PRECISA-SE ALGO DIFERENTE

 

Mamadu Lamarana Bari

Prof. Dr. Mamadu Lamarana Bari

Precisa-se algo diferente

Que da diferença

Implante algo

Nas terras com nascentes

Do sonhado País resplandecente

 

A Guiné terra de Djagrás[1]

A Guiné terra de Príncipes dos Impérios Mandingas

Ainda que rapidamente, mas também de Clãs

Intelectualizados dos Reinos de Futa-Jalon

A Guiné do sonho Paigciano

 

Precisa-se fazer algo diferente pela Guiné

Que nos braços do mar adentro disfarçados de rios

Possam adentrar ventos de mudanças

Rumo ao progresso e desenvolvimento.

 

Precisa-se fazer algo nas terras da Guiné

A Guiné, Portuguesa, de outrora

Que mal dos braços do Morfeu saíra

Se tornara enclaves:

Enclave Linguístico

Enclave Político

Enclave Territorial

Enclave Econômico

 

Precisa-se realmente fazer algo diferente

Para que a Guiné volte a brilhar resplandecente

Como a lua prateada

Na mansidão das águas de Bolama-Bijagós

Bolama Capital, Bolama berço

Encontro de culturas e de interesses econômicos

Em antigamente

Ulisses Grant que o diga.

 

Bolama que nascera portuguesa

Mas de repente se vira inglesa

Confiada à sorte de uma madrinha Leoa.

Bolama que mal acordara do

Pesadelo de ter que responder a

Quem não conhecia sobre o que não sabia

Fora esquecida sob vãs promessas.

 

Guiné, a sorte da mãe solteira

Se assemelhara a da filha Bolama

Abandonada à sua sorte.

Guiné e Bolama, mãe e filha em busca de sonhos

Outrora sonhados em dias que pareciam de sorte.

Na verdade algo de diferente precisa-se.

Será que esse algo ainda está longe de chegar?

 

Guiné-Bissau, N´dei san[2], quantos dos teus filhos

Vistes partir do canal de Geba

Em busca de dias melhores,

Ou de Bissalanca

Em busca de uma Europa promissora.

 

Guiné Paigciana

Quantos dos teus filhos

Se embrenharam nas matas

Sob promessas de luta

Para autodeterminação e independência

 

Chegou esse dia. Mas valeu a pena?

Ainda que se dissesse

Tudo vale a pena quando a alma não é pequena

Olhar para trás não trouxe recompensa.

É só constatar o presente

Onde estão os teus filhos?

Intelectuais, Professores Universitários, Empresários,

Altos Executivos dos Organismos Internacionais etc.

 

Ah! Guiné, quantas vidas

Foram ceifadas no teu chão

Ontem e hoje sob vãs promessas

Da ideologia de libertação:

Libertação política

Libertação de preconceitos

Libertação contra as injustiças sociais

 

Frustrações ou ainda há esperanças 

Apesar de tudo, contudo

Precisa-se fazer algo pela Guiné

Para os que de costas viradas estão

Possam voltar

E de cabeça erguida

Possam ajudar a erguer as esperanças perdidas

E, a partir delas possam soerguer

A Guiné, social, política e economicamente.

 

A reconstituição deste tecido político e social é de todos nós

Portanto, queiramos esquecer as indiferenças

E fazer das nossas diferenças a síntese

Da nossa aproximação, do nosso entendimento

E do nosso Progresso.

Não importa o grau de divergências político-ideológicas

A Guiné tem que ser Guiné e nós somos guineenses

 

Só assim algo novo estará feito.

 

Vivam todos

Viva a Guiné

  

Salvador-BA, 20 de Setembro de 2005

Sede do Comité de Estado de Bolama

Foto: Sede do Comité de Estado da Região de Bolama - Imagem Agosto de 2007 © Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

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