O SABER NÃO É TÃO VULGAR QUANTO SE JULGA

 

Quando expomos opiniões nossas, a apreciação na sua forma crítica ou elogiosa por parte de quem as lê e interpreta deve ser sempre motivo de análise, ponderação e consideração da parte de quem escreve. Quem escreve precisa ler ou ouvir comentários sobre os seus artigos. Precisa saber como é que a sua opinião é recebida por outras sensibilidades e, acima de tudo, conseguir detectar o grau de assimilação de quem está do outro lado. Quem escreve em jeito crítico não espera nem pretende unanimidade na forma de pensar dos que o vão ler. O espírito do debate de ideias é essencialmente o de sensibilização! Sensibilizar para provocar reacções positivas a nível das capacidades de reflexão e acção das pessoas. Quem escreve, lança ideias para que em vez de uma cabeça, milhares de cabeças se debrucem sobre os mais variados temas e assim, milhares de pontos de vista ajudarem melhor nas tomadas de decisão e na forma de encarar os problemas com que as Sociedades e o Mundo se deparam. Didinho

 

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

11.08.2009

Fernando Casimiro (Didinho)Se discordar de uma opinião é um direito, na maior parte das vezes confunde-se o direito de discordar de uma opinião com uma clara reprovação da forma de ver, de sentir, de pensar e de interpretar determinadas situações, chegando-se por vezes, ao ridículo de se afirmar que o autor da opinião original está errado, quando nenhuma opinião simboliza uma tese científica, antes de ser devidamente tratada e designada como tal...

Por que afirmar que o outro é que está errado, quando não mostramos o que para nós está certo?!

Será que não sabemos todos que cada um tem a sua visão das coisas e que estar de acordo é sempre relativo e por aproximação, desde estar mais ou menos de acordo; estar de acordo e estar totalmente de acordo?

Será que estar em desacordo com a opinião de alguém, não deve merecer primeiro uma auto-análise das nossas próprias capacidades, bem como dos nossos conhecimentos sobre a matéria da qual discordamos?

Será que nos propomos fazer uma leitura abrangente de todas as indicações dos diversos ângulos dos pontos de vista apresentados, para ficarmos a conhecer a capacidade, a motivação/inspiração; as fontes de informação e conhecimento; a linha de orientação, o modelo, as convicções sociopolíticas, religiosas ou outras do autor do texto de opinião?

Será tão vulgar o enquadramento intelectual na decifração/interpretação do pensamento humano, simplesmente pela leitura das letras que formam as palavras?

Será que, por pensarmos pelas nossas cabeças, somos donos do pensamento alheio, confrontando-o com os nossos equívocos, sem tentarmos em primeira instância saber que outras explicações nos podem dar para melhor percebermos os nossos equívocos ou dúvidas?

É claro que, tratando-se de pessoas que lidam com os mesmos assuntos, que têm formação na mesma área do assunto abordado, aconselha-se falar em dúvidas, mas aí, a relação torna-se necessariamente de respeito e consideração pelos valores assentes na formação e conhecimento das partes em disputa. Não há tendência em menosprezar uma dúvida colocada.

Na generalidade, para questões sociopolíticas alargadas, quase todos se acham preparados, ou até, melhor preparados do que outros para falar de algo que equivocadamente se julga simples, fácil, bastando cada um dizer que discorda da opinião de um articulista, de um estudioso, sem considerar a motivação/inspiração; as fontes de informação e conhecimento; a linha de orientação, o modelo, as convicções sociopolíticas, religiosas ou outras, do autor.

Discordar, na verdade é fácil e tende cada vez mais a ser usado como forma de ganhar protagonismo, mas atenção que isso só acontece quando se trata de assuntos teóricos, pois que, em questões práticas, as discordâncias são levantadas geralmente por pessoas capazes, com formação e conhecimento em relação às matérias em discordância. Já os impreparados, esses estão sempre de acordo, pois não querem ser desmascarados com questões tipo rasteira e ficar mal vistos.

Atrevermo-nos a discordar das explicações ou opiniões de um médico, no tocante a assuntos relacionados com a saúde, é um direito, mas, com que base o fazemos se não somos médicos?

Atrevermo-nos a discordar com um sapateiro sobre o trabalho que faz no seu dia-a-dia, quando disso não percebemos,  apesar de parecer algo tão fácil, creio que não faz sentido...

E, seguir-se-iam muitos exemplos comparativos por aí fora, tomando em consideração o que cada um faz, quer como profissão, quer como opção voluntária, e, por referência, as capacidades demonstradas por cada um na sua área de acção.

Estudei apenas até ao 2º ano do Curso Complementar dos Liceus, não tenho diploma de nenhuma área das muitas que debatemos aqui no site www.didinho.org no entanto, preparo-me afincadamente para escrever, partilhar as minhas análises, reflexões, experiências e conhecimentos.

Não sou profissional da escrita, mas creio, muito humildemente, que há pessoas que valem, não pelos seus diplomas, mas pelo trabalho que fazem e dão a conhecer.

Posso discordar de uma opinião, por ser um direito, mas procuro sempre confirmar do autor, o que realmente quis dizer com a sua opinião, que, provavelmente não cheguei a perceber.

Se as explicações não forem convincentes, por eu estar dentro do assunto em questão, então tento justificar, argumentar a minha discordância, mostrando uma outra abordagem, um outro prisma do mesmo assunto.

Prefiro dizer que tenho uma outra opinião em relação a determinado assunto, do que dizer que discordo da opinião de A, B ou C.

Ter uma outra opinião, implica necessariamente apresentá-la, para que se fique a saber o seu conteúdo.

Ter uma outra opinião propicia atenção de parte a parte e muita das vezes, depois da apresentação das 2 opiniões, chega-se à feliz conclusão de que se estava a falar do mesmo assunto, mas, utilizando expressões diferentes.

Já o discordar directo, pressupõe confrontação e reprovação, sendo que muitas das vezes o discordante não chega a apresentar nenhum argumento justificativo da sua discordância.

Temos visto igualmente, pessoas que tentam deitar abaixo os fazedores de opinião e quando esses mesmos fazedores de opinião, ao abrigo do direito de resposta, saem em defesa dos seus pontos de vista, são acusados de não aceitarem opiniões contrárias... Dizer apenas que se discorda é emitir uma opinião, mas não é justificar essa opinião. Por outro lado, há que ter em conta que, o direito de resposta é extensivo ao próprio articulista!

Discordar é fácil realmente, quando não se justifica o porquê de se discordar!

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