NEM SÓ DE PÃO E ÁGUA VIVE UM POVO

 

Flaviano Mindela dos Santos

 

 

flavianomindela@hotmail.com

 

17.07.2009

 

Uma década, parecendo que não, é tempo demais para determinar o decurso de qualquer facto com algum significado social.  Sobretudo quando se trata de momentos infelizes na vida de uma nação, como é o nosso caso.

 

É verdade que logo após uns anos da nossa aclamada independência, pior do que começarmos a andar para trás, invertemos mesmo a marcha, e estamos nos dias que correm, a caminhar sob um coro de cínicos lamentos, rumo a uma completa anarquia. Por isso mesmo, a par das ansiadas eleições para reposição da impraticável legalidade democrática, seguida de guerras sujas pelo acesso fácil aos múltiplos financiamentos, pintados de fresco com conhecidas substâncias lícitas e ilícitas, também é mais que urgente a rápida reconstrução do nosso histórico Palácio da República, mesmo que só pela importância fundamental que esses edifícios representam nas sociedades, desde que os homens descobriram a necessidade de instituir uma autoridade.

É que pelas contas, já lá vão mais de dez anos caramba! E de todos os projectos anunciados feitos e anunciados adiados, ainda ninguém se dignou falar sequer, de numa possível recuperação daquele precioso instrumento do poder e a sua área envolvente. Simplesmente um absurdo como tantos outros… Mas esse é de um tamanho incalculável!

 

Tal como numa das minhas anteriores reflexões, lembrei que deve ser uma obrigação nossa, colocar os nossos representantes no activo ou não, (embora muitos deles nada fazem para merecer) num nível entre o divino e o mundano, para mais e melhor os podermos responsabilizar, ao mesmo tempo que transmitimos de uma maneira sólida, bons exemplos as nossas futuras gerações, também na mesma linha de pensamento, julgo que os edifícios que representam o poder do Estado, devem merecer semelhante tratamento. Aliás, não é por acaso que, na própria natureza construtiva desses, tanto os de utilidade civil, como os de utilidade religiosa, toma-se em alta consideração, as suas funções como elementos emblemáticos, e pólos urbanísticos. Razão pela qual: o valor civil num caso, e o valor religioso nutro caso, orientam o crescimento dos bairros e a definição das ruas; o valor da monumentalidade, testemunha a força política num caso, e a crença religiosa noutro caso; e o valor de algo transcendental, revela-se em ambos os casos, nas suas visíveis pujanças volumétricas.

 

O meio circundante, molda o desenvolvimento espiritual do indivíduo, e em consequência disso mesmo, pode determinar o seu comportamento perante os desafios da vida; assim como a capacidade individual, também pode moldar o meio circundante, e determinar o seu desenvolvimento. Portanto, a iniciativa do duro e constante exercício de mudança para melhor, deve fazer sempre parte da tarefa dos homens, justamente porque a natureza leva uma vantagem enorme nessa eterna luta.

Fingimos demonstrar alguma repulsa com relação à quantidade e qualidade dos candidatos às últimas eleições presidências, quando na verdade, a engrossar um conjunto das nossas irresponsabilidades, a própria condição física do Palácio, também faz questão de convidar cidadãos definitivamente incompetentes para o cargo, como os tais pretendentes à mais alta magistratura da Nação.

 

Garanto-vos que essa não constitui uma preocupação só minha, nem sequer alguma manifestação de saudosismo colonial. Como muitos mais, pertenço a uma geração que nos agradáveis primeiros anos da juventude, frequentava assiduamente a grande praça em frente ao Palácio, e que interiorizou de todas as maneiras a solenidade desse edifício. Até mesmo através dos relatos pormenorizados de colegas com imaginação mais fértil, ou com razão um bocado para além da média das nossas idades na altura. Esse inconfundível testemunho da nossa história, assistiu em silêncio imperial a muitos encontros e desencontros; inícios de namoros e separações de namorados; mas também o pleno amadurecimento de tantas outras relações entre meninos e meninas da agora superlotada capital do país. E algumas delas, acabaram mesmo em abençoados casamentos, que felizmente vão resistindo no tempo às incontáveis adversidades da nossa terra e do nosso mundo.

Pique e Lia, assim como outros dos vários amigos meus de infância, que Deus vos ajude a manter e a proteger com desejáveis sucessos, as vossas famílias, para todo o resto da vida.  

 

Por favor senhores governantes, se não se importarem, queremos o nosso Palácio de volta.

 

Ser, Conhecer, Compreender e Partilhar.

 

 

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