O TÍTULO QUE CAUSOU POLÉMICA


 

Filomeno Pina  *

filompina@hotmail.com

09.08.2013

Há dúvidas no ar, receios, suspeitas, curiosidades, desinformação, desconfiança, rótulos, estigmas e outros estados de espírito negativos, reflectidos nesta onda de suspeição lançada sobre o nome de um BLOG: “Intelectuais Balantas na Diáspora”!

Ainda não percebemos verdadeiramente se esta confusão surge apenas contra o “uso” da palavra “Balanta” ou se também é extensivo ao termo “Intelectual”, ambos relacionados com um sentido politico a sublinhar a expressão cultural de origem étnica, sendo talvez por aí a centralidade suspeitosa, como também se interroga, o porquê só na “Diáspora”?

Eis a questão que tem causado certa rejeição conceitual por parte de algumas consciências, que receiam manobras reaccionárias latentes, neste aparelho activo de informação centrado na Guiné-Bissau.

Ninguém disse ainda claramente, fundamentando a sua preocupação ou suspeita nesta matéria, baseada em factos e não em conjecturas, os porquês, de não se achar correcto do ponto de vista politico, cultural e social, o uso deste nome ou título, para identificação dum BLOG, qual será o problema?

Se à primeira vista intuímos este Blog negativamente como grupo social fechado sobre si ou só para temas especializados na cultura relacionada com a etnia Balanta (como uma opção e nada mais), na verdade, rapidamente concluímos, que não se passa nada, que afinal constatamos neste BLOG, publicações em várias áreas do conhecimento, com informação multifacetada e abrangente do ponto de vista cultural e social, sobretudo em relação aos problemas políticos e do desenvolvimento do nosso País.

É um espaço com liberdade de expressão, que publica vários assuntos, com uma abrangência alargada nas especialidades publicadas até hoje, tanto com autores Guineenses, como com os de outras nacionalidades. Estamos perante um BLOG com tendência normalizada ou circunscrita no panorama actual dos restantes BLOG’S que reconhecemos como “nosso”.

Estamos perante um BLOG: "Os Intelectuais Balantas na Diáspora", com nome fabricado talvez para merecer atenção reforçada, optando por este estímulo (título) na exposição directa e sugestiva aos leitores. Mas aqui este "título" pode ser considerado “peça” de Markting, centralizador, que seduz a curiosidade do público leitor, é aclamativo, chama a atenção, provoca a curiosidade politica dos leitores, será?

Convém lembrar que na visão clássica da informação, notícia é: "o homem que mordeu o cão” e não o contrário.

Será com esta montagem que o BLOG “prendeu” alguns dos seus leitores, a partir da atracção deste “título”?

A ser verdade, alguns andaram à procura do sexo dos anjos, quando não existe!

Mas, quem mordeu este anzol, pode agora cuspir a “isca” e poupar esforços.

Não publicaram um único artigo com conteúdos de racismo, tribalismo, etc. Sendo assim, é de se reconsiderar o erro condenatório dirigido, por ser injusto e sem fundamento baseado em factos que o comprovam. Ninguém foi vítima de tribalismo neste BLOG, ninguém foi rejeitado por não pertencer à etnia Balanta ou ofendido por não ser Balanta por exemplo.

Na verdade, nunca ninguém confirmou a existência de descriminação, de censura à liberdade de expressão, etc., não havendo factos explícitos que documentam a existência de descriminação, ao que parece, o resto é subjectivo, não havendo razão para tanto alarido

Pensamos que tudo isto circula apenas à volta dum nome "IBD" que provocou em alguns um efeito fantasmagórico, causador dum "receio" implícito de tribalismo, por suposição ou por eminência de provocar conflitos étnicos e políticos entre Guineenses.

Um ressuscitar de “lobisomens” em pleno século vinte e um, acordou caçadores de “reaccionários”, que disparam no escuro, uma preocupação crítica duma crise politica e militar, que ainda provoca confusão e desconfianças entre Guineenses.

Pessoalmente, acho um exagero, penso que aqui não pode haver fantasmas, vamos manter uma crença positiva, confiar um pouco mais uns nos outros, sem deixarmos, no entanto, de estar atentos aos fenómenos existenciais da nossa Guinendade, eventualmente, corrigirmos os maus hábitos no que for necessário.

Até porque sabemos da existência de Associações que usam nomes da identificação com inspiração étnica (Associação de Mamdjákos; de Muçulmanos; de Balantas; de Pepéliz; ou Budjugúz, etc.) que não deram problemas, não vejo pessoalmente mal nenhum nisso. Aqui parece-me que o facto de usarem o adjectivo “intelectual” evocando uma determinada etnia na Diáspora, suou “mal” para alguns de nós, e pergunto porquê, existirá mal nisso?

Quanto a isso, não vou argumentar mais, para não aumentar significativamente o número de páginas desta opinião, porque pretendo só e apenas ajudar a desmanchar o nó cego entre irmãos, por causa de um nome com suspeita de intenção tribalista.

No entanto, passo a alertar que ultimamente tenho observado um crescente histerismo à volta do conceito de “intelectual”, acho até abusivo o modo como muitos de nós (simples licenciados) buscam o protagonismo, colando um “rótulo” de intelectual na testa ou na boca…, tenho notado que muitos deles são soberbos e frios nesta “fatiota” com ar de “Dr.”, dando a entender que basta ser licenciado para se ser “intelectual”, mas não!, mym’tyda (mentira), não acho, vamos com calma e sem falácias neste assunto.

É bom lembrar que há Intelectuais de renome e, reconhecidos neste planeta, com imensa obra deixada, mas, sem curso superior, ok?

Em Coimbra, costuma-se dizer que “um burro carregado de livros, parece um doutor”, e esta heim!

Há que admitir mais tolerância às diferenças (seja pelo nome, diferença cultural ou outras) entre nós, prestar mais atenção ao conteúdo, e não ficar só pelo formato das "coisas" (objectos e humanos) que observamos ou analisamos.  

Um facto incontestável por exemplo, é o conceito de amor, começando por ser indescritível, cada um descreve o seu sentir/amor da sua maneira, e sempre com muita influência de como aprendeu a valorizar este sentimento, a gostar, desde a sua infância.  

Mas aqui falamos do amor no sentido mais abrangente, não como sentimento que liga duas pessoas físico e emocionalmente, não.

Chamo a atenção para o amor que supera a atracção entre duas pessoas, isso mesmo, este é o maior sentimento que podemos transportar dentro de nós, falo da – compaixão. Como um sentimento que podemos ter por alguém que não conhecemos de lado nenhum, devemos então desenvolver este sentimento de compaixão, para todos os seres humanos.

Um exemplo que o Povo já pratica há séculos, esta compaixão do Povo, e para esta luz devemos olhar, é disto que estou a referir, pense nisso!

Embora sabendo que na sociedade existem grupos ou elites com sentimentos contrários de inveja, de rivalidade gratuita e outras formas de agressividade que se traduzem nestas "guerrilhas" histéricas, que de vez em quando assistimos no parlamento do Pais, na Diáspora, em busca de protagonismo, de rótulo de intelectualidade forçada, com mania de superioridade.

Esta compaixão que chamo de amor entre nós, faz muita falta, cultivarmos o gosto e orgulho por aquilo que é nosso, a criatividade cultural nossa, a tradição que é nossa, o uso e costume que é nosso, uma gastronomia que é nossa, um ídolo que seja nosso. Não acharmos só o que vem do estrangeiro, como sendo o melhor, o mais "chíc", por exemplo.

Mas, crescer evoluindo, progredir no desenvolvimento sem deixar de reconhecer de facto valores convencionais na escala internacional, com os quais podemos aprender (com modelos de desenvolvimento científico e tecnológico de Países mais avançados) sem alienar no entanto, os nossos valores e princípios traçados para o País.  

Amar coisas nossas sem complexos, é natural que se goste mais de uns do que de outros, ninguém gosta de tudo, por isso, é normal que alguém goste mais da sua própria cultura familiar, da tribo a que pertence, dos usos e costumes e, prefira falar disso mesmo, em detrimento de outras, sem perder a sua identidade pessoal, nos limites da sua liberdade, penso que não vejo mal nisso.

Ninguém pode ter complexo em afirmar alto e bom som, que gosta mais da própria Mãe, do que da Mãe do vizinho por exemplo!

Um dia havemos de reconhecer o amor sem “excitação”, em qualquer lugar ou situação, sem complexos de identificação com o que é nosso, amar sem duvidar do nosso sentimento, controlando reacções que inibem este clímax, que provocam comportamentos de reacção negativa, sobretudo em público. Dizem que "quem ama os seus não degenera", é boa pessoa com certeza. Ninguém pode ficar zangado com isto, por Eu amar o meu irmão, mais do que o meu vizinho, só.  

Quem ama, tem que dizer!


É preciso não confundirmos as coisas, ver o valor real de cada uma e o que está em causa.

Ver para além do mesquinho e do complexo de inferioridade, de alienação numa postura, quando optamos por criticar.  

Até que ponto as nossas convicções sofrem "abanões" perante formas de manifestação de afectos mais veementes e desinibidos diante dos nossos olhos?

Há quem não tenha coragem ou frontalidade para dizer do que gosta mais, mas, há quem o faça constantemente, quando seja crucial ou não dizê-lo, assume a causa, e não vejo mal nisso.

Ao defendermos uma realidade, não significa estar contra as outras, igualmente reais ou verdadeiras, quando se trata de realidades, os factos inerentes passam a categoria de axioma, tudo é palpável, comprovado e comparável na terapêutica dos afectos e não só, na relação de objectos, penso.

Para corrigirmos um comportamento menos bom, por exemplo a crítica negativa entre nós, devemos cultivar o espírito de solidariedade e de compaixão, optar por um estado de espírito positivo na relação humana, na maneira de pensar e de agir, sobretudo na fala e na escrita. Procurar ser uma constante com coerência na positividade, cultivarmos esta "vitamina" Psico-afectiva e emocional sempre que interagirmos física ou mentalmente.

Pensar melhor antes de agir, pondo-nos na pele do outro, analisando a nossa própria reacção/sentir, e talvez passar ao acto ou não, como inteligência.

O nosso "nome" e a alma, será que têm tudo a condizer!?

O nosso "corpo" e a alma, será que tem sempre a ver um com o outro!?

O cu com as calças, será que tem a ver sempre um com o outro!?

Pois camaradas, um título faz o seu papel e papéis há muitos, mas qualquer título não se deita permanentemente no mesmo "papel", dependerá do contexto onde estiver inserido e dos objectivos, pois muda de significado muitas vezes, acontece.

Umas vezes um Título está ligado com o conteúdo explícito, e sabemos bem disso, outras vezes, nada tem que ver com o significado explícito, mas o que está implícito.

Este nome: "Os Intelectuais Balantas, na Diáspora" serve para vermos até que ponto se poderá estar a exagerar numa interpretação do contra, (com ofensa moral gratuita e desnecessária) e sem bases fundamentadas.

Por isso, transfiro estas dúvidas (a quem interessar) para uma leitura integral deste Blog, “Intelectuais Balantas na Diáspora”, que penso portanto não ser tribalista, nem racista nos seus conteúdos publicados, (embora admita que o título levante suspeita) que nada tem a ver com qualquer tipo de discriminação, toda a sua publicação faz prova disso, que é um BLOG não racista ou que pratique qualquer outra discriminação.

Trata-se de um BLOG que tenho seguido na leitura, sem contudo estar de acordo com todos os seus artigos, sobretudo no formato incisivo/repetitivo de opinião sobre certas “pessoas” (figuras públicas), sublinhando repetidas vezes uma opinião/crítica, na hipotética intenção de “agredir” talvez, mas que, “cada cabeça a sua sentença”. Pois cada um é responsável pelo que escreve ou faz, só.

Procuremos a unidade de pensamento e não o seu contrário, um denominador comum que fortifique o nosso mosaico étnico e cultural. É de facto melhor para toda esta unidade de pensamento e da acção, procurar o entendimento, do que outras divagações no sentido contrário que não levam a lado nenhum.

O título: "Intelectuais Balantas na Diáspora", a sua escolha para nome de Blog, repito, não me parece sustentar uma intenção "racista", xenófoba, de tribalismo ou anti-multi-cultural, que pretenda elogiar ou liderar uma supremacia cultural e intelectual de uma etnia em detrimento doutras do nosso País.  

Penso que não, porque embora possa explicitamente ou implicitamente levantar dúvidas neste sentido, só sei que quando vamos a caminho de “casa”, convém lembrarmos que se todos vamos chegar à mesma Casa, como filhos de pais diferentes (etnias), pertencentes ao mesmo Povo, não há que recear, porque "somos diferentes mas iguais", e não acredito, pelos temas que tenho seguido neste Blog, que possa haver nesta estrutura organizada que produz publicações muito boas, uma intenção perversa na sua filosofia e metodologia de comunicação/informação, para com a mesma Casa, de todos nós, Não!

Nota-se que este Blog preserva, a meu ver, uma conduta e linguagem escrita politizadas, na sua maior parte de "criação" postadas, onde se podem ler e reconhecer preocupações responsáveis e assinadas sem o anonimato.

Toda a sua qualidade é séria e diversificada, nos temas culturais, políticos, de natureza científica e filosófica, até hoje publicadas.

Por isso vejo aqui um BLOG dito normal, como tantos outros por aí…

Muitos parabéns a todos e continuação de bom trabalho.

Abaixo o tribalismo, o racismo, a xenofobia e viva a Guiné-Bissau.

Djarama. Filomeno Pina.

Filomeno Pina 

* Psicólogo clínico U.C.

 

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