Fernando Jorge Pereira, correspondente do Expresso na Guiné-Bissau, foi detido, na tarde de hoje, pelas autoridades policiais daquele país, quando realizava uma reportagem sobre o narcotráfico no sul do território. Nos arredores do aeródromo de Bubaque, no arquipélago dos Bijagós, o delegado da Polícia de Informação do Estado (PIE), Aliu Ducuré, procedeu à detenção arbitrária do repórter, sem nunca se identificar.

Já na esquadra da localidade, Fernando Jorge Pereira foi coagido a reconhecer que tinha desobedecido à autoridade, o que não fez, tendo-lhe sido de imediato dada ordem de prisão. “Não assinei nenhum dos documentos que me puseram à frente. Quanto ao funcionário da PIE, "apresentou-se sem distintivo nem farda”.

Depois de algumas horas de tensão, o correspondente do Expresso foi libertado, mas está obrigado a apresentar-se amanhã, pelas 9h locais (10h em Lisboa), novamente na esquadra de Budaque, para prestar mais declarações.

Na altura da detenção, o jornalista tirava fotografias ao aeródromo de Bubaque. Segundo fontes oficiais em Bissau e das próprias Nações Unidas, na região, várias pistas estão a ser utilizadas para o transporte de cocaína, que chega ao território via América Latina e dali parte para África Ocidental, Magrebe e, posteriormente, para a Europa.

O Expresso continuará a sua investigação, na sequência do que tem feito nas últimas três semanas. Nos trabalhos já publicados, foram denunciados casos de narcotráfico que envolvem a estrutura militar e política daquele país. Registe-se que o próprio delegado da Polícia de Informação, Aliu Ducuré, ameaçou várias vezes o jornalista do Expresso, revelando saber perfeitamente “o que ele estava ali a fazer”.