OS PAIS, OS FILHOS, AS FAMÍLIAS E AS SOCIEDADES

 

 

Flaviano Mindela dos Santos

 

flavianomindela@hotmail.com

 

15.10.2009

 

Antes de mais, quero atribuir um tom tímido, ao facto de, embora seja eu um machista pouco gentil, ter escolhido justamente esse título, para deixar entender que, ninguém deve ficar fora das responsabilidades, na grandiosa tarefa de construir uma sociedade desenvolvida e próspera.

Numa concorrência de vantagens mútuas com a linguagem e o comércio, ou seja, as relações interpessoais de qualquer tipo, a família encontra-se entre esses três fenómenos sociais, senão mesmo, naturais, que até agora, conseguiram vencer todos os imperativos do tempo, e mais, conquistou ela mesmo, um lugar central na dinâmica do universo, ao longo de toda a história da humanidade.

 

Portanto, isso só demonstra que, contra a família, não devemos, e nem podemos fazer nada, sob graves consequências do enfraquecimento da normal evolução das nossas sociedades e, quem sabe, ainda que numa hipótese remota, um definitivo aniquilamento, de toda a própria humanidade.

 

Muito diferente da prática ancestral que instituiu e alimenta a poligamia, com o propósito de edificar grandes e poderosas famílias, sempre nos mesmos espaços de convivência, vem fazendo escola uma outra prática paralela, que para um conjunto de pessoas, sedentas de afirmação como gente falada, na nossa fétida praça, funciona como uma mais valia, para o estatuto social.

 

Consciente de que em resultado duma sucessão governativa deficitária, a miséria tomou conta, na definição de quase todos os valores morais, na nossa comunidade, não deixaria de lembrar que, com cedências sem qualquer resistência, cada vez será mais acelerada, a degradação dos mais sagrados interesses da nossa nação. Até porque às vezes, como duma forma errada julga-se e manifesta-se, os governos não são de facto responsáveis por todas as desgraças dos seus governados; tanto assim é, que, escusado seria aqui dizer que, cabe também aos diferentes chefes das respectivas famílias, um papel de enorme relevo, na organização de uma sociedade, que se pretende desenvolvida e próspera.

 

É na cultura das famílias que se tem de aprender a mais elevada categoria dos valores comportamentais, como: o autodomínio, a solidariedade, a honra da palavra, a coerência nas atitudes, e a afirmação pessoal. São essas as bases, que na minha convicção, devem orientar o homem, tanto nas suas relações entre pares, assim como, nas suas relações, com o seu próprio espaço vital.

 

Não é por acaso que, mesmo depois da separação dos cônjuges ou parceiros, para sempre ficam salvaguardadas, mesmo que depois não venham a ser efectivadas, todas as naturais obrigações, entre os membros dessa milenar, e mais importante instituição.  

Numa espécie de cooperação subentendida:

- Tal como os respectivos governos, que têm o dever institucional de providenciar todo um conjunto de oportunidades aos seus governados, também os pais têm a natural obrigação, de providenciar todo um conjunto de condições aos seus filhos, para um melhor aproveitamento dessas oportunidades;

- Tal como os respectivos governos, que têm o dever institucional de usar a coercibilidade, para persuadir os seus governados, ao cumprimento das normas legislativas, também os pais têm a instintiva obrigação, de usar os ensinamentos familiares, para motivar os seus filhos, ao cumprimento das regras de convivência;

- Tal como os respectivos governos, que têm o dever institucional de recorrer da autoridade estatal, para punir as faltas cometidas pelos seus governados,  também os pais têm a congénita obrigação, de recorrer da autoridade paternal, para condução dos seus filhos, a uma correcção eficaz, das faltas cometidas.    

 

Como todas as estatísticas, cientificamente elaboradas, no sentido de uma preferível compreensão dessa grave debilidade social, nunca deixaram de confirmar, disseminar concubinas, submetendo dessa maneira, os filhos a um desenvolvimento com dificuldades, num ambiente das ditas famílias monoparentais, (pelo menos em termos afectivos, o que não deixa de ser fundamental) mais do que contribuir para o aparente estatuto social do afamado pai, contribui ainda muito mais, para as altas probabilidades do insucesso dos filhos, tanto os do casamento, como os outros.

 

Aproveito o momento da esperança renovada, para sublinhar a existência do perigo oculto, que essa prática representa, numa sociedade de crenças obscurecidas, como é a nossa.

Quando os ditames da sobrevivência determinam o restante, como da maneira que infelizmente, tem caracterizado a nossa comunidade, nesses últimos tempos, as pessoas experimentam por todos os meios e feitios, uma fórmula qualquer, para satisfazerem as suas necessidades básicas, ou supérfluas. Portanto, essas senhoras deambulastes, cheias de formosura invulgar, procuram soluções instantâneas, para o afastamento dos seus problemas; por exemplo: um fulano bem posicionado, capaz de carregar despesas mais ou menos pesadas, inclusive as frequências aos populares aldrabões, que também pelos mesmos motivos, prontificam logo para as abastecerem de uns compostos miraculosos, que nas doses desacertadas, estiveram na origem de algumas mortes prematuras, por dores de barriga bastante estranhas.

 

Sendo um modesto privilegiado, e ainda assim, também um experiente conhecedor da dura realidade com que sempre se debateram, e debatem as diversificadas famílias da sociedade guineense, defendo a ideia de que, os limitados recursos que os seus respectivos chefes conseguem, e com enormes contrariedades angariar, deviam servir em primeiro lugar, a satisfação das necessidades dos seus elementos nucleares; e em segundo lugar, para conservar os cruciais benefícios daquela nossa tradição, de gente solidária, estender algumas vantagens, à família alargada, nas perspectivas dos nossos costumes, considerando os seus ascendentes e os seus colaterais, com o inquestionável objectivo de permitir a evolução do seu todo, num médio prazo, ou num longo prazo.

 

Com as fundamentais reformas anunciadas e em curso no nosso aparelho de Estado, para a modernização da administração pública, muitos jovens quadros, estão prestes a assumir cargos de maiores ou menores níveis de responsabilidade e prestígio. Espero que os decidem, ou deverão decidir essas nomeações, - excepto quando se tratar daqueles casos em que, a confiança política, recomendar alguma prudência - , jamais deixam, ou deixarão de ter em devida ponderação, os também maiores ou menores níveis de habilitação e competência, desses potenciais funcionários públicos.

 

E é justamente para esses entusiasmados jovens quadros, que quero dedicar em primeiro lugar, a principal preocupação nas linhas aqui expostas, para tentar lembrá-los que: não existe garantia melhor, de que uma família consistente e funcional, como alicerce para lançamento, afirmação e sustentabilidade, de qualquer carreira profissional, com relativo sucesso.

Sem ignorar os conhecidos factores, provenientes das intrigas e calúnias, que ao longo dos anos da nossa história, visaram sobretudo sabotar os melhores, e promover os medíocres, ainda assim, sobram os maus exemplos e os bons exemplos, que não faltam entre nós. Tanto houve os que, por razões mais banais, arruinaram uma família, e destruíram uma carreira, assim como os que por razões nobres, dignificaram uma família, e consolidaram uma carreira.

 

Como homem comprometido há uns anos consideráveis, digo em jeito de confidência que, tenho a plena consciência do quanto custa por vezes, contemplar de perto ou de longe, uma encantadora silhueta, e de repente acordarmos para encarar a grande verdade de que, não podemos, pelo menos numa única vida, ter todas elas; e isso pela simples razão de que, é de todo impossível, ter todas elas… Mas o elevado grau do custo, quanto ao ser um dos suportes da instituição família, acompanhou sempre o elevado grau da sua importância, nas diversas sociedades pelo mundo.

 

Portanto, a solução milagrosa, recomenda a valorização na medida certa, daquela que escolhermos como nossa, porque de facto, todas elas, depois de tudo, de mesmo tudo, só nos deixam da mesma maneira!

 

 

Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.         

  

 

ESPAÇO PARA COMENTÁRIOS AOS DIVERSOS ARTIGOS DO NÔ DJUNTA MON -- PARTICIPE!

 


A TER SEMPRE EM CONTA: Objectivos do Milénio

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

www.didinho.org