OS SINÓNIMOS, AS LETRAS MINÚSCULAS E MAIÚSCULAS

 

Gustavo Gomes

gustavo.gomes69@gmail.com

04.09.2010

 Gustavo GomesÉ mútuo o apreço que tenho pela competente escrita do compatriota Flaviano Mindela dos Santos.  Apraz-me constatar que, distante do que muitos possam pensar, nosso pensamento é muito próximo e, ainda que não o fosse, ou quando não o seja,  o respeito e civismo de hoje prevalecerão para além do embate das ideias e opiniões.

Escrever, induz-nos a buscar os termos que mais se adequam ao que pretendemos transmitir. Agradeço e aprecio quando instado a melhor aclarar aspectos semânticos, ideia ou conceito que possa ter confuso, incoerente ou, equivocada interpretação. Não escrevo para convencer, doutrinar, seduzir ou angariar simpatias.

É impossível agradar a gregos e troianos e a maior parte dos leitores tem maturidade, senso de avaliação e blindagem contra manipulações. Escrevo como cidadão da Guiné, da África e do mundo, sou questionador e vivo em permanente busca de conhecer, compartilhar e expor a diversidade de pensamentos e ideias que ampliem as chances de nos irmanarmos numa desejável sociedade mais justa e harmoniosa.

Podemos ser, ditos imparciais e ostentar em público de modo corriqueiro e inócuo que “bianda de nô casa i mas sabi”, o nosso clube, o nosso bairro, nosso País, nossa religião e familia ou a ideologia do nosso partido sempre são imparcialmente  “melhores”.  Ou seja, assuntos afetos ao gosto, opinião, postura ou convicção pessoal e quando não tragam dano ou prejuízo a pessoas ou à credibilidade e que, admite-se, pode-se até mudar. Pois, como se diz popularmente, “gostos não se discutem”. Asim como com a palavra indignação. Podemos ou não indignar-nos com o atraso de um voo, ou com alguém  que falte a um compromisso.

Mas, a Imparcialidade (grafei com maiúscula), que referencio nos meus textos é aquela afeta à Cidadania, sobre a qual não podemos tergiversar ou ter sofismas, pela qual temos  de nos Indignar (com maiúscula), sempre e toda a vez que não se apresente.

A Imparcialidade que referencio está afeta a Valores, Princípios, à Justiça e Direitos Humanos.  Esta Imparcialidade tem de prevalecer e ser exigida de todos enquanto cidadãos (quer sejam de nossa família ou não, nossos conterrâneos ou não), ou seja indistintamente, nos assuntos de Ética, Polidez, Educação, Honradez, Honestidade, Probidade, Primado da Vida, Primado da Dignidade, Proteção a Indefesos etc..

Imparcialidade que em hipótese alguma compactua com a tortura, o assassinato, o calunismo, o racismo, o xenofobismo, o machismo, o feminismo, o homofobismo ou quaisquer outras discriminações à pessoa humana.

Evidentemente, somos obrigados a reconhecer que, lamentavelmente também nesta seara, temos os que apenas ostentam em público a Imparcialidade.  Defendem, o Direito Humano a um Julgamento Digno e Justo, mas  optam pela Parcialidade ao manifestarem alegria por um crime ou a bárbaros actos e factos, se a  vítima for um desafeto.

Outros condenam a Corrupção, mas quando o Ministro corrupto é um parente, apressam-se em dizer que isso é próprio de África e questionam porquê condenar aquilo que tantos outros fazem.

Recentemente, tivemos, na África do Sul, um confesso violador de menor, que foi absolvido, pois, segundo o Juiz, a qualquer homem seria difícil resistir a tantos atributos de beleza física e formosura da vítima adolescente.  Onde ficou o primado de defesa da Criança e do Adolescente? Onde o Primado de Igualdade de Género? Onde ficou o Primado de que Ninguém deve ser submetido a ato que não seja de sua vontade? Onde ficou a Imparcialidade?

Temos o caso da iraniana Sakineh Mohammadi Ashtiani, condenada à morte por apedrejamento, com o corpo enterrado até ao pescoço. Vejo e leio acaloradas discussões e exigências de respeito à liberdade de costumes religiosos etc., quando o que está evidente é o claro desrespeito (com objetivos de afronta) do ditatorial governo iraniano ao desconsiderar o Primado da Declaração Universal dos Direitos Humanos em  que nenhum ser humano deve ser submetido a condições ou penas humilhantes, degradantes ou ofensivos à dignidade humana. Os Países signatários comprometem-se a não deixar viger Constituição, Leis, Usos e Costumes que desrespeitem essa Declaração.

Temos na Guiné-Bissau e tantos outros Países a excisão feminina e outras práticas de mutilação, humilhação e degradação, desrespeitando o Princípio de que os Estados e a Sociedade devem comprometer-se a não tolerar a tortura, amputação e exposição a actos que atentem contra a saúde e a vida.

Por tudo isso não podemos aceitar que cada qual tenha a sua tolerância e sua Imparcialidade.

Espero bem ter explicitado minha compreensão do que entendo como Imparcialidade.

Posso afirmar e garantir que Flaviano nos seus artigos nunca nos deixou dúvidas de sua opinião e postura quanto a essas questões.

Por uma Guiné menos violenta, temos de unir capacidades  para  exigir diuturnamente a implantação de um Estado de Direito, em que a Justiça seja Imparcial e regida pelos elementares Princípios da Democracia e da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Em relação à questão de Cabo Verde,  expliquei em comentário. Mas agradeço a mais valia informativa trazida pelo Flaviano.

Muito obrigado.


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