IDENTIDADE E MESTIÇAGEM

 

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

28.03.2010

Fernando Casimiro (Didinho)Negar ou desvalorizar a mestiçagem em África, é negar ou desvalorizar toda a diversidade étnica e cultural dos diversos povos e são milhares, que compõem cada parcela delimitada, de forma natural ou imposta, de qualquer espaço geográfico em África.

Se derrubarmos virtualmente as fronteiras impostas pela colonização, veremos que, mesmo antes da chegada dos colonos já havia diversidade na igualdade.

Todos humanos, todos africanos, mas distintos. Uns falando e comunicando de uma forma; outros falando e comunicando de outra forma. Uns e outros com comportamentos e formas de estar distintos etc. etc., mas todos humanos.

Se na Guiné-Bissau existe o crioulo/kriol, a língua nacional, veículo de comunicação da maioria da sua população e herança principal da colonização portuguesa, não se pode ignorar a existência de inúmeras outras línguas étnicas em todo o país, o que demonstra claramente ter havido, desde sempre, povos distintos num espaço geográfico tão pequeno como ficou territorialmente definido o país que é hoje a Guiné-Bissau.

O que é que caracteriza o guineense senão a mestiçagem, a sua própria diversidade étnica, quiçá toda a riqueza cultural de cada um dos integrantes desse vasto mosaico social e humano?!

Como reclamar um ser de características únicas na Guiné-Bissau, ou seja, o "puro guineense", quando as inúmeras línguas étnicas, os diversos comportamentos em forma de tradição, a indesmentível diversidade cultural e religiosa das muitas etnias que existem no país desmentem essa pureza?!

Se há balantas, fulas, papeis, mandingas, mancanhes, mandjacos, felupes, biafadas, bijagós e tantas outras etnias, originais ou derivadas; se cada uma dessas etnias é reconhecida precisamente por aquilo que a diferencia das outras, então, como considerar, no tocante à definição da identidade guineense uns de puros guineenses e outros não?

Qual é o factor, ou os factores que definem e caracterizam o tal puro ser guineense?

Se houve uma colonização europeia de 5 séculos e consequente surgimento de derivações étnicas e alterações fisionómicas nas pessoas que foram nascendo no espaço definido como sendo na altura a Guiné Portuguesa, como negar essa realidade genética (nos dias de hoje) que não se regista apenas na História dos livros, mas na realidade prática da composição genética do povo guineense?

Não estaremos de facto, perante preconceitos relativamente a uma questão que tem a ver com os traumas da colonização e a sua relação com a outra mestiçagem que "patrocinou" na Guiné-Bissau?

Se há, digamos assim, um "entendimento" na aceitação das diferenças étnicas, fazendo todos parte de um todo que é a identidade guineense, como se justifica que esse "entendimento" exclua outros que, apresentando também (as suas) características próprias, tais como todas as outras etnias e, fruto da realidade de 5 séculos de colonização portuguesa na Guiné-Bissau, não pediram para nascer onde lhes calhou nascer?!

O que é ser guineense afinal?

É ser negro?

O que é ser negro tomando como referência o regozijo dos guineenses e de todos os africanos com a eleição de Barack Obama para Presidente dos Estados Unidos da América?

Afinal, o que faz com que uns se julguem mais guineenses do que outros?

A mestiçagem, seja ela de que característica for, é o suporte identitário que reúne todas as diversidades populacionais de um determinado país. Quer se queira, quer não, o Mundo em que vivemos é um Mundo Global, porquanto ser feito cada vez mais, da mesma massa humana, a MESTIÇAGEM!

RECAPITULANDO O CONCEITO DE GLOBALIZAÇÃO NA SUA VERTENTE HUMANA 21.03.2010

 

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