OBSERVAÇÕES

 

 

Cadija Mané

Cadija Mané

18.03.2009

Tenho lido as várias contribuições e tenho a dizer que são deveras importantes e devem ser tomadas em conta, posso até dizer que me sinto envaidecida quando vejo que são contribuições de indivíduos com excelentes backgrounds e que são sobretudo GUINEENSES.

Não obstante, tenho algumas observações a apontar, permitindo-me a ‘audácia’ de as fazer, digo audácia, porque reconheço, que estou entre ‘tubarões’ e eu sou ainda um peixinho pequenininho.

Lendo alguns artigos, houve frases ou palavras que me despertaram a emoção ou a atenção:

1.      1- Alguém disse que a Guine é um ‘país delinquente’, tudo se resolve pela violência, corrupção; outros, de que tornou-se num narco-Estado. Ora bem, penso que, se de facto estamos e aspiramos a uma nova Era, podemos agora fazer uma pausa deste lado tão negativista, embora real, do país e começarmos a contribuir de uma forma mais concreta, lembro do apelo feito, -contribuições de várias medidas necessárias para o ‘encerramento ou fim de um ciclo’. No meu entender é nisto que devemos concertar-nos agora.

Todos os acontecimentos maus até à data de 2 de Março, a meu ver, são heranças negativas que tivemos de uma geração mal-educada ou que não soube assimilar os ideais de CABRAL, o importante agora é reeducar o povo guineense e começarmos a trabalhar.

2.      2- Estado, narcotráfico, e agora respondendo à carta da Zinda Pinto Cardoso - porque é que o país é conhecido agora e rotulado como Estado da droga? A senhora referiu que muitos o fazem, é verdade, mas quando o fazem e se divulga pelos mass media, é porque, presumo, foram feitas várias investigações para que se chegasse a tais conclusões. Ora bem, no caso da Guiné, e porque nós conseguimos ser especiais em tudo, tínhamos que vir à ribalta desta maneira e porquê? Porque o Estado não fez questão de ser discreto, tudo foi feito ‘cara podre’ e descaradamente. Quem divulga os nossos podres não são as televisões, somos nós mesmos, porque temos a cara podre para o fazer, perdemos toda a vergonha!

Refere-se ao ‘Segredo de Estado’, boa! O que é que se esconde na Guiné? Qual segredo, qual Estado? Referiu-se ao ‘respeito pelo povo guineense’, haja respeito, porque se houvesse não estaríamos na posição em que estamos agora! Referiu-se às imagens que mostram as ruas sujas, o hospital sem condições… Por acaso, não são imagens reais? Lembro-me que a Câmara Municipal de Bissau teve alguém que estava disposto a fazer mudanças. O que foi feito dessa pessoa ou quem é essa pessoa? O Hospital Simão Mendes não tem condições, não, não tem! Não existem condições de trabalho nesta instituição; não há materiais de trabalho; não existe sequer um simples algodão; não há reciclagem dos profissionais; não há transferência dos mesmos de região para região e existem zonas de grande debilidade. O que se pode dizer de um hospital sem luz na hora do parto? Sem água? Sem luvas? Sem medicamentos? Sem camas? Sem higiene? Sem pessoal? Não existe um cumprimento ético por parte dos profissionais da Saúde, porque praticam cobranças ilícitas, aquele tal juramento que fazem de salvar vidas e de cuidar do doente/paciente não são mais visíveis; valores como a honestidade e o humanismo estão a enfraquecer. Tudo isto porquê? Talvez porque o próprio Estado, que deveria respeitar o povo guineense, não zela pela sua sociedade, abdicando de proporcionar a todos as necessidades de base ou primárias.

Se não assumirmos que o país está nestas condições, quem o fará por nós? Como havemos de mudar as coisas? Vamos olhar para o país ou vamos continuar a fingir que vemos?

Quanto às várias questões pertinentes que foram levantadas pelo Didinho no debate, elas não tiveram respostas, ou não houve argumento suficiente de resposta. É caso para perguntar, como diz o ditado: ‘quem cala consente?’

3.     3- Alguém disse que estamos no ‘inferno’ ou que o nosso ‘país é o inferno’, a meu ver é ser-se muito pessimista, muitos países deste mundo passaram pelos seus momentos de crise e souberam sair dela, connosco não será uma excepção. Se assim não for então é porque já é o nosso ‘karma’ e assumirei que de facto estamos no inferno!

4.      4- Favoritismo e nepotismo, são elementos reais na nossa sociedade, mas se não continuarmos a trabalhar e os que estão por aí fora já com os seus mestrados, doutorados e competências, se não regressarem, fica um pouco mais difícil! Quiçá, voltando, poderemos juntar as mãos (djunta mon) e ter um papel fundamental no progresso e desenvolvimento do país. A presença e a acção de todos são factores importantes!

Para aqueles mais apetrechados, mais competentes, só tenho a dizer o seguinte: ‘Acções Concretas’.

Um bem-haja a todos e estamos juntos!


PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Associação Guiné-Bissau CONTRIBUTO

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