O REGRESSO DE JOSÉ AMÉRICO BUBO NA TCHUTO

 

um dia nô tera na sedu orgulho de si fidjus, tarda ou sedu caminho di Amílcar nô na sigui...” (Dulce Neves cantora guineense)



 

Alberto Oliveira Lopes *                                                 

Lopesoliveira27@yahoo.com.br

02.02.2010

Alberto Oliveira LopesO regresso de José Américo Bubo Na Tchuto constitui uma grande preocupação para o chefe do governo guineense Carlos Gomes Junior “CADOGO”; é de lembrar que Bubo foi mantido preso no seu domicilio, a mando do então Chefe do Estado-Maior das Forças Armadas general Tagmé Na waié alegando uma tentativa de golpe de estado, e conseguiu em Agosto de 2008 escapar ao regime de residência vigiada, fugindo para a vizinha Republica da Gâmbia sob condição de asilado político.

Um ano e quatro meses depois Bubo regressa à Guiné-Bissau. Insatisfeito com o regresso inesperado, o Senhor primeiro ministro Carlos Gomes júnior luta a todo custo para ser dono da Guiné-Bissau 〝pressiona〞 a Organização das Nações Unidas (ONU) através do seu gabinete UNOGBIS, a entregar o Bubo. Pois, é preciso que façamos uma análise profunda sobre a preocupação do governo e do Estado-Maior sobre o regresso de Bubo. Porque o comportamento do Sr. Primeiro-ministro é idêntico ao que tinha aquando do regresso de Nino Vieira em 2005. Pergunto como foi o desfecho do regresso de Nino?

Se Bubo foi simplesmente alvo de acusação por parte do ex-Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas ( Tagmé Na Waié) de estar a mobilizar unidades militares para desencadear um golpe de estado. Fato que até hoje a justiça não conseguiu apresentar provas materiais e muito menos, a existência de acusação formal contra o suposto autor do atentado contra a ordem democrática. Pois onde se enquadra a lógica de se preocupar com o regresso de Bubo e não com as investigações de quem matou ou mandou matar o presidente Nino Vieira e o general Tagmé Na Waié?

A verdade é que os supostos mentores do assassinato dessas figuras estão hoje bem servidos e andam com viaturas de luxo na cidade de Bissau. Não se convoca nenhuma reunião de emergência do conselho de ministros, nem há nenhuma preocupação do primeiro-ministro por causa dessas pessoas.

Com que então o Cadogo também se preocupa?

Quando Hélder e Baciro foram assassinados de forma indevida onde se encontrava o senhor primeiro-ministro?

Como conseguiu o senhor primeiro-ministro conter a sua preocupação com a instabilidade quando Tagmé Na Waié e Nino foram assassinados de forma brutal? Ou era porque o vento estava soprando a seu favor?

Onde estava o Cadogo quando o deputado Conduto de Pina e mais outros foram alvo de perseguições, sem falar da tortura ao ex- primeiro ministro Francisco José Fadul na sua residência dias depois de ter acusado o senhor primeiro-ministro de saber da morte de Tagmé e Nino?

Todos esses acontecimentos não constituem ameaça à estabilidade e paz na Guiné-Bissau?

Hoje o senhor Carlos Gomes júnior quer que o Bubo seja entregue às autoridades. Por que não solicitou antes a sua extradição quando se encontrava em terras Gambianas? São muitas as indagações a fazer sobre preocupação de Cadogo em relação ao regresso de Bubo.

Se Bubo cometeu algum crime ou se existe algum processo contra ele, cabe ao Procurador-Geral da República ou outra entidade competente averiguar a veracidade, mediante uma justa investigação.

Creio que o regresso de Bubo não constitui ameaça à estabilidade na Guiné-Bissau, talvez seja, isso sim, um incómodo ao trio: Cadogo, Zamora Induta e António N´djai.

Bubo é guineense como qualquer outro e deve gozar do direito de sair e entrar no país uma vez que não viole as leis nacionais, e a sua integridade física tem que ser garantida pelo governo. Não sou defensor do regresso de Bubo, mas sim defensor da justiça e da legalidade como garante da Constituição e do Código Civil.

Uma suposta entrega de Bubo às autoridades guineenses, de livre e espontânea vontade, deve merecer muita atenção de todos os guineense e em especial de Joseph Mutaboba (da Organização das Nações Unidas na Guiné-Bissau) dada a situação de abuso de poder das autoridades guineenses.

Espero que 2010 seja um ano de lavagem de consciência dos nossos governantes e que, as prisões arbitrárias dêem lugar a investigações e justiça sem discriminação da classe social ou preferência política.

Que seja um ano em que todos os guineenses sintam orgulho em ser guineense e de viver na Guiné-Bissau, e que um dia os ideais de Amílcar Lopes Cabral sejam concretizados por aqueles que sempre acreditaram e continuam a acreditar que os guineenses têm potencial para rerguer uma Guiné melhor e de todos, não um Guiné de senhores donos de todos os poderes.

*Estudante do 4º ano de enfermagem - Brasil


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