« Vivi a experiência vitoriosa de um regime revolucionário que tinha por ambição mudar o mundo. De uma maneira, isso surgia como uma viagem para fora deste mundo. O projeto falhou. Há quem pense que isso sucedeu por traição. Acredito que essa explicação é muito simplista. Houve traições, sim, mas elas não explicam o desfecho falhado. Neste livro, está presente essa impossibilidade de renascermos do zero e da absoluta negação do que já fomos. Talvez a paixão e o amor (temos quase medo da palavra « amor ») sejam a única possibilidade de nos reinventarmos no tempo que nos foi dado viver »
* Palavras de Mia Couto em entrevista ao jornal « O Estado de S.Paulo» em 25/06/2009
Por: EL KADY
orfeus@rogers.com
01.08.2009
E nesse tempo…
me ilumino divinamente
nos teus lampiões que servem de luz clandestina e matutina
aos olhos tristes mas belos dos nossos miúdos da graxa :
No Xipamanine, na Rotunda do Musseque de Luanda ou no mercado escancarado de Bandim.
A nova ponte atravessou o rio…
mas as cicatrizes de violências sem razão não sararam os «ais» dos nossos corações.
Deixando-os abandonados e sangrando no tempo surdo e mudo dos latejos de cada soluço incógnito
e nos gargalhares sórdidos…
aquando dos funestos «entrudos».
Ergueram uma estátua mas espantaram os pássaros
descortejaram ramos plantas e árvores
fizeram chorar flores e musgo velho só para excitarem o umbigo.
Mas «Os camaradas»…
Deixaram e esqueceram-se de fora o Cão amigo
coitadinho…
para fecundar amorosamente o seu Latido Presente.
El Kady
Agosto de 2009
** À memória de Viriato da Cruz – poeta angolano
VIRIATO DA CRUZ: O HOMEM E O MITO
VIRIATO DA CRUZ
Poeta angolano, Viriato da Cruz
nasceu em 1928, em Porto Amboim, e veio a falecer em 1973, no
exílio, em Beijing (Pequim).
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