportunidade que me dá de falar de um dos rumores mais vergonhosos que o nosso país e comunidade foram vítimas.

 

O facto de o BULIDUR não ser uma pessoa nem física (civilmente falando) nem  moral (juridicamente falando), vai me permitir falar a toda a nossa comunidade com fundamentos, pois estarei respondendo a uma « acusação ».

Imagino que este acto possa abrir cicatrizes que os familiares da vítima já fecharam, mas penso que, sendo elas pessoas dignas, fortes e cívicas, saberão compreendê-lo. Por conseguinte, não me vou dirigir ao BULIDUR mas à opinião e aos leitores activos deste site, tão frequentado pelo mundo fora.

 

Meu caro público e fãs, caros compatriotas e visitantes, eu Sidó « de Capa Negra » (Sidónio Pais do Vale Quaresma) nunca estive preso nem na Guiné-Bissau, nem em Portugal, nem em França aonde vivo, nem em nenhuma parte do mundo por onde já passei, promovendo a boa imagem da nossa Pátria amada. Nem por um simples delito ou infracção ao código da estrada (pois tenho carta de condução desde 1974) e muito menos por crime. Aliás, apesar das dificuldades vincendas das nossas administrações, tanto as prisões civis como militares, têm actas das entradas e saídas dos prisioneiros. Meu nome não aparecerá nem por ontem, nem por hoje, e assumo a responsabilidade de dizer que também não aparecerá amanhã enquanto os factos continuarem a ser os fundamentos das acusações e decisões de justiça. Os sucessivos Ministros do Interior, Procuradores da República e Directores-Gerais de todas as polícias, assim como os diversos governos, são testemunhas silenciosas da minha inocência e compreendem a minha mágoa.

Infelizmente o nosso país não dispõe de um instrumento jurídico que permita a qualquer indivíduo fazer QUEIXA contra X, por difamação. Senão, já há muito que o teria feito e por uma questão de protecção dos nossos valores.

Penso que não devemos deixar instalar a tendência que faz hoje de um guineense um ícone (celebridade) e, amanhã, o pior de todos os criminosos…

Caros irmãos, sou realmente um cidadão exemplar porque vocês aplaudiram e encorajaram a minha carreira musical. Estou apaixonado e convicto de que a vossa admiração por mim, vale mais do que tudo. Não preciso de nada mais do que o vosso afecto. Continuarei a lutar para que o bom nome da Guiné-Bissau ecoe no mundo.

 

Por outro lado, eu me considero amigo do NINO mas não sei se ele me considera seu tão amigo. Gostaria imenso de ser um dos seus homens de confiança mas, infelizmente para mim, nunca o fui e penso que já não o serei, contrariamente ao que foi dito. Como sabem, a nossa boa relação com o nosso ilustre combatente, comandante e Presidente NINO, reconfirmada aquando da canção de apoio para a campanha presidencial de 1994 (BUNA VOTA e PRESI), foi ferida e paralizada pelos rumores de um punhado de maus e malvados guineenses.

Entristece-me esta quebra estúpida de energias de que nosso país e cidadãos necessitam tanto. Eu penso que estando na sua corte, tenho a íntima convicção que poderia ser de outros conselhos de interesse geral e nacional, de que a nossa Cultura poderia tirar o melhor benefício. Acho que NINO tem estima por mim mas, yâgu ku darma na tchom, na tchom kita fica…

 

 

 

PORMENORES

Na altura do acontecimento que provocou os rumores, eu estava realmente em Bissau e assisti ao enterro em companhia de amigos da elite guineense (entre os quais: Augusto Braima Sané e esposa Helena, o Cadogo, o Benante, o Caramó Camará, etc.).

Voltei para França e foi só semanas depois que um dos meus irmãos me telefonou para me informar do dito rumor que circulava em Bissau e que eu ignorava.

Liguei imediatamente para o meu melhor amigo de todos os tempos, o saudoso Augusto Braima Sané (que Deus lhe dê descanso no céu) e perguntei-lhe se me confirmava os rumores que o meu irmão me comunicou. Disse que sim, mas que várias foram as pessoas vítimas desses rumores e que eu não tinha nenhuma razão para me preocupar com isso. Para mais, aliviou-me dizendo que outros amigos meus já tinham intervido nas antenas para limparem o meu bom nome.

 

Paralelamente a este contacto, enviei imediatamente uma carta manuscrita ao então Procurador-Geral da República, Dr. Amine SAAD, a quem perguntei se o Ministério Público tinha alguma carga contra a minha pessoa neste assunto, dizendo-lhe também que se fosse o caso, colocava-me imediatamente à inteira disposição da justiça. Evidentemente  que a resposta foi negativa e com sorriso, O Dr. Amine SAAD informou-me dos rumores, e disse-me que os peritos da polícia e da justiça tinham o « affaire » sob controle e eu não estava nem de longe nem de perto na trajectória deles.

Também fiz a mesma coisa em direcção aos partidos políticos com a finalidade de dizer-lhes que não só estava inocente e muito magoado, mas que se esse rumor nasceu no seio político, isso seria muito prejudicial para este corpo, pois é com a política que pretendemos construir a nossa Nação e utilizei a metáfora seguinte:

KA NÔ CUMPO NÔ CASSA KU MADERA PÔDRE SI KA SIM, I NA CAI ANTES DI FIRMA.

Desloquei-me à Guiné, dei espectáculos e entrevistas nas antenas das rádios nacionais e estrangeiras, mas sem nunca falar do rumor em questão. O objectivo foi de tacitamente mostar à opinião pública que não só não estava na prisão, como também continuava fazendo as minhas digressões musicais.

 

Como já disse numa das minhas canções:

TUDO MANERA Y ES KI VIDA
YKA TEM MAL SIN SI BEM
TUDO KUSSA TEM SI PAR
BEM KU MAL KUTA YANDA DJUNTO
NÔ DÂ TEMPO SÕ SI TEMPO

NOTA ODJA BEM DE MAL
 

Como diz o Didinho vamos continuar a trabalhar!

 

Vosso sempre

 

Sidó

 

 

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