NA HORA DO ADEUS A LUÍS CABRAL, O SIMBOLISMO DA SOLIDARIEDADE E DA MULTICULTURALIDADE

É aqui, no Jazigo 6660 da Família Almeida, no Cemitério do Alto de São João em Lisboa, que repousam os restos mortais de Luís Severino de Almeida Cabral, primeiro Presidente da Guiné-Bissau

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

02.06.2009

Fernando Casimiro (Didinho)Reconhecimento, Solidariedade e Multiculturalidade, juntaram-se na hora do adeus a Luís Cabral!

Inúmeros cidadãos comuns da Guiné-Bissau, de Cabo Verde, de São Tomé e Príncipe, de Angola e de Portugal, sobretudo, para além do Primeiro-Ministro da Guiné-Bissau e Presidente do PAIGC, Carlos Gomes Jr., do Presidente de Cabo Verde, Comandante Pedro Pires, do antigo Presidente de Portugal, General António Ramalho Eanes, dos antigos Presidentes de São Tomé e Príncipe, Manuel Pinto da Costa e Miguel Trovoada, prestaram hoje, 2 de Junho de 2009, as suas últimas homenagens a Luís Cabral, primeiro Presidente da Guiné-Bissau, falecido a 30 de Maio último, no Hospital de Torres Vedras em Portugal.

Quem assistiu, provavelmente poderá não se ter apercebido da nobreza de um acto simples, que soube unir guineenses de todas as cores, pois a Guiné-Bissau, quer se queira quer não, é um país Multicultural onde não pode haver lugar para "minorias étnicas" ou guineenses de 1ª e de 2ª classe.

Na hora do adeus a Luís Cabral, foi positiva a demonstração da Guinendade assente na Multiculturalidade!

Hoje, ainda que alguns recusem aceitar que a motivação do Golpe de Estado de 14 de Novembro de 1980, que derrubou Luís Cabral, foi pela mesquinha questão da definição de quem é ou não puro guineense, a verdade é que a própria Lei da Cidadania da Guiné-Bissau, bem como o artigo 63 da Constituição da República, documentos elaborados anos depois desse Golpe de Estado, são demonstrativos dessa tendência xenófoba e contrária ao espírito da Unidade e Luta, lema lançado por Amilcar Cabral e que galvanizou guineenses e cabo-verdianos, unidos pela mesma causa, para a vitória que permitiria as independências da Guiné-Bissau e de Cabo Verde.

Tomando em consideração as providencias do Governo da Guiné-Bissau devido ao falecimento de Luís Cabral, venho pedir publicamente ao Sr. Primeiro-Ministro Carlos Gomes Jr., na sua qualidade de Presidente do PAIGC partido com maioria parlamentar, que sensibilize os deputados do seu partido para o debate na Assembleia Nacional Popular, da presente Lei da Cidadania da Guiné-Bissau, bem como do artigo 63 da Constituição da República, no sentido de uma revisão quer da Lei da Cidadania quer do artigo 63 da Constituição, pois, estou certo que se devolveria honra e dignidade a todos os combatentes da liberdade da pátria, bem como se estaria a repor a verdade histórica da identidade multicultural do povo guineense.

Com este gesto, também se devolveria o estatuto de cidadão guineense de pleno direito, quer a Amilcar Cabral, quer a Luís Cabral, porque ambos, à luz da presente Lei da Cidadania e do artigo 63 da Constituição da República, não são definidos como cidadãos guineenses de pleno direito, o que é um grande paradoxo!

Tal como escrevi a 31 de Maio:

Luís,

Descansa em Paz, tu que soubeste ouvir quase tudo e quase todos contra ti, da forma mais natural possível, ou seja, fazendo Fé que Deus um dia iria clarificar as injustiças da verdade da grande mentira que te derrubou do poder e traçou o rumo da desgraça para a Guiné-Bissau.

Não foste nem te tornarás Santo, mas em vida, não foste mau como os que o tempo acabou por confirmar como tendo sido os piores filhos da Guiné-Bissau!

Para onde fores, continua a ser PATRIOTA, continua a pedir o melhor para a tua Guiné-Bissau e para os teus irmãos guineenses!

Até sempre!

O LUÍS CABRAL QUE CONHECI ERA UM PATRIOTA E UM HOMEM BOM! 01.06.2009

 

 

 

 

 

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