O CUIDADO HUMANIZADO

 

Alberto Oliveira Lopes *      

Lopesoliveira27@yahoo.com.br

13.06.2008

Alberto Oliveira Lopes

Quando decidi seguir a área das ciências humanas sempre interroguei a mim mesmo, como encarar o fenômeno cuidar? Será que se limita ao profissional de saúde cumprir os seus deveres profissionais?  

 

Nunca encontrei resposta exacta para essas indagações, com o decorrer dos tempos  vim a desenvolver  um raciocino crítico  sobre o conceito de cuidado que daqui  em diante, estarei abordando.  Também  questionei sempre,  sobre as condições desumanas em que se encontram gestantes (grávidas)  e puerpério  (recém dado à luz) na maternidade do maior hospital  da Guiné-Bissau: “Simão Mendes ” sem esquecer das regiões  que não possuem, pelo menos,  um auxiliar  de enfermagem e muito menos um médico, mas onde as pessoas sobrevivem graças a Deus.

 

Quantas gestantes são desprezadas nos corredores da maternidade, só pelo facto de que, são de famílias pobres ou não têm dinheiro (5.000 ou 7.000 cfa,  avaliado em torno de 7,69 euro) para pagar assistência ou melhor, primeiros atendimentos, que por obrigação da lei, deveriam receber como parte dos deveres do Estado para com o seu povo, sem ignorar as receitas médicas que familiares dos pacientes recebem já com indicações de farmácias onde devem comprar medicamentos, não porque  têm medicamentos mais baratos, mas por motivos de conveniência.

 

Em pleno séc. XXI esses casos já deveriam ser relegados ao esquecimento; ninguém, jamais, deve morrer por falta de assistência como tem sido visto nas diferentes unidades  de  saúde  guineenses.

 

Os profissionais de saúde  acabam rompendo seus juramentos sem dar conta, porque a vida humana, não pode ser trocada por nenhuma moeda neste planeta. Mas todos estes acontecimentos/cenários acontecem devido à falta de ética ou, quando existe, por falta de uma política sustentável de saúde que vise equidade, isto é, atender às populações conforme suas necessidades.

 

O cuidado humano é mais que um simples ato de cumprimento de plantão ou das técnicas. É uma atitude de ocupação, de preocupação, de responsabilidade e de envolvimento ativo com o outro. Toda a ação/ técnica de cuidado a ser prestado, requer consentimento deliberado do paciente, considerando que o corpo biológico é por excelência, o campo de ação mediada pelo psíquico e sociocultural devendo ser cuidado como um todo, não como uma parte.

 

Perante estas implicações é preciso que sejam criadas comissões de educação continuada, partindo do pressuposto de que no transcorrer dos dias surgem novos conceitos que precisam ser aprendidos.

 

Qualquer cuidado com o ser humano exige implicações éticas e isso exige uma preparação técnica e interativa, requerendo do  profissional o estabelecimento de atitudes positivas de afeto e solicitude, até a manutenção deliberada de compreensão, empatia, aceitação e adoção de uma postura de flexibilidade  que permita  reconhecer o outro como um todo.

 

No meu ponto de vista, como futuro profissional de saúde, talvez as abordagens acima referidas  é que faltam ser  cultivadas ou implementadas nos diferentes sectores de saúde na Guiné-Bissau. Às vezes, a forma desumana como as pessoas são tratadas não é porque, os profissionais não sabem que estão fazendo algo que acaba quebrando com os seus juramentos, mas porque não há um órgão fiscalizador destas atitudes e por outro lado porque o paciente, incapacitado de se auto-cuidar, não tem a quem recorrer e se tem o infrator acaba ficando impune.

 

Mães guineenses não fiquem de braços cruzados. É vosso dever denunciar profissionais que cobram de vocês atendimento ou  assistência além do que  é legalmente permitido por  lei ou  conforme as  normas de cada centro de saúde, pois só assim é que poderão reverter esta situação.

 

Juntos, unidos venceremos as barreiras da desigualdade.

 

 *  Estudante de enfermagem

 

 


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