NÃO FOI DESTA QUE O MESTRE SAIU A PERDER

 

 

Flaviano Mindela dos Santos

 

 

flavianomindela@hotmail.com

 

 29.07.2009

 

Com a eleição do novo Presidente da República, concluímos mais desta vez, as mais básicas formalidades requeridas aos Estados Democráticos. E acontece que para mais, antes da publicação oficial dos resultados, por mérito de dois partidos com maiores responsabilidades em quase tudo o que a nossa sociedade vive e sofre hoje, houve assinatura de um tal memorando de entendimento, onde, para além de garantirem um digno estatuto ao desde há muito sabido derrotado, comprometeram-se igualmente na aceitação dos resultados das últimas eleições presidenciais ainda por publicar, sejam eles favoráveis ao candidato apoiado por um ou outro partido, parte na disputa eleitoral; o que foi uma autêntica patetice política! Sim… Porque nós como povo e como júri que constituímos nos particulares dias das eleições, com essa incrível ignorância dos políticos, sentimos os nossos direitos fundamentais reduzidos ao mínimo, e o nosso singular poder do voto, na eminência de ser usurpado!

Como é que depois de exercermos o nosso direito no escrutínio, vêm os partidos, - que até porque, só indirectamente foram julgados nas referidas eleições - demonstrarem que podem aceitar ou não aceitar, os resultados em consequência do exercício desse poder fundamental, fundamento da democracia e do desenvolvimento?!

Como é que o PAIGC com o seu candidato perante uma vantagem inequívoca nas intenções do voto, que aliás foi experimentado e bem, na primeira volta, aceitou assinar um acordo desse tipo?!

Porquê que o PAIGC com uma larga e confortável maioria parlamentar, aceitou assinar um acordo desse tipo?!

Porquê que o derrotado numas eleições presidenciais, deve merecer um outro estatuto, sem ser o de um cidadão que tentou fazer-se eleger?!

Porquê que um comum beneficiário do estatuto de antigo Presidente da República, deve acumular esse honrado estatuto, com mais outro de derrotado numas eleições presidenciais?!

Porquê que parte dos fundos públicos, que com certeza serviriam melhor nos cuidados da saúde e da educação, deverão cobrir despesas voláteis de um ilustre cidadão, que durante o seu mandato como Presidente da República, prestou de maneira deliberada um péssimo serviço ao país, e que agora foi rejeitado através duma rigorosa sentença maioritária?!

Será assim, sempre que um eventual líder do PRS decidir candidatar e perder, em todas as outras seguintes eleições presidenciais?!

Enfim… Mas vamos falar dos reais propósitos da genial cartada. Por acaso, foi a primeira vez que o agora Moahmmed Ialá Embaló, reconheceu os resultados eleitorais, e felicitou publicamente o respectivo vencedor, logo depois da publicação oficial dos resultados.

À semelhança do que ele conseguiu no passado recente, quando noutro golpe de mestria, garantiu um oásis nas desérticas terras marroquinas, esse maquiavélico líder dos chamados renovadores, confrontado com a nítida impossibilidade de chegar ao cargo em disputa, optou mais uma vez por assegurar um relativo conforto para si, e para algumas das figuras enigmáticas, que gravitam o seu pequeno universo.

A receita para o sucesso, só variou na forma de aplicação. Bastou uma lembrança de que tem na sua posse mais lenhas, para lançar sem hesitar, na de momento pálida fogueira, através das infantis declarações do seu então director de campanha, para que quase tudo volte a obedecer as suas profundas conveniências.

Ganhou o candidato apoiado pelo PAIGC, mas o PRS conseguiu conservar uma grande vantagem política, que de maneira bem manobrada, servirá para aumentar o seu protagonismo nacional nos próximos tempos:

Se a partir de agora prevalecer a estabilidade política, tão desejada por todos os progressistas, para além do PRS passar a figurar bem na vitrina política, como sendo uma oposição responsável, ainda ficará no ar o facto de que, com boa vontade, facultou um precioso beneplácito governativo ao PAIGC;

Se pelo contrário começarem a ganhar significativas relevâncias os conhecidos e incontornáveis conflitos de interesses dentro do PAIGC, e em consequência disso, surgirem algumas perturbações políticas a nível do funcionamento das instituições da República, a actual liderança no PRS, com o seu quase invariável peso eleitoral, reafirmará o seu partido como a mais natural alternativa ao poder.

 

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