IMPLICAÇÕES E IMPLICADOS - O SEGREDO DE JUSTIÇA (2)

 

A MENTIRA É APENAS UMA VERDADE ADIADA...Didinho

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

27.06.2010

Fernando Casimiro (Didinho)O Presidente da República, Malam Bacai Sanhá, errou, quando recentemente em França fez as declarações que fez sobre os processos das investigações judiciais em curso, relativamente aos assassinatos de Tagme Na Waie e João Bernardo "Nino" Vieira, ocorridos a 01 e 02 de Março de 2009, respectivamente.

No seu regresso a Bissau, o Presidente da República voltou a errar ao "puxar dos galões" para reafirmar o que dissera em França, lançando claramente suspeitas contra personalidades políticas que fazem parte do actual governo, bem como, contra altas figuras militares que não os que actualmente controlam as Forças Armadas e, porque não dizê-lo, o país.

Teria o Sr. Presidente da República cometido o mesmo erro 2 vezes por ninguém lhe ter alertado sobre isso?

Não! A meu ver, há um detalhe muito importante que demonstra que o Presidente da República ao proferir as acusações que fez, agiu simplesmente em retaliação às alegadas acusações que contra ele e o seu filho tinham sido publicadas no jornal "Luanda Digital", conotando-os com o narcotráfico. As datas entre a publicação da notícia pelo "Luanda Digital" e a entrevista concedida pelo Presidente Malam Bacai Sanhá à revista "Jeune Afrique" mostram-nos, de forma esclarecedora, que o Presidente da República agiu por vingança e má fé, como que admitindo que a notícia divulgada pelo "Luanda Digital" pudesse ter sido facultada por elementos da "ala" do Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr., pois nessa altura foi (e ainda hoje é) notória uma "guerra aberta" na Internet, principalmente, entre as "alas" de Malam Bacai Sanhá e de Carlos Gomes Jr., guerra essa que permite a cada defensor dos verdadeiros interesses da Guiné-Bissau e do povo guineense, analisar e concluir que as "alas" de um e de outro, a exemplo dos protagonistas, Malam Bacai Sanhá e Carlos Gomes Jr., apenas defendem interesses de conveniência, não se preocupando minimamente com a causa maior, a Guiné-Bissau, e com o único prejudicado com a permanente instabilidade no país, o povo guineense!

A notícia que caiu mal ao Presidente Malam Bacai Sanhá foi publicada no dia 28.05.2010. As declarações de Malam Bacai Sanhá foram proferidas no dia 01.06.2010...visando claramente o Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr., ainda que não se referindo directamente a ele.

Quando Malam Bacai Sanhá afirma que, por ser Presidente da República, está na posse dos relatórios preliminares da Comissão de Inquérito sobre os assassinatos de Tagme Na Waie e Nino Vieira e que os guineenses precisam saber a verdade que consta desses relatórios, como escrevi recentemente, está a violar o Segredo de Justiça!

Pelo que consta do artigo 80º do Código do Processo Penal, as declarações do Sr. Presidente da República violam o compromisso de fidelidade de quem tomou contacto/conhecimento de um processo judicial em curso.

ARTIGO 80º do Código do Processo Penal da Guiné-Bissau

(Segredo de justiça)

1. Todos os participantes e quaisquer pessoas que, por qualquer título, tomarem contacto com o processo e conhecimento, total ou parcial, do seu conteúdo, ficam impedidos de o divulgar.

Retomo hoje esta questão porque, pela 2ª vez, desde que o Presidente da República proferiu as declarações sobre o envolvimento de políticos e militares nos assassinatos de Tagme Na Waie e Nino Vieira, o Partido da Renovação Social - PRS exige que o Presidente da República dê a conhecer os nomes dos políticos e militares envolvidos nesses assassinatos e constantes desses relatórios que o Presidente da República diz possuir.

A pressão do PRS é estratégica, já que também está na posse desses relatórios e sabe que nele consta o nome do Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr., como alguém que está em Bissau e que também já teve acesso aos relatórios, me confirmou recentemente.

A divulgação pública desses relatórios, mesmo sendo preliminares, obviamente que "forçará" a demissão do ainda Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr., um Primeiro-ministro a prazo, o que é perigoso para a defesa dos interesses do Estado, já que, fragilizado e permanentemente chantageado, vai cedendo, tal como cedeu na nomeação de António Indjai para Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas e quem sabe, a seguir ser-lhe-á imposta uma remodelação governamental, reconsiderações, anulações de acordos já assinados entre uma série de hipóteses a considerar, pois está a prazo e sabe-lo melhor do que ninguém!

Com a nomeação de António Indjai para Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, pretende-se forçar a um extremar de posições a nível das relações de cooperação existentes entre a Guiné-Bissau e a União Europeia, por exemplo, seu principal parceiro.

Pretende-se que a Guiné seja "abandonada", para que o narcotráfico se afirme fruto desse "abandono".

Se o Governo de Carlos Gomes Júnior for derrubado, não haverá eleições tão cedo, pois tem sido a União Europeia e as Nações Unidas, as principais fontes de financiamento e patrocínio das eleições na Guiné-Bissau e o Governo de iniciativa presidencial que vier a ser formado e que não precisa de eleições, contará com inúmeras figuras do PRS... Digamos que o PRS apenas quer o derrube de um Governo, para de seguida, fazer parte de um outro Governo, que não foi legitimado nas urnas. Isto não é defender o interesse nacional, não é fazer oposição, não é fazer política!

Que se critique o Governo de Carlos Gomes Júnior, que se denuncie a gestão danosa e os crimes cometidos por Carlos Gomes Júnior e que se apresentem provas das acusações na Assembleia Nacional Popular, onde o PRS tem assento parlamentar e que perante essas provas, a Assembleia Nacional Popular formule ao Ministério Público um pedido de investigação e consequente abertura de Processo criminal ao Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior. Tudo isso seria correcto e visto como um posicionamento natural, se o PRS ou qualquer outro partido político assim tivesse agido, mas não foi, não é o caso!

O PRS exige a divulgação de nomes de implicados nos assassinatos de Tagme Na Waie e Nino Vieira, mas esquece-se de que o seu líder Kumba Yalá acusa quando quer e quem quer, sem nunca ter apresentado provas das acusações que faz...

O PRS, infelizmente, só vê criminosos na pessoa do Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior e do Almirante Zamora Induta, quando há mais, muitos mais, inclusive no seio do próprio PRS...

Que o PRS tenha a coragem de divulgar os nomes constantes nesses relatórios, ao invés de exigir ao Presidente da República que o faça, pois o PRS está há muito, na posse desses documentos e não avançou com os nomes, para não ser conotado como parte envolvida no que tem estado a acontecer na Guiné-Bissau desde o passado dia 01 de Abril.

Não é demais dizer que, falar de eleições na Guiné-Bissau perdeu todo o sentido. O voto popular nunca chega a ser respeitado. Os milhões que são disponibilizados para as eleições perdem-se ingloriamente a cada vez que o poder legalmente instituído é demitido pela força das armas ou por golpes palacianos.

Na Guiné-Bissau de hoje, o narcotráfico, que apoia financeiramente os partidos políticos e candidatos presidenciais, influenciará qualquer eleição que vier a ser realizada no país. Eles aí estão, comprando terrenos por todo o país, construindo pequenas infra-estruturas de utilidade básica para as populações, no sentido de contar com os seus votos sempre que houver eleições. Muita gente não está a par desta realidade. A situação é GRAVE!

O Presidente da República tem a palavra, já que traindo o Segredo de Justiça ao dar a conhecer publicamente, partes de conteúdos de relatórios preliminares, de processos por concluir, é obrigado a gerir o clima de suspeição que levantou.

Se o Presidente da República realmente quisesse agir em nome da verdade e do interesse nacional e não em retaliação, impulsionado pelo espírito de vingança contra o Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr.;

Se o Presidente da República tivesse confirmação do Ministério-Público e autorização para abordar uma questão de foro judicial do Estado, e abrangido pelo Segredo de Justiça, por que não convocou, para consulta, o Conselho de Estado, já que alegadamente, altas figuras civis e militares estão referenciadas nos relatórios preliminares, tendo preferido descarregar a sua raiva através da revista "Jeune Afrique", desrespeitando o povo que o elegeu, desrespeitando as instituições da República e o país?!

Se o Presidente Malam Bacai Sanhá quisesse realmente posicionar-se do lado da verdade, não deveria tomar partido dos golpistas do passado dia 01 de Abril, pois que, António Indjai comandou o grupo que matou o ex- Presidente Nino Vieira, para além de estar envolvido no narcotráfico. Mas infelizmente, sobre António Indjai, o Presidente da República continua a ter e a partilhar as melhores referências... Onde está a verdade Sr. Presidente Malam Bacai Sanhá?!

Esteja ciente Sr. Presidente Malam Bacai Sanhá, que mais verdades serão conhecidas,  incluindo as que o Sr. Presidente tem estado a ocultar, por conveniência, por cumplicidade...

Sobre as boas relações que o Presidente Malam Bacai Sanhá continua a dizer que mantém com o Primeiro-ministro Carlos Gomes Jr. e vice-versa, os guineenses dispensam essa hipocrisia!

REAFIRMO: O meu partido é a Guiné-Bissau, o meu compromisso é com a  Guiné-Bissau e com o povo guineense! Não alinho em "alas", tenho a verdade como princípio e a Justiça como valor na minha afirmação como ser humano íntegro!

 

IMPLICAÇÕES E IMPLICADOS - O SEGREDO DE JUSTIÇA 13.06.2010

ONDE ESTÁ O PODER JUDICIÁRIO DA GUINÉ-BISSAU? 06.04.2010

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

 

PR reafirma envolvimento de personalidades políticas nos assassínios de "Nino" Vieira e Tagmé Na Waié

Bissau, 09 jun (Lusa) -- O Presidente da Guiné-Bissau reafirmou hoje que personalidades políticas estiveram envolvidas nos assassínios de "Nino" Vieira e Tagmé Na Waié e que como chefe de Estado deve dizer a verdade que um dia será tornada pública.

Em declarações aos jornalistas após ter regressado ao país proveniente de França, Malam Bacai Sanhá afirmou que perante as informações de que dispõe não podia evitar falar do assunto e nos moldes em que o fez.

"Evitar porquê? Eu não sou um Presidente de ziguezagues. Digo aquilo que penso e aquilo que sei. Eu sou Presidente da Republica, por conseguinte estou na posse dos relatórios preliminares da comissão de inquérito e os relatórios dizem isso", disse Malam Bacai Sanhá.

Fonte: Agência Lusa

 

Com nomes de políticos, deputados, militares e empresários EUA vão divulgar lista com 120 nomes de guineenses suspeitos de narcotráfico

2010-05-28 13:03:44
 
Luanda - Os Estados Unidos da América estarão a ultimar uma lista com 120 nomes de cidadãos guineenses suspeitos de envolvimento no narcotráfico.

Esta lista incluirá nomes de políticos, deputados, militares e empresários guineenses que não só verão os seus bens nos EUA congelados, à semelhança de Bubo Na Tchuto e Papa Camará, como também serão objecto de um forte controlo por parte das instituições de combate à criminalidade internacional.

O Luanda Digital conseguiu apurar que uma das empresas visada poderá ser a AFRIPECHE, empresa de pesca e exportação de peixe sedeada em Bissau e gerida por «Bacaizinho», filho do Presidente da República da Guiné-Bissau.

Segundo a investigação realizada, a AFRIPECHE é suspeita de no âmbito das actividades de pesca e distribuição funcionar como agente facilitador do narcotráfico.

O caso poderá ganhar contornos de escândalo em termos da política guineense uma vez que entre os proprietários da empresa está o Presidente da República Malam Bacai Sanhá, que detém uma participação não divulgada na empresa.

Um dos factores que terá levantado as primeiras suspeitas das autoridades norte-americanas terão sido as ligações da empresa às ilhas Canárias, Senegal e Marrocos, importantes portas de entrada de cocaína em território europeu.

Rodrigo Nunes


(c) PNN Portuguese News Network

 

ENTREVISTA À REVISTA JEUNE AFRIQUE

 

Malam Bacai Sanha : "Des hommes politiques sont impliqués dans l'assassinat de Nino"

01/06/2010 à 15h:15 Par Pierre-François Naudé

Le président bissau-guinéen, Malam Bacai Sanha.Le président bissau-guinéen, Malam Bacai Sanha. © Vincent Fournier pour J.A.

Le président bissau-guinéen Malam Bacai Sanha revient sur les troubles dans son pays. Et affirme, pour la première fois, que des hommes politiques sont impliqués dans le double assassinat de l'ex-président Bernardo "Nino" Vieira et du chef d'état-major des armées, Tagmé Na Waié, en mars 2009. Interview.

Jeune Afrique: Que s’est-il passé le 1er avril quand le chef d’état-major de l’armée, José Zamora Induta, a été renversé par son adjoint, António Indjai ?

Malam Bacai Sanha: C’est un conflit personnel entre deux hommes qui a dégénéré. Induta est arrivé à son poste en mars 2009, juste après l’assassinat de l’ancien chef d’état-major Tagmé Na Waié, avec pour mission de réformer l’armée. Il n’avait jamais été chef d’unité, à la différence d’António Indjai, un vétéran de la guerre d’indépendance, très respecté par les soldats. Quand Indjai a appris qu’Induta préparait sa destitution, il a pris les devants.

Que va-t-il advenir des personnes arrêtées?

Induta a été mis aux arrêts avec le chef du renseignement militaire, le colonel Samba Djaló. Il est accusé d’abus de pouvoir, de détournement de fonds, de trafic de drogue… Tous devront s’expliquer devant un tribunal militaire, y compris Indjai.

Où en est l’enquête sur les assassinats de l’ex-chef de l’État João Bernardo Vieira et du général Tagmé Na Waié?

Elle avance lentement, car nous avons peu de moyens et nous n’en avons pas obtenu davantage de l’ONU, malgré nos sollicitations. Mais d’ici quelques semaines, la commission d’enquête présentera ses conclusions préliminaires. Tout ce que je peux dire, c’est que des personnalités politiques sont impliquées dans ces assassinats.

Quelles personnalités?

Pour le moment, je ne peux pas en dire plus.

L’armée est une source d’instabilité en Guinée-Bissau. Peut-on la réformer?

Oui, et c’est ce qu’elle souhaite! Mais il faut des financements: on ne peut pas placer à la retraite des militaires, qui ont parfois trente ans de service, sans indemnités ni pension. Au total, cette réforme coûte plus de 50 millions d’euros, 100 millions si l’on inclut les services de sécurité.

Le 8 avril, les États-Unis ont gelé les avoirs du contre-amiral José Américo Bubo Na Tchuto, un proche d’Indjai, qu’ils soupçonnent d’être un narcotrafiquant. Que comptez-vous faire?

Nous avons aussitôt demandé aux Américains de nous fournir des preuves, pour que nous puissions agir de notre côté. Pour l’instant, nous n’en avons reçu aucune.

L’État a-t-il les moyens de lutter contre le trafic de drogue?

C’est une de nos priorités, au même titre que la réforme de l’armée, mais nous avons besoin d’aide supplémentaire.


Propos recueillis par Pierre-François Naudé.

http://www.jeuneafrique.com/Article/ARTJAJA2576p038-039.xml1/drogue-cocaine-armee-interviewmalam-bacai-sanha-des-hommes-politiques-sont-impliques-dans-l-assassinat-de-nino.html

 

Exemplo de um texto da ala favorável ao Presidente Malam Bacai Sanhá

 

DAS PERSONALIDADES ENVOLVIDAS NOS ASSASSINATOS DE NINO E TAGME NA WAIE: PORQUE A AFIRMAÇÃO DE BACAI SANHÁ FAZ ONDAS NAS HOSTES DE CARLOS GOMES JÚNIOR?

Article posté le 12-06-2010


A Guiné Bissau realmente deseja o estabelecimento de uma paz permanente? A questão é pertinente nos dias de hoje, porque desde que o Presidente Bacai Sanha, revelou que há personalidades envolvidas no duplo assassinato de Nino e Tagme Na Waie, as pessoas não cessam os rumores considerando de muito perigosa a declaração do seu Presidente. No entanto, não há mal nenhum nessa declaração.
 Ela deve antes de mais tranquilizar os guineenses sobre o compromisso assumido pelo Presidente da República de encontrar os assassinos dos dois homens e que a lei seja aplicada para que os crimes desta natureza não voltem a repetir-se no país. É a via real para acabar com esta série de assassinatos de figuras públicas.  Outrossim, as pessoas esquecem-se de que o Presidente Bacai Sanhá prometeu durante a campanha eleitoral trazer a verdade sobre o assassinato de Nino e Tagme Na Waie para que esses criminosos sejam punidos fortemente. É nesta dinâmica que se lançou o Presidente da Guiné-Bissau, que também deseja desse modo honrar a sua promessa eleitoral. Porque as promessas são feitas para serem cumpridas.
Outra promessa eleitoral de Bacai Sanha é a luta contra o narcotráfico, a reforma das forças armadas, a dinamização da economia e pagamento dos salários.
Hoje os resultados estão a confirmar as suas promessas durante a corrida presidencial de 2009, nomeadamente o pagamento dos salários, que se efectua. Assim, é lógico e normal que os assassinos de figuras públicas sejam identificados e levados à justiça, mesmo que a população tema que este episódio tenha desdobramentos incontroláveis como o mergulhar o país no caos.
 Não, temos de fazer justiça aos parentes das vítimas. É dever de um chefe de Estado responsável e preocupado com a igualdade dos cidadãos perante a lei. No entanto, é o mesmo povo que exigia a verdade sobre esses assuntos que parece retrair-se. Porquê essa mudança?
 O que receiam os apoiantes do Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior, a ponto de procurar manipular a imprensa tentando rotular Bacai Sanha de traficante de drogas? Será porque um deles está envolvido no duplo assassinato?
 Actualmente, a Guiné-Bissau não quer cair nessa espiral de golpes, assassinatos e ajustes de contas. Mas, ainda assim, os pais, crianças e mulheres vítimas, querem saber a verdade sobre a morte dos seus entes queridos.

In Africatime

http://www.gaznot.com/?link=details_actu&id=427&titre=Politica

 

Exemplo de um texto da ala favorável ao Primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior

 

Thursday, June 10, 2010

Contributos para a leitura da crise guineense

 
Complô CONTRA CADOGO JUNIOR E SEUS MAIS PRÓXIMOS COLABORADORES URDIDO PELAS DUAS DUPLAS:
A. ANTÓNIO N`DJAI/BUBO NA TCHUTO/ - na sombra (PRS/Grupinho PAIGC)
B. MALAM BACAI SANHÁ/AMINE MICHEL SAAD

A intervenção militar abusiva de 01 de Abril protagonizada pelos senhores António N`Djai e Bubo Na Tchuto indicia um complô contra o Primeiro-Ministro, conforme a seguir se vai justificar.
1. Malam Bacai Sanhá não nutria qualquer simpatia pelo Zamora Induta, porque também este, naquela sua arrogância, nunca respeitou o PR.

2. Na noite anterior aos acontecimentos de 01 de Abril, o António N`Djai foi recebido pelo Malam Bacai Sanha que, provavelmente, terá recebido daquele a sua justificação para a intervenção (basta ver que o PR, em diversas ocasiões, afirmou que o António N`Djai soube que o Zamora Induta se preparava para o destituir e se lhe antecipou) que ele certamente terá dado luz verde ao Vice para o golpe, como uma oportunidade para se livrar do CEMGFA. Aliás, basta ver que, a seguir a intervenção de 01 de Abril, o PR afirmou perante a imprensa que não existem quaisquer possibilidades de o Zamora Induta voltar ao cargo após a sua detenção pelo seu vice, limitando o campo de acção dos que, porventura, quisessem entabular alguma mediação para ultrapassar a crise. Seria uma matéria, para o PR, não negociável.


3. O António N`Djai e Bubo Na Tchuto ordenaram ilegalmente a prisão do Zamora Induta e Samba Djalo em condições, tudo leva a crer, desumanas e degradantes, incluindo tortura física e psicológica (pelo menos, assim se deve presumir, por não ter havido uma intervenção judicial nas duas detenções). Os dois foram colocados em situação de absoluta desprotecção no plano dos direitos fundamentais, nomeadamente de não terem sido assistidos por defensores por eles escolhidos, conforme dita a Constituição da República da Guiné-Bissau e, ainda, obrigados a confessar factos que lhes são sugeridos pelos seus carrascos, nomeadamente para incriminarem os adversários políticos como convém.

4. O António N`Djai e Bubo Na Tchuto depois de consumarem as prisões de Zamora e Samba, decidem, provavelmente, aconselhados pelo PGR, Amine Saad, apresentar queixa contra o primeiro ao Ministério Público. No fundo, impuseram ao MP um processo-crime totalmente controlado por eles, já que nem sequer permitiram aos dois acusados (queixados) de serem assistidos pelos seus advogados já constituídos nem contactos com os familiares. Estamos, na verdade, perante um crime de sequestro tipificado e punido nos termos do artigo 124°, n° 2, alíneas a) e d) do Código Penal, sendo a pena de 2 a 8 anos de prisão.


5. A ligação entre alguns dirigentes do PRS, sobretudo da etnia balanta, e a dupla António N`Djai e Bubo Na Tchuto ficou evidenciado nas intervenções do primeiro em reuniões presididas pelo PR, Bacai Sanhá, em que claramente enveredou pelas questões políticas, nomeadamente atacando o primeiro-ministro e o PAIGC e alguns membros do seu Governo, com argumentos em tudo coincidentes com os que o PRS tem fustigado, nos últimos tempos, à opinião pública nacional.

6. A suposta comissão de inquérito, que ninguém sabe como foi criada e nem quem a criou, tem permitido, com o beneplácito do MP – entenda-se – Procurador Geral da República, Amine Saad, a revelação do conteúdo dos depoimentos dos acusados ou de supostas testemunhas conhecidos através de um blog de um elemento do PRS (DIATADURADOCONSENSO) e também do Presidente Bacai Sanha. Significa isso que a tal dita comissão de inquérito fornece detalhes do dito processo não só ao PRS que os divulga através do blog “ditaduradoconsenso”, mas também ao Malam Bacai Sanhá, conforme demonstrado nas suas declarações à Jeune Afrique, onde afirmou haver políticos implicados na morte de Nino Vieira e Tagmé na Waié.


7. O Presidente Bacai Sanha, apesar de António N Djai ter confessado, na sua presença, no seu gabinete, em documento escrito, minutado pelo Dr. Amine Saad, assumindo a sua participação activa no narcotráfico, designadamente da aeronave que aterro em Cufar, facto denunciado por uma deputada no parlamento; apesar de António N Djai ser um dos protagonistas da intervenção militar ilegal e inconstitucional com graves consequências para o país; apesar de António N Djai ter sido o principal acusador do Bubo Na Tchuto na tentativa de golpe de Estado contra o assassinado Presidente Nino Vieira; apesar de ter sido António N Djai a principal testemunha de acusação contra o Faustino Imbali e companheiros de tentativa de golpe de Estado contra o poder constitucionalmente instituído, cujo processo agora, segundo o semanário Ultima Hora, o MP considerou sem fundamento; apesar de António N Djai ter feito, na presença do Presidente Malam Bacai Sanha, considerações políticas de ataque ao partido do Governo e, mais grave, ter feito mesmo considerações de carácter tribal, alegando que no actual Governo não há Ministros da etnia balanta, assim como na bancada do PAIGC não há deputados da etnia balanta, algo bem estranho para quem é forte candidato ao cargo do CEMGFA; apesar de tudo isso, o Presidente Bacai Sanha tem tecido, públicamente, elogios, que, aliás, roçam a bajulação, a António N Djai. Porquê?

8. A última cartada que os complotistas puseram em campo, foram os boatos postos a circular de que, caso o Carlos Gomes Júnior regresse ao país, correrá sérios riscos de ser morto por um comando já preparado para a sua execução, isto para levarem o Primeiro-ministro a não regressar, o que, obviamente, justificaria a sua exoneração e substituição pelo Presidente Malam Bacai Sanha, abrindo caminho a este de passar a controlar o Governo à moda Nino Vieira nos anos 80 e 90; foi para aumentar esta pressão que o próprio Presidente Bacai Sanha foi levado a proferir as declarações inapropriadas no estrangeiro e perante um órgão de imprensa estrangeiro, alegando que há políticos implicados nas mortes de Nino Vieira e Tagme Na Waie; mais, foi para aumentar ainda mais esta pressão sobre o Primeiro-ministro no sentido da sua permanência no estrangeiro que o Antonio N Djai e Bubo Na Tchuto puseram as tropas nas principais vias do país, sem razão aparente e sem conhecimento do Governo, na pessoa do Ministro da DEFESA, provocando alarme no seio da população;


9. Porque razão o Dr. Amine Saad não abriu um inquérito para investigar Bubo Na Tchuto e Papa Ibraima Camará a partir da denúncia feita por um Governo cuja credibilidade é inquestionável; devia seguir o exemplo do Procurador Geral da Republica de Moçambique que, após a denúncia feita pelo Tesouro do Governo Norte-americano contra um cidadão moçambicano, de imediato, ordenou uma investigação para apurar a veracidade das acusações; porque razão o Dr; Amine Saad não ordenou a abertura de um inquérito contra António N Djai por tráfico de drogas a partir da sua confissão em documento assinado no Gabinete do Presidente Bacai Sanha e na presença deste e do próprio PGR; porque razão o Dr. Amine Saad não instaurou um processo-crime contra o António N Djai pela prática dos crimes de sequestro [artigo 124º, nº 2, alíneas a) e d) do CP, contra o Primeiro-ministro, o Zamora Induta e o Samba Djalo, de alteração do Estado de Direito [artigo 221º, nº 1, 2 e 3 do CP, falsidade por parte de interveniente em acto processual [artigo 225º, nº 1 do CP (tentativas de golpes de Estado de Bubo Na Tchuto e Faustino Imbali, respectivamente, sendo que, em ambos os casos, foi a principal testemunha de acusação), atentado contra o Chefe de Estado (Nino Vieira) [artigo 222º, nº 2 do CP, pois, fontes bem colocadas sempre denunciaram que os elementos que integraram o comando que executou o Presidente Nino Vieira pertencem ao Batalhão de Mansoa, que, na altura, estavam sob comando de António N Djai; será que o Presidente Malam Bacai e o seu Procurador, Amine Saad, desconhecem que António N Djai é suspeito deter cometido todos estes crimes, que, no mínimo, merecem a abertura dos respectivos inquéritos criminais por determinação do PGR;

10. Por outro lado, na sequencia de noticias publicadas na imprensa que indicam que a empresa AFRIPECHE consta da lista do Governo dos Estados Unidos da América como participante activa das actividades de narcotráfico na África Ocidental e de que Malam Bacai Sanhá tem participação nela, sendo representado pelo filho, Bacaizinho e pelo Almamo, este último seu Director Geral. Com tais referencias, o Procurador Geral da República devia, por obrigação da sua função e necessidade de agir com objectividade, ordenar ao MP e a PJ para iniciarem as necessárias investigações a empresa AFRIPECHE, que também pertence ao Presidente Malam Bacai Sanhá. Se se provar a participação da empresa AFRIPECHE nas actividades de narcotráfico, tal significará que os seus sócios são também narcotraficantes, logo o Presidente Bacai Sanhá será considerado narcotraficante.

11. Conclusão: o Presidente Bacai Sanhá e o seu Procurador Geral pessoal (pois o Amine Saad deixou de ser, com estes comportamentos, Procurador Geral da República – este tem o dever e a obrigação de agir com objectividade e respeito escrupuloso da legalidade) estão, ao que tudo indica, ao serviço de António N`Djai e Bubo Na Tchuto, embora tais actuações tenham estado em linha com os objectivos políticos próprios de um e outro [Malam Bacai e Amine Saad].

ATÉ BREVE.
SUNDIATA KEITA
LIBREVILLE

 

http://heitor-omximo.blogspot.com/2010/06/contributos-para-leitura-da-crise.html

E a Justiça, Sr. Procurador-geral da República?!

E a Justiça?!


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