NÃO SOMOS TELESPECTADORES!

 

"Nós queremos democracia, paz, progresso e justiça; justiça social no nosso país. Naturalmente nós não podemos conseguir isso em dois dias, ou em três dias. Nós temos que ir passo a passo, rumo a este objectivo." Amilcar Cabral

 

Por: Adulai Indjai

Adulai Indjai, jornalista guineense

14.08.2007

Começo este meu pequeno artigo com esta citação impressionante de Amilcar Cabral, um pensamento que nós  traímos com os nossos interesses mesquinhos.  Se conseguíssemos acatar os ideais de Cabral hoje o nosso país não estaria na lista dos países mais pobres do mundo. É triste como só conseguimos fazer o contrário daquilo que este Homem e seus camaradas planificaram.

Os jovens na nossa terra foram vistos e clamados sempre como delinquentes e marginais, não porque corresponda à verdade, mas sim, porque os mais velhos nunca souberam assumir as suas responsabilidades para com esta camada, e sempre tiveram receio da capacidade intelectual e da vontade de fazer e saber dos jovens desta pátria querida. Por isso, fizeram e fazem tudo para obstaculizar os projectos deste grupo nobre.

No nosso país falou-se desde antes do conflito politico militar de 1998 do famoso projecto emprego Jovem, mas que nunca chegou a sair do escritório onde foi planificado. Isto faz parte do fracasso dos mais velhos sem citar outras ideias mal pensados como o documento divisionista da política nacional da Juventude.  

Hoje, dia 14 de Agosto, mês da juventude, uma data ficara marcada na história da Guiné-Bissau. Há dois anos atrás, nesta data, foi lançada a frequência radiofónica mais jovem da nossa querida Guiné, a Rádio Jovem. A sua abertura criou uma certa inquietude na classe política, mas a sua equipa formada por jovens com vontade de fazer algo para o bem da sua nação provou o contrário, mostrando-lhes que fazer rádio não significa fazer batalha política, mas sim, participar na consciencialização do homem guineense face aos problemas mais gritantes da pobreza, porque uma sociedade só avança rumo ao bem-estar quando os seus membros não se sentem molestados nas suas liberdades mais elementares como a de poder exprimir os seus sentimentos, sobretudo, nos momentos difíceis, como os que o nosso país vive neste momento.

A criação deste pequeno elemento teve um objectivo único: participar activamente na criação de uma opinião pública favorável ao desenvolvimento durável da Guiné-Bissau, mas a nossa incapacidade em encarar e conferir um novo rumo ao nosso país, neste milénio cheio  de desafios e de esperanças, fez com que muitos sentissem medo desta instituição de utilidade pública que passados dois anos de sua existência só tem servido o povo, informando e formando toda a sociedade guineense.

É hora de Acção

A  juventude  tem valor  por si mesma; por aquilo que dá,  pela própria verdade do seu ser,  pela fecundade do que dá, disse o Papa João Paulo II.

Se os adultos têm deveres acrescidos com a camada juvenil, com a criação desta estacão radiofónica mostramos ter clara consciência daquilo que somos. Trata-se de um pressuposto  elementar para que possamos dar uma resposta valida aos nossos problemas e os da sociedade em geral, contribuir  para  revitalizar o ambiente onde vivemos não como telespectadores, mas sim, como elementos da sociedade civil capazes de dar a sua contribuição na edificação do nosso país.

No início fomos vistos como contestadores, delinquentes e marginais.

Hoje provamos que podemos e somos verdadeiros protagonistas da mudança! 

Voluntários e responsáveis desde a primeira hora, toda a equipa que participou na elaboração deste projecto assim como os que  hoje fazem parte dele estão conscientes da importância e da utilidade do mesmo na preparação da futura geração de dirigentes da Guiné-Bissau, como forma de evitar os erros do passado.

 Nunca pensaram em reclamar um salário, mas sim, servir a pátria para ganhar o salário mais alto do mundo (AGRADECIMENTO) vindo do povo humilde da terra de CABRAL.

Um recado aos combatentes de microfone da Rádio Jovem

Hoje fomenta-se no nosso país uma cultura de divisionismo, fenómeno marcado pelo sentimento de hostilidade causado pelas ambições mesquinhas e pessoais.

Cientes da união e amor que existe na nossa camada, do sentimento de mudança total e com vontade enorme de ver a nossa terra encontrar um caminho ideal rumo ao desenvolvimento, a rádio jovem surgiu como um elemento de resposta à questão colocada pela relação problemática entre a dinâmica do sistema socio-político, estagnado pelos constantes conflitos de interesse socio-político do homem Guineense.

Retribuindo aos jovens a voz no processo da gerência politica, porque há muitas pessoas que se esqueceram que para que um país atinja o seu apogeu deve apostar seriamente  na formação da camada juvenil (força matriz de qualquer sociedade), na formação para a cidadania (incluindo estruturas como os media enquanto agentes de socialização, os media como recursos de aprendizagem e como campo de estudo e de reflexão sobre a sociedade. Pressupostos que passam necessariamente pela aposta no grupo mais dinâmico da sociedade; a juventude.  

 Segundo Ekman (1985) existem várias formas de mentira: omitir informação verdadeira, falsificar ou apresentar informação falsa como sendo verdadeira, admitir uma emoção dando uma origem falsa para sua causa, contar a verdade falseando-a ou admitir a verdade de maneira tão exagerada que pareça mentira, falar apenas parte da verdade, ou dizer a verdade de forma a parecer o oposto do que é dito.

Para o trabalho Jornalístico é fundamental ter a capacidade de manter uma atitude crítica, de publicar ou não, de dar mais ou menos destaque, de procurar outro ângulo. Ser independente e crítico, e não deixar nunca ser assediado pelos assessores, como forma de produzir mentira para agradar ao chefe, mas sim esclarecer o povo sobre o que se passe em matéria da gestão política do país, porque o nosso papel é o de fazer a ligação entre os dirigentes e os dirigidos respeitando sempre a ética jornalística.

Diz-se que actualmente já não se faz bom jornalismo e que, para vender, vale tudo, nomeadamente a intromissão na vida privada de caras conhecidas, com notícias escandalosas e exacerbadas que fazem as delícias do “zé-povinho” . Deve-se evitar de dar atenção à elite que quer ser vista e ouvida a todo custo na praça pública, mas devemos levar os nossos microfones aos oprimidos psicolgica ou fisicamente, fazer debates de ideias como forma de encontrar soluções  para os problemas mais gritantes do povo.


É bom não nos esquecermos que o poder político vive (também) completamente dependente da Comunicação Social. Embora com objectivos diferentes, influenciam e deixam-se influenciar, mas muitas vezes se confundem, confundindo os cidadãos. É preciso estarmos atentos aos actos e manobras da classe política, porque a nossa missão è informar com isenção.

Hoje os elementos fundadores deste projecto encontram-se espalhados pelos quatro cantos do mundo, preparando-se para estarem aptos para as tarefas  e desafios do processo de desenvolvimento do nosso país. Falo da nossa querida Irmã, Sandra Nandigna, do Euclides Horta, Lassana, Nelson Constantino Lopes, Januário Djaló entre outros. Valeu a pena passar horas a batalhar por este projecto.

Feliz aniversário rádio jovem, desejando que continue a fazer parte da sociedade Guineense para sempre......   

 

      ADULAI INDJAI EM ENTREVISTA SOBRE OS OBJECTIVOS DO MILÉNIO NA GUINÉ-BISSAU

 

 


PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

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