Nem tudo vai mal na GUINÉ-Bissau

 

 

 

Kharan Dabó *

 

 

27.11.2007

 

 

 

Ao lerem o título deste artigo alguns poderão pensar que sou apoiante do actual regime ou que procuro alguma recompensa daqueles que agora governam. Nada mais falso. Sou um jovem guineense vivendo na  Europa há anos e que  não integra as fileiras dos eternos guineo-pessimistas.

 

Sei que em muitas estatísticas e rankings o nome do nosso país  aparece sempre nas últimas posições e por isso não aceitem este texto como um elogio ao estado das coisas na nossa PÁTRIA.

 

No mar de notícias desatrosas que chegam da Guiné, uma se destacou  pela sua extraordinária anormalidade: GUINÉ-BISSAU primeiro país africano com uma televisão  comunitária a transmitir  por ondas hertzianas.

 

Esta informação encheu-me de orgulho. É uma demonstração perfeita da capacidade dos guineenses.

 

Ao Carlos Schwarz (Pepito) e à sua ONG AD (Acção para o Desenvolvimento) as minhas saudações pelo excelente trabalho que têm realizado não obstante as imensas barreiras que o nível de desenvolvimento da Guiné impõe àqueles que continuam a remar contra a maré.

 

O projecto está numa fase experimental . As emissões da primeira televisão comunitária a transmitir por ondas hertzianas  em África são realizadas em Ingoré (sul da Guiné) para todas as tabankas  dessa localidade. 

 

Os habitantes poderão ver programas sobre o seu quotidiano e  a sua região. As emissões têm uma duração de duas horas diárias e a AD instalou pequenos aparelhos de imagem nas escolas  locais para benefício de toda a população.

 

A experiência de Andrej Kowalski, um polaco que reside em Portugal mas que "descobriu" a Guiné há quase vinte anos, é uma das pedras basilares desta notável iniciativa.

 

Tive o prazer de conhecer  este encenador, realizador, produtor e engenheiro de minas em Lisboa pouco tempo antes de mais uma viagem à Guiné. Na altura falamos com muito entusiasmo do país e descobri  seu vasto curriculum de projectos realizados com e para guineenses.

 

Outra boa notícia é o novo livro de Abdulai Silá a ser lançado brevemente em Bissau.  "AS ORAÇÕES  DE MANSATA"  é uma obra inspirada pelo MACBETH do inglês William Shakespeare. A última obra de Silá é uma peça teatral em seis actos sobre as lutas  na cúpula do poder de um pequeno reino ficcional que bem podia chamar-se Guiné-Bissau.

 

Lamento não poder escrever sempre sobre as coisas boas que acontecem no nosso país porque a distância nao me permite. A verdade é que factos positivos ocorrem na Guiné mas por mais absurdo que possa ser raramente  é informação de primeira página.

 

Continuemos a trabalhar…

 

* Jornalista 

 

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

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