Limpemos as lágrimas

 

 

 

Por: Edson Incopté *

 

20.03.2008

 

 

Chegou a hora de começarmos a ver a nossa Guiné de olhos limpos, sem lágrimas e sem ódios a ninguém. Já passa do tempo de ouvirmos Bissau sem o choro de balas, que já lá vai, sem o grito das crianças com fome, sem o choro das mães que perderam filhos em vão. Está na altura de sentirmos a nossa terra com o coração, rejubilantes de orgulho de sermos Guineenses.

A Guiné-Bissau é de todos e de cada um de nós! E está na altura de todos os filhos da Guiné começarem a sentir vontade de fazer parte da mudança daquele maravilhoso chão. Não quero com isso dizer que todos temos de lá mandar, que é o que passa pela cabeça da maioria dos governantes que têm desfilado pela terra! Todos eles com um grande desejo do poder, de mandar e desmandar. Podemos todos fazer parte da mudança com a sensibilização dos nossos irmãos, com o apoio às pessoas certas, sem entrar em etnicismos que na minha opinião não têm qualquer fundamento, porque antes de ser BALANTA, FULA, PEPEL OU MANDJACO sou acima de tudo Guineense! Só quando se é Guineense se consegue ser dessas etnias! Eu não conheço nenhum Angolano ou Cabo-Verdiano FULA, BALANTA ou de qualquer outra etnia existente na Guiné. O nosso conceito de patriotismo tem que ser superior a qualquer outra influência ou necessidade que nos possa levar a tomar decisões baseadas em interesses individuais ou de um grupo restrito de pessoas.

Meus irmãos e irmãs, chegou a hora de querermos realmente a mudança, porque para fazer parte dela é preciso desejá-la de verdade! A Terra é nossa, os problemas são nossos e a solução tem obrigatoriamente que passar por nós. Quero com isso dizer que temos de ser nós a procurar resolver os nossos problemas e não ficarmos à espera que os outros resolvam os problemas que, afinal de contas, fomos nós que criámos. Devemos acima de tudo interiorizar o famoso ditado chinês, que diz o seguinte: “Se encontrares um pobre em vez de lhe ofereceres um peixe ensina-lhe a pescar.” É isso mesmo meus irmãos. O máximo que os outros podem fazer por nós, é ensinarem-nos a resolver os nossos problemas, porque temos que ser nós a resolvê-los! Eu sei muito bem que a aprendizagem é feita todos os dias, a avaliação é contínua e que a maior escola é a vida e o tempo. Mas sinceramente o nosso estudo já dura mais de 30 anos, não acredito que ao longo desses anos todos não tenhamos aprendido a resolver pelo menos parte dos nossos problemas. Sem querer ser juiz, mas já sendo, para mim se resume tudo numa questão de falta de vontade por parte dos governantes que o nosso chão tem conhecido. Pessoas sem o mínimo de dignidade ou de carácter, que insistentemente amassam o povo com falsas promessas na altura das eleições mas quando chegam ao poder esquecem-se completamente de quem os fez lá chegar e põem-se a fazer slogans do género: “Terra ranca, terra ranca.” Como se as pessoas não tivessem a plena consciência de que a terra só arrancou para um grupo muito restrito de pessoas. Pessoas que nada tinham até passarem a fazer parte dos altos quadros do Governo Guineense e não vale mesmo a pena estar a citar nomes, porque uma grande parte se encontra em tal situação.

O barco da mudança já está a navegar em direcção ao porto de Pindjiguiti é uma questão de os que quiserem fazer parte dela nadarem até ao barco. E, meus irmãos, esse nadar até ao barco exige muita luta, vontade e determinação de todos os aspirantes a participar na mudança do grande chão de Cabral.       

                    

* 20 anos de idade, estudante do Curso Profissional de Informática de Gestão

 


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