PELA PAZ E PELA ESTABILIDADE: LUTEMOS!

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

08.12.2008

Por estes dias, um colega desta nossa luta disse-me isto: " Tenho vindo a acompanhar os teus artigos e penso que se o CONTRIBUTO estivesse no ar antes das carnificinas de 1998, talvez o conflito pudesse ter sido evitado, porque ao desmascarares a recente encenação da forma tão rápida como fizeste, as pessoas pensam duas vezes antes de levarem adiante os seus planos..."

Compreendo o significado e o alcance deste comentário e aproveito para afirmar que, prefiro que as minhas antevisões, que têm sempre um carácter "preventivo" não se cumpram, o que pode até fazer com que algumas pessoas ponham em causa as minhas reflexões, do que ficar indiferente, resignado e remetido ao silêncio, deixando assim, espaço para os criminosos do costume, que de uma forma ou de outra têm abusado do nosso povo e da nossa terra, com a cumplicidade directa ou indirecta de muita gente, entre guineenses e estrangeiros que podemos designar de interesseiros.

Chego a pensar, tal como o nosso colega que, se não fossem as várias denúncias e opiniões de diversos colaboradores do Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO, em relação a distintas situações na Guiné-Bissau, particularmente entre 2004 aos dias de hoje, a nossa terra teria sido convertida na maior vala comum de cadáveres dos seus próprios filhos...

As denúncias impediram e têm impedido muitos exageros, mesmo que os menos atentos disso ainda não tenham dado conta.

Duma coisa tenham certeza: Jamais serei cúmplice (activo ou passivo), na destruição da Guiné-Bissau e no extermínio dos meus irmãos guineenses!

Duma coisa tenham certeza: Não sou um "kamikaze", como alguém um dia, ironicamente, me apelidou, mas estou e estarei sempre disponível a enfrentar o mal, para o bem da Guiné-Bissau e dos meus irmãos guineenses!

Há quem pense que o trabalho que temos vindo a desenvolver neste Projecto se resume a um mero exercício acusatório motivado por sentimentos pessoais tomados pelo instinto da vingança e em que o ódio e o rancor complementam o dito instinto.

Por ventura, pessoas  a quem devemos respeitar os pontos de vista, até porque, se não nos baseássemos na liberdade de expressão, certamente não estaríamos aqui, à vontade, com respeito pelos princípios e valores da relação entre humanos, a exercitar nossas mentes, dando voz quer ao que pensamos, quer ao que sentimos.

Quem desconhece os seus direitos e deveres, enquanto cidadão; quem desconhece os direitos e deveres fundamentais da pessoa humana (no contexto global), facilmente confunde os significados de valores universais com juízos pessoais, antecipando-se numa adjectivação errada e alimentada por preconceitos característicos que espelham a mediocridade do pensamento, do sentimento e da acção que definem os imorais.

Quando se adjectiva  de rancoroso, vingativo etc. alguém que luta pela verdade; que luta pela Justiça; que quer respeito e consideração pela pessoa humana; que incentiva a partilha da solidariedade entre os homens e mulheres deste mundo; alguém que luta pela defesa dos direitos pessoais e colectivos, por exemplo, só podemos estar perante pessoas que confundem valores tais como a Justiça e a Dignidade, entre outros, com as suas habituais práticas nefastas, assentes num único reino, o do mal, através da anarquia.

Quando se pretende destruir o passado, simplesmente por ser incómodo para os malfeitores, denegrindo a imagem dos que mantendo o passado como livro aberto da civilização, seja ela qual for; seja qual for o período de consulta, para uma aprendizagem contínua do percurso civilizacional de erros e correcções, que tem sido a evolução da Humanidade, num contexto global, estamos sem dúvida, perante agentes do mal!

Os guineenses não devem continuar a pensar que a Paz e a Estabilidade são dádivas de Deus e que um dia qualquer, chegará ao país o santo milagreiro com uma mão de Paz e outra de Estabilidade.

A Paz e a Estabilidade, meus caros irmãos, obtêm-se trabalhando, lutando, fazendo sacrifícios. É como plantar para depois colher; temos que preparar o terreno, trabalhar bem no cultivo, acompanhar todo o processo até chegar a hora de colhermos o que das sementes plantáramos. Mas tal como plantar e colher deve significar ciclos repetitivos da nossa vivência, pois precisamos de nos alimentar, assim também deve ser a preservação da Paz e da Estabilidade, para que possamos viver e trabalhar tranquilamente no ciclo que marca a vida de cada um de nós neste mundo.

Desenganem-se os nossos irmãos que pensam que quem reivindica os seus direitos é fomentador de instabilidades e contrário à Paz.

Quem reivindica tem sempre motivos para tal. Importa, no entanto dizer que, qualquer reivindicação deve ser feita de forma pacífica e com base nos direitos do cidadão e da pessoa humana.

Quando os cidadãos conhecem os seus direitos, bem como os seus deveres, há mais possibilidades de haver uma relação saudável, de respeito e confiança entre governantes e governados. Na Guiné-Bissau, infelizmente quase ninguém conhece os seus direitos, nem deveres e, com base nisso, os governados são sempre manipulados pelos governantes que dividindo as pessoas por graus de interesse, tornam-se padrinhos de uns e carrascos de outros.

Não devemos continuar a pensar que a Paz e a Estabilidade conseguem-se com o silêncio e com a indiferença, ao mesmo tempo que gritamos vivas ao Obama, por ter chegado a Presidente dos Estados Unidos.

Esquecem-se muitos dos meus irmãos guineenses, quantos anos de luta, de muito sacrifício e sangue derramado, foi preciso para que hoje na América, haja um Presidente oriundo da globalização na sua vertente humana?

Se a vida mudou para os nossos irmãos e irmãs nos Estados Unidos, não foi por obra e graça do milagre da indiferença, do silêncio e da resignação. Foi graças à luta, à coragem de homens e mulheres que queriam ver os seus direitos respeitados como cidadãos e seres humanos!

Hoje batem-se palmas ao Obama, mas ignorando o percurso dos que lutaram, tendo muitos tombado heroicamente, para que os negros na América usufruíssem da liberdade e pudessem viver em Paz, com Estabilidade para trabalhar, produzir e evoluir, o que contribuiu, e de que maneira, para o engrandecimento dos Estados Unidos, que passaram a contar com recursos humanos (negros e mestiços) que no passado eram desconsiderados e impedidos de evoluir.

Os guineenses não devem continuar a ser cúmplices da sua própria destruição por governantes há muito cadastrados na Justiça da nossa memória colectiva.

Não se deixem ficar pelo silêncio. Não significa Paz nem Estabilidade.

Façam barulho, de forma pacífica, pois isso não significa fomentar a violência nem a instabilidade.

Reivindiquem os vossos direitos. É assim que se faz em qualquer país civilizado!

Se ficarem calados nada se resolverá e haverá sempre quem diga: se eles próprios não reclamam, não reivindicam... é porque está tudo bem. Tem sido esta constatação hipócrita a prejudicar o nosso povo. Não aceitem mais ficar calados!

Amilcar Cabral deu ao mundo o exemplo da unidade e luta de dois povos, que culminou com a libertação dos colonizados, mas também, dos próprios colonizadores!

Pelo exemplo de Amilcar,

Vamos continuar a trabalhar!

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Cultivamos e incentivamos o exercício da mente, desafiamos e exigimos a liberdade de expressão, pois é através da manifestação e divulgação do pensamento (ideias e opiniões), que qualquer ser humano começa por ser útil à sociedade! Fernando Casimiro (Didinho)

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

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