QUE NINO VIEIRA, O SR. GENERAL - PRESIDENTE, RESPONDA PELO NARCOTRÁFICO NA GUINÉ-BISSAU!

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

01.11.2007

 

Desde o regresso de Nino Vieira a Bissau, em Abril de 2004, que neste espaço www.didinho.org se tem debruçado sobre as consequências desse regresso ao país e ao poder, de alguém a quem jamais se deveria ter dado a possibilidade de se candidatar a nenhuma votação para cargos dos órgãos de soberania. (Que fique o aviso em relação ao futuro, igualmente com Kumba Yalá)!

Fomos mal interpretados, caluniados, difamados, ameaçados e confrontados até por pessoas que chegaram a mostrar-se próximas deste Projecto.

Fomos trabalhando, sensibilizando e informando guineenses e amigos da Guiné-Bissau, convictamente, de que para se chegar ao ponto de constatação das nossas insistências, era necessário, simplesmente, ter paciência, dando tempo ao tempo, qual verdadeiro juiz, de ditar a sentença.

Quem poderia contrariar, com argumentos válidos, as reflexões produzidas neste espaço e que são fruto de constatações factuais, presenciais, de vivências registadas e constantes na memória colectiva do povo guineense, quem, pergunto?

É claro que não havia, nem há argumentos válidos para contrariar os registos de denúncias e de alertas, dados a conhecer neste espaço de todos nós.

Por estes dias, em Bissau, reavivou-se o espectro de uma nova guerra!

A situação está explosiva e, imagine-se, desta vez, não é nenhum activista que relaciona as hierarquias militares com o narcotráfico.

Não é nenhum jornalista que denuncia a questão do narcotráfico, relacionando ou denunciando nomes de presumíveis traficantes.

Desta vez, trata-se simplesmente do até há umas semanas atrás, Ministro da Administração Interna, Baciro Dabó!

Que o narcotráfico iria redundar em ajustes de contas, também se alertou neste espaço, identificando-se o próprio Ex-Ministro da Administração Interna, Baciro Dabó, como um dos principais narcotraficantes, papel desempenhado com a cumplicidade do General - Presidente, Nino Vieira!

Também se falou e tem-se falado aqui neste espaço, do envolvimento de altas patentes militares no narcotráfico, altas patentes que tiveram a missão-chave de levar de regresso Nino Vieira quer ao país, quer ao poder, situação, igualmente denunciada aqui!

Hoje, mais do que nunca, Nino Vieira está completamente à mercê dos militares, mais precisamente dos chefões militares, nomeadamente, de Tagme Na Waie e de Bubo Na Tchuto, ou seja, os que Baciro Dabó chamou de “barões da droga e lacaios dos colombianos”.  
 

O mal-estar entre Baciro Dabó e a cúpula militar acentuou-se quando o ex - Ministro da Administração Interna elaborou uma informação confidencial à intenção do Primeiro-Ministro Martinho Dafa Cabi e numa outra que enviou ao Presidente senegalês Abdoulay Wade, com quem, segundo circula em Bissau, mantém laços de parentesco muito próximos, pelo lado materno, nas quais acusa o poder militar de estar a instigar uma revolta, ou mais concretamente, reportando sobre os comportamentos alegadamente desleais, insidiosos e mesmo subversivos do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. 
 

Por estranho que pareça, os nomes de Ernesto de Carvalho, Ex-Ministro do Interior no reinado de Kumba Yalá e de Hélder Proença, o ex-Ministro da Defesa do Governo do Fórum liderado por Aristides Gomes, reconhecidamente como dois “boss” do narcotráfico local, são referenciados no chamado relatório de Baciro Dabó intitulado “Informação sobre a Situação Operativa Nacional” 
 

Tagme Na Waie e os seus leais chefes militares tomaram conhecimento destas informações por intermédio de um tal Rogério Dias, que até à data da demissão de Baciro Dabó como Ministro da Administração Interna era seu Chefe de Gabinete, mas que passou todo o período das suas funções a trabalhar para o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, informando-o a par e passo de tudo quanto se passava no Gabinete do ex-Ministro da Administração Interna e ex - Conselheiro do Presidente para a Informação. 
 

Sabe-se que Tagme na Waie acompanhado dos seus mais próximos colaboradores, insultou Baciro Dabó, na presença de Nino Vieira e no gabinete de trabalho do próprio Presidente da República e exigiu a Nino Vieira a imediata demissão do ex - Ministro da Administração Interna, afirmando inclusive que foi ele quem permitiu o regresso ao país do actual Presidente da República e foram eles que o fizeram eleger como Presidente e por isso mesmo não permitiria nem admitiria a continuidade do actual Conselheiro para a Informação como tal, pelo que teria que ser imediatamente demitido.  
 

Nino Vieira, duas horas depois do ultimato de Tagme Na Waie demitiria Baciro Dabó como seu Conselheiro e deixava a conhecer, com este acto, que o verdadeiro e único líder político e militar na Guiné-Bissau é o Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas. 
 

Tagme Na Waie foi ainda mais longe, ao nomear o Major Zé Preto como novo Comandante do Batalhão Presidencial e de mandar proibir a entrada de Baciro Dabó nas instalações da Presidência da República. Este tentou ontem dia 31 de Outubro entrar nessas instalações, mas recebeu uma categórica proibição. 
 

Quais as saídas de Nino Vieira?  
 

Estas e outras sombrias interrogações começam a criar nuvens carregadas de alarmantes expectativas e de presságio de novas e ameaçadoras crises no cenário político e militar guineense, pressentindo-se um visível desassossego, com claros e conhecidos indícios de que algo de muito mau está para acontecer.  
 

Quando informações sensíveis e rotuladas de “confidencial” começam a circular de forma livre e até agressiva, isto significa que algo de muito mau está a acontecer e que os critérios de confiança vão sendo alterados, passando-se a impor a lei do mais forte, daí se questionar qual o papel ou a credibilidade de Nino Vieira enquanto Presidente da República, num país de per si fragilizado e hoje subjugado ao narcotráfico. 
 

Torna-se hoje claro que esta situação só pode beneficiar os barões do narcotráfico, pois esta desorganização e indisciplina subverte o sentido de um verdadeiro Estado de direito democrático e cria as condições para se passar a impor a lei da selva.  
 

Daí se perguntar: 
 

 

Sem se pretender dar de imediato uma resposta concludente a estas preocupações, sabe-se, pelos rumores intensos que circulam em Bissau, que uma vez mais, é o “affaire” da droga que está na crista de onda, impondo as suas regras, utilizando uma estrutura militar obsoleta e ignorante para continuar impondo as suas regras de jogo ao serviço do narcotráfico e Nino Vieira acaba assim por cair numa cilada que ele mesmo idealizou e que hoje o transforma irremediavelmente prisioneiro dos militares, versus, barões da droga. 
 

No momento em que a tensão cresce em torno dos problemas da droga, com a anunciada instalação em Bissau de um escritório das Nações Unidas e de um departamento norte-americano de luta contra a droga, é denunciado a existência de um significativo paiol no bairro de Antula-Bono, aparentemente estocada numa casa privada, sem que no entanto haja explicações mais concludentes, tal como já sucedeu com a apreensão de combustíveis para aviões em Bubaque e em Cufar, onde os seus autores continuam sendo mantidos num verdadeiro segredo. Mas à boca cheia sabe-se que por detrás destas acções estão às mãos dos chefes militares. 
 

Uma vez mais temos um país adiado e à espera de um milagre, que teimosamente continua a não querer surgir e até que isso aconteça, haja mais droga, mais tagmés e bubos, mais corrupção, mais assassinatos e mais atrasos...  
 
 O povo guineense não deve tomar partido nas disputas entre os narcotraficantes detentores do poder absoluto na Guiné-Bissau, mas deve aproveitar esta situação, que é mais uma lição que nos é dada a aprender, para exigir mudanças de fundo, a bem do país, mudanças essas, que devem ter na Justiça as suas bases de apoio e de efectivação!

Há escassos meses atrás, tanto o Ex - Ministro da Administração Interna, Baciro Dabó, como as altas chefias militares; Tagme Na Waie e Bubo Na Tchuto, ameaçaram e  perseguiram jornalistas e activistas de direitos humanos na Guiné... Hoje, Baciro Dabó tem o descaramento de se "encostar" à Liga dos Direitos Humanos, porque segundo ele, tem sido ameaçado de morte...por supostos militares de alta patente! É caso para dizer: ah, valentões da treta!

Vamos continuar a trabalhar, acompanhando de perto mais um período de instabilidade na Guiné-Bissau!
 

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

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