Quando a Resposta é o AMOR

 

 

Por: Edson Incopté *

 

09.06.2008

 

 

            Quando os Homens começarem a ter a palavra Amor como resposta a todas as suas acções, o mundo poderá ser melhor, a humanidade poderá sentir-se verdadeiramente livre!

Hoje em dia temos todos a tendência de usar a palavra Amor só para as situações entre homens e mulheres (mesmo que por vezes isso não seja verdade). Mas a verdade meus irmãos, é que essa palavra vai muito para além da designação dos sentimentos de um homem por uma mulher e vice-versa! Esta palavra tem de servir como resposta a todas as nossas acções nesta vida. Quando isso acontece, os resultados são geralmente mais positivos e de agrado de todos.

Resultados que não temos visto na nossa querida pátria! Não os vemos porque, infelizmente, os governantes que o nosso país tem conhecido não têm a palavra Amor como resposta às suas acções. Se a resposta dos governantes Guineenses às suas acções fosse: Amor à pátria, Amor ao povo, Amor ao compromisso que muitos terão feito com Cabral (sim… porque Amor também é fidelidade), não tenho a menor dúvida que se fosse o caso, a nossa terra não estaria no péssimo estado em que está!

 

Infelizmente meus irmãos, os nossos governantes não conhecem o conteúdo que carrega essa bela palavra, ainda estão a anos-luz de sentirem essa palavra dentro deles. Muitos deles ainda acham que dizer: “eu vou mandar, o meu filho vai mandar, até a minha camisa vai mandar…” é Amor a alguma coisa. Estão tão longe ainda que conseguem confundir obsessão pelo poder, ganância e maldade, com Amor ao país.

 

Como Homens e sujeitos racionais que somos, temos obrigação de responder aos nossos actos com uma resposta única: Amor! Amor de verdade, não doentio!

E como Guineenses meus irmãos… como Guineenses, temos obrigação de amar o nosso chão acima de qualquer quantia; obrigação de fazer tudo o que estiver ao nosso alcance para o seu melhoramento e isso, inclui criticar e condenar duramente, tudo aquilo que está mal.

Isto que fazemos no PROJECTO CONTRIBUTO tem uma única resposta possível de ser dada a todos quantos questionam o porquê deste grande trabalho desenvolvido pelo Didinho, particularmente, aqueles que o atacam: Amor! Amor como nunca vi em toda a minha vida.

 

Provavelmente já disse o mesmo noutras ocasiões, mas repito mais uma vez, para que os que não perceberam comecem a pensar no assunto. A passividade não é uma forma de demonstrar qualquer sentimento! A passividade, meus caros, é para os cobardes! E, a passividade com que muitos Guineenses vivem e olham a situação da nossa terra é já tremendamente irritante, principalmente da parte dos jovens. A forma como “procuram” resolver os seus problemas é de levar qualquer um à tristeza. Isso tudo porque, simplesmente, não respondem às suas acções com Amor, mas sim com um insaciável desejo de riqueza e poder.

 

Vejamos assim dois casos:

 

Primeiro caso: A droga e os jovens

 

Os jovens Guineenses são hoje rotulados de maiores traficantes de droga no espaço lusófono, conseguimos a detestável proeza de ultrapassar os Brasileiros. Essas palavras saíram da boca da gerente do restaurante onde trabalho, que no caso é Moçambicana! Situação que, confesso, fui obrigado a defender com alguma prudência. Pois todos sabemos a situação que se vive na Guiné no que se refere à matéria da droga.

A nossa terra mãe, o chão que tanto amamos, está completamente infestado pela droga de todos os tipos e de traficantes de todas as espécies. Desde aqueles que usam gravata até aos que passeiam pela feira de Bandim! Há quem diga que o nosso país foi invadido por traficantes de droga, opinião com que discordo!

 

Os maiores traficantes sempre estiveram lá, são filhos da Guiné, são sangue do nosso sangue e enganam o povo todos os dias com “pintas” de políticos bem-intencionados e agentes de segurança do país! 

 

 Em relação aos jovens, uma coisa é certa, não podemos de forma nenhuma recorrer ao discurso que já ouvi muito por aí, do tipo: foi uma situação de recurso à má situação do país!

Infelizmente, conheço casos de jovens que tinham uma vida, minimamente estável, principalmente em Portugal e Espanha e que decidiram duma forma “estúpida” ir para a Guiné servir de correios de droga e hoje, estão onde certamente não queriam estar.

Prova de que quando tomamos as nossas decisões tendo como base o caminho mais fácil, raramente dá bom resultado.

 

Segundo caso: Os inexperientes angolanos

 

Quem acha que entregar uma arma nas mãos de um jovem de 19, 20 anos de idade dá bom resultado? Quem acha que atribuir o poder de julgar e punir, a um jovem de 19, 20 anos de idade é algo pensado? Quem acha que aprender a bater é o mesmo que aprender a zelar pela segurança dum povo? Ninguém, certamente com a cabeça no lugar, acharia que tomar tais medidas seria bom para o país!

 

Quando cheguei à Guiné-Bissau em Junho de 2007 e vi colegas meus fardados (quando digo colegas meus, são mesmo meus colegas; jovens com quem cresci) fiquei completamente espantado em ver com armas “miúdos” com quem joguei à bola. Tive pena de constatar que alguns só entraram nesse caminho por serem filhos de agentes policiais, outros movidos pelo desejo de ir a Angola.

E eu pergunto onde estavam muitos destes mesmos “Angolanos” durante o desentendimento na fronteira com o Senegal pouco tempo depois dos seus regressos à Guiné, sabem? Eu também não!

 

Mas os que conheço e segundo eles mesmos me contaram, foram enviados para o interior do país ou mesmo para o exterior, pelos pais, os mesmos pais que os incentivaram a ir para Angola. Tudo para não irem para a fronteira.  

Sendo assim pergunto: isto é Amor a pátria?

 

Para que foi gosto tanto dinheiro numa formação que só serviu para aprender a bater? Em que parte do mundo os agentes de segurança precisam de formação para resolver as coisas na base da violência?

 

Talvez esteja a ser ignorante, mas faço ainda outra pergunta que me tem intrigado há muito tempo: em que medida a segurança de Angola pode servir de exemplo a ponto de mandarmos os nossos jovens para serem formados lá?

 

Concluo este contributo com mais um apelo aos nossos governantes (sim… porque estou sempre com esperança que haja um com a cabeça no lugar) pedindo aos mesmos que retirem a máxima lição da presidência da CPLP, que aprendam alguma coisa durante esta presidência na CPLP. Se estamos a presidir a CPLP neste momento, então façamos boa figura. Ainda vamos a tempo de ganhar credibilidade internacional. Só quando ganhamos essa credibilidade é que os outros podem apostar em nós. E peço lhes também que respondam às suas acções com Amor à pátria e ao povo.  

 

 

O Senhor disse: “ Onde está o teu coração, ali está o teu tesouro.”

 

* 20 anos de idade, estudante do Curso Profissional de Informática de Gestão

 


PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

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