MEMÓRIAS….

 

 

 

 

 

Cadija Mané *

cadija.mane@gmail.com

21.12.2010

Cadija ManéNesta terra de gentes que andam ali, acolá, em busca de algo?

Andam ali, em busca de um sentido?

 

Esta gente desta terra, estas viv’almas…esta gente que procura  no vazio, cujos sentimentos são a ambição, a mesquinhez e o deixa andar…nós por cá de tão longínquo é o caminho, tal é a distância, tal é a vista do mar daquela pequena ilha, desta que é tão solitária, tão cheia de segredos e também de desespero…nós por cá caminhamos sós, em conjunto choramos em silêncio, temos medo de recordar palavras, de recordar pensamentos, palavras soterradas, pensamentos esquecidos!

 

Queremos fugir e ir para bem longe, ganhar asas e voar, estar ali, aqui e em todos os lados, respirar fundo e sentir que onde quer que eu vá estarás lá comigo, estarás connosco, és meu, só meu, unicamente a minha alma, não nos abandonas, não me deixas!

 

Dos desejos de um beijo que eu jamais provei igual, do desejo do teu cheiro, do teu calor, do teu corpo, das nossas loucuras, de tudo isto sem te ter, sem mo dares…desejamos-te a toda a hora, a todo o segundo, a cada instante, a cada momento, vagueio, vagueamos, sinto-me, sentimo-nos sós…nada temos a ver com esta gente que busca outras coisas que eu não busco, que nós não queremos, estas pessoas que não conseguem ver para lá do horizonte, para lá das coisas belas, que não consegue do seu umbigo fazer um dia feliz, um dia colorido, vivendo por e para coisas mesquinhas, desejos mesquinhos, desejo do deixa andar….

 

E tu, meu pássaro, por onde andas que não ouves o meu apelo, o meu grito, a minha dor, o meu desejo, as minhas lágrimas, a minha mais que tudo, solidão?

 

E tu minha querida, por onde anda a tua alma que não olha para mim, por nós, onde estás que não escutas o meu chamado, onde estás que não vês que preciso de ti, precisamos de ti, preciso ver-te, abraçar-te e dizer-te que finalmente estamos juntas e vou poder receber todo o meu carinho…onde anda a tua alma de beleza imensa, de plenitude, onde estás que não me levas, onde estás que não me dizes que cresci e que me tornei numa linda menina, a tua menina?!

 

E tu que pareces um vento brincalhão, sopras em todos os lados, estás em todo o lado e quando passas por mim é só uma pequena brisa que sinto, não te sinto forte e com vontade de me levares, levas assim tanta gente? Sopras em tantos cantos que não reparas num  único canto que te quer a toda a hora, o canto da minha vida, o canto do meu coração, pára um pouco, deixa de ser vento, sê o meu dia, a minha noite, o meu sol - aquele que só ilumina e aquece a minha vida!

 

 

** Memórias guardadas, sentimentos mistos depois de alguns meses em Bissau, o choque, a perda da minha avó e a vontade de deixar tudo voltar. Reflexo de um tempo que não volta atrás mas que exige na mesma mudança.

 

* Socióloga

 

Cadija Mané

 

 

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