Fernando Casimiro (Didinho)

Fernando Casimiro (Didinho)

didinhocasimiro@gmail.com

16.09.2013

 OS QUARENTA ANOS DAS FORÇAS ARMADAS DE CABO VERDE, OU A TENTATIVA DE OMISSÃO DA VERDADEIRA HISTÓRIA DA LUTA ARMADA DE LIBERTAÇÃO NACIONAL DESENCADEADA PELO PAIGC NA GUINÉ, DITA PORTUGUESA... 

Nota: O título referente aos quarenta anos da criação das Forças Armadas de Cabo-Verde considera a data da publicação de um artigo elaborado por um oficial caboverdiano 2007-05-18, o que na verdade corresponde, seis anos depois, a 46 anos da criação das Forças Armadas de Cabo-Verde...

 

Entre a Guiné e Cabo-Verde, se não existe nenhum problema, importa designar a existência de complexos, seja qual for a perspectiva, como problema! Didinho 14.09.2013

O comandante Pedro Pires deve respeito às Forças Armadas Revolucionárias do Povo, bem assim, todos os antigos combatentes caboverdianos membros das FARP e não, membros de qualquer instituição militar separatista designada Forças Armadas de Cabo Verde.

Hoje, Pedro Pires acusa militares da Guiné de “tirania e delinquência” ao longo de 40 anos de independência, omitindo a responsabilidade da estrutura do Estado, tendo o PAIGC, Partido libertador, como Força Política Dirigente da Sociedade, Força, Luz e Guia do "nosso povo" na Guiné e em Cabo-Verde...

O que fez o PAIGC na Guiné, para a melhoria das condições de vida dos antigos combatentes e consequentemente, para a organização estratégica que se impunha, para a modernização das FARP e a sua transformação em Forças Armadas Republicanas, ou seja, do Estado e não do PAIGC, ou ao seu serviço, Partido do qual fazia parte Pedro Pires, como um dos mais altos dirigentes; o que foi feito a nível da (re)estruturação que se impunha com urgência às FARP do qual Pedro Pires era dos mais destacados oficiais superiores?

É claro que em Cabo-Verde, não houve essa preocupação, pois nem sequer havia três dezenas de militares caboverdianos no seio das FARP, tendo sido praticamente instituído um novo modelo de organização das FARP em Cabo-Verde.

Fala-se mal das Forças Armadas Revolucionárias do Povo, concretamente, sobre os militares da Guiné-Bissau, tendo sempre como referência comparativa, as Forças Armadas de Cabo Verde, que pelos vistos, nunca se identificaram com a designação comum de FARP.

Importa questionar, sabendo das reivindicações dos antigos combatentes caboverdianos e dos direitos que têm usufruído desde sempre, se na Guiné-Bissau esses direitos/regalias foram concedidos aos antigos combatentes guineenses?

Quando nos dias que correm, antigos combatentes caboverdianos reivindicam uma pensão de mil e trezentos euros, mais extras, para além de todos terem casa e vida decente desde sempre, creio que não fica mal questionar, o porquê de os antigos combatentes da Guiné-Bissau não desfrutarem das mesmas regalias...Não terá isso a ver, em parte, com o actual estado de coisas na Guiné-Bissau?!

Alguns dirão que Cabo-Verde tem tido boas governações e por isso, tudo funciona dentro da normalidade. Óptimo!

Se a resposta for essa, então, a quem culpar pela instabilidade, pelos desvios dos militares da Guiné-Bissau, quando os governantes/políticos, pura e simplesmente não acautelaram um poderoso factor de instabilidade em qualquer país do mundo, que são os militares?

Não ouvimos Pedro Pires criticar ou responsabilizar governantes e políticos guineenses se é que tem moral para tal, mas sim, militares!

Ao longo da luta armada de libertação nacional dirigida pelo PAIGC e ao abrigo do Programa maior do Partido, assente na Unidade da Guiné e de Cabo-Verde, não podia existir, com Amilcar Cabral, duas facções militares dirigidas pelo mesmo Partido, o PAIGC. Portanto, deve ser questionada a veracidade da existência das Forças Armadas de Cabo Verde http://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=186 alegadamente criadas a 15 de Janeiro de 1967, em Havana, Cuba...

Não havia Forças Armadas ditas Republicanas!

Não havia a Guiné-Bissau independente e, muito menos, Cabo-Verde independente, em 1967!

É legítimo questionar com que pretensões se faz tal afirmação, que contradiz a essência do Programa Maior do Partido e, em 1967, quando nada estava decidido a favor do PAIGC sobre a vitória na luta contra o colonialismo português...

Amilcar Cabral sabia ele próprio, melhor que todos, que fraccionando as estruturas do Partido com designações específicas da Guiné, por um lado e de Cabo-Verde, por outro, isso seria o suicídio da Luta de Libertação Nacional, por isso, atrevo-me a afirmar que nunca promoveu a criação das Forças Armadas de Cabo Verde, aliás, Cabral nunca falava da Guiné e de Cabo-Verde sem associar numa só (como exemplo dos seus discursos: "o nosso povo na Guiné e em Cabo-Verde; a luta do nosso povo na Guiné e em Cabo-Verde; o nosso Partido na Guiné e em Cabo-Verde; As nossas gloriosas Forças Armadas Revolucionárias do Povo") as duas referências territoriais e populacionais.

A FORÇA do PAIGC esteve sempre bem presente e ramificada a vários níveis no slogan "UNIDADE E LUTA".

Afinal, quais foram as conquistas das designadas Forças Armadas de Cabo-Verde, criadas a 15 de Janeiro de 1967...?

Será que a essas "Forças Armadas de Cabo-Verde" se deve a independência da República de Cabo-Verde...?!

Onde se foi buscar esta tese das Forças Amadas de Cabo Verde no ano de 1967, em Havana, Cuba e porquê?

Já agora, existe ou não, contradição no registo da memória que se quer impor como histórica, sobre a designação das Forças Armadas de Cabo-Verde e o texto da proclamação da independência de Cabo-Verde? http://www.defesa.gov.cv/index.php/proclamacao

De facto, o golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980 serviu também para a omissão ou manipulação de muitas verdades sobre luta armada de libertação nacional da Guiné-Bissau e Cabo-Verde...

Deixemos de complexos, nas relações entre a Guiné-Bissau e Cabo-Verde!

Deixemos de generalizar na forma de acusar uma das Grandes Instituições da Guiné-Bissau, as Forças Armadas, e, consequentemente, todos os homens e mulheres que prestam serviço a essa Instituição. Será que todos os militares guineenses são tiranos e delinquentes?

Que Pedro Pires (ou qualquer outro) não tenha receio em acusar ou responsabilizar, chamando as pessoas pelos seus nomes, evitando assim, pôr em causa uma Instituição da República da Guiné-Bissau, bem como gente digna, séria, dedicada à sua Pátria, comprometida com o seu povo e que faz parte das nossas Forças Armadas!

Vamos continuar a trabalhar!

 

II Parte – As Forças Armadas de Cabo Verde
1. Breves palavras sobre a criação das Forças Armadas de Cabo Verde
As Forças Armadas de Cabo Verde contam, hoje, cerca de quarenta
e dois anos de vida.
Elas constituem, sem dúvida, um orgulho para a Nação.
O nascimento e a construção das Forças Armadas, assim como a formação da
Nação, precedem, como em muitos outros processos históricos, muito
conhecidos, a conquista da independência e a subsequente edificação do
Estado soberano. Esses passos confundem-se nas trilhas da luta
19In “Elementos estruturantes da instituição Militar” General Gabriel A Espírito Santo, Revista Militar.
20 Lei de Organização Politica do Estado (LOPE) de 5 de Julho de 1975, aprovada pela Assembleia Nacional Popular, logo após a Proclamação da Independência.
21 Constituição da República – em vigor – aprovada em 1992 e revista em 1999.

O Titulo VII é dedicado à defesa nacional emancipadora e no percurso do desenvolvimento.
Com efeito, em meados dos anos sessenta, é constituído, no fragor da luta
armada, com um punhado de jovens – estudantes, camponeses e
trabalhadores emigrantes – que, por circunstâncias e vicissitudes diversas
tinham abandonado tudo e aderido à causa da independência, o Núcleo
Fundador das Forças Armadas de Cabo Verde.

O dia 15 de Janeiro de 1967 viria ser reconhecido e registado como o Dia do nascimento da instituição militar nacional. A efeméride referida ocorreu em Cuba.
Para a história ficou registado que, nesse Dia, perante Amílcar Cabral,
concluída a sua formação militar de dois anos, nas montanhas da ilha
caribenha, os jovens mobilizados, individual e solenemente, prestaram: “o
juramento de fidelidade à luta pela independência de Cabo Verde, fosse em
que circunstâncias fosse”. Então: afirmaram-se dispostos a aceitar o sacrifício
supremo, se necessário, para se poder alcançar a liberdade da Pátria, também
o desenvolvimento e engrandecimento da Nação Cabo-verdiana.

Hoje, as Forças Armadas, instituição a que a Constituição da República comete
missões nobres, são maduras, acumularam conhecimentos e experiências,
possuem estilo e rituais próprios; mas, sobretudo, têm sabido ser uma
instituição engajada e comprometida. Com certeza, que se tem cumprido o
destino e o juramento do Núcleo Fundador, agora consubstanciado no artigo 7º
dos Estatutos dos Militares22 texto do Juramento de Bandeira. Esse desígnio é
renovado por aqueles que ingressam nas fileiras todos os anos.

Ao longo de quarenta anos, vários cabo-verdianos que escolheram a carreiras
das armas deram o seu contributo para a formação das Forças armadas.
Nesse intervalo de tempo, a instituição foi dirigida por dez ministros e dois
secretários de Estado e comandada por seis chefes do Estado-maior inicialmente o cargo era de Comandante-Geral.

http://www.defesa.gov.cv/images/stories/5_-_Pedro_Brito_-_Profissionalizao_e_tica_nas_Foras_Armadas.pdf

 

MEMBROS DO NÚCLEO FUNDADOR DAS FORÇAS ARMADAS DE CABO VERDE
Primeira Unidade Combatente de Cabo-verdianos
 
 1. Alcides Évora (Batcha),
 2. Afonso Gomes*,
 3. Agnelo Dantas,
 4. Amâncio Lopes,
 5. António Leite,
 6. Armando Fortes,
 7. Armindo Ferreira,
 8. Estanislau João Ramos,
 9. Fernando dos Santos Rosa,
10. Honório Chantre,
11. Jaime Mota*,
12. Joaquim Pedro Silva (Barô),
13. José Anselmo Corsino,
14. Júlio César de Carvalho,
15. Manuel Jesus Gomes,
16. Manuel João Piedade,
17. Manuel Maria dos Santos,
18. Manuel Monteiro,
19. Manuel Pedro dos Santos,
20. Maria Ilídia C. Évora,
21. Nicolau Pio*,
22. Olívio Melício Pires,
23. Osvaldo Azevedo,
24. Pedro Verona Rodrigues Pires**,
25. Silvino Manuel da Luz,
26. Sotero Nicolau Fortes,
27. Wlademiro Carvalho*.
 
- * Já faleceram
- ** Líder do Grupo
 
_____________
  
*      Tenente-Coronel (Res) das Forças Armadas de Cabo Verde, Director-Geral de Defesa do Ministério da Defesa da República de Cabo Verde e Presidente da Comissão Central das Comemorações dos 40 anos das Forças Armadas de Cabo Verde.

http://www.revistamilitar.pt/artigo.php?art_id=186

http://www.defesa.gov.cv/

http://www.voaportugues.com/content/cape-verde-veterans/1634016.html


A Guiné-Bissau é a soma dos interesses de todos os guineenses E NÃO DOS INTERESSES DE UM GRUPO OU DE GRUPOS DE GUINEENSES! Didinho


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