GUINÉ-BISSAU EM ESTADO CRÍTICO
 

 

 

Djodji (o primeiro)

02.04.2009
 

Estou a escrever estas poucas linhas com um misto de revolta e tristeza. O nosso país bateu no fundo e precisamos urgentemente de medidas de choque para resolver o actual estado da nação, que neste momento é mais crítico ainda que o estado do Fadul ou do Dr. Pedro Infanda.

 

Não tentemos iludir mentes menos atentas, com afirmações levianas, de que o mal guineense está no activismo jornalístico e de ideias, que reduzem o país à imagem do seu presidente, ignorando as outras vertentes das políticas. O mal dos guineenses reiniciou com o regresso de Nino Vieira ao país, da forma como foi, provocando nessa altura uma clara cisão entre os poderes militar e político, com a óbvia ascensão do primeiro sobre o segundo, para além de ainda causar divisões na própria fileira castrense. Nino e Tagmé deram uma clara demonstração aos militares, que desautorizar um governo democraticamente eleito, em pleno século XXI, pode não ter qualquer consequência, tal como o acto do seu regresso triunfal e mercenarista não teve. O que não esperavam, era que essa demonstração de poderio militar sobre o poder político, tivesse algum efeito pedagógico no seio castrense, ou que tivesse o efeito de ricochete!!! Ou seja, é aquilo que os portugueses dizem “o feitiço virou contra o feiticeiro”.

 

Sem falar nos assassinatos e desmandos do primeiro ciclo ditatorial de Nino Vieira, menciono apenas a impunidade que envolveu o assassinato do General Veríssimo Seabra e o regresso de Nino Vieira ao país, o seu assalto ao poder, o assassinato do Comodoro Lamine Sanhá, o espancamento do Dr. Silvestre Alves, como sendo a progressiva confirmação da ascendência do poder militar sobre o poder constitucional.

Nino Vieira já não pode ser considerado apenas uma individualidade, militar ou ditatorial, mas também “uma escola”, com o início da sua actividade curricular na eliminação física do nosso glorioso e saudoso Amílcar Cabral.

 

Quem julga que a alma infernal de Nino Vieira estará a rir-se dos guineenses, está redondamente enganado! A alma infernal desse sanguinário ainda não teve sequer tempo de terminar uma longa justificação a Amilcar Cabral, junto dos anjos, para depois começar a prestar as suas contas ao diabo no tocante às barbaridades que cometeu na Guiné-Bissau. Se existe outra vida, como se imagina, Nino Vieira ainda está em apuros lá em cima, pelo inferno em que transformou a Guiné-Bissau.

 

Não vale a pena estarmos a repetir aqui quais são os direitos e deveres dos vários participantes numa sociedade democrática, para fazer a demonstração daquilo que hoje é óbvio - A Guiné-Bissau está desgovernada, apesar de ter um governo e um presidente fantasmas, sendo este último interino. Já demos provas mais do que suficientes de que a luta de libertação e o assassinato de Cabral apenas serviram para o nosso desnorte e a nossa caminhada para a total ausência de Estado.

 

É urgente que a população saia à rua e peça de forma clara a intervenção de uma força internacional, no sentido de tomarem conta da organização política e militar do país. É urgente desarmar as nossas FARP’s e a sociedade em geral. É urgente demitir os nossos politiqueiros negociantes e confiscar os seus bens. Como em qualquer parte do mundo, o poder pertence ao povo e é ao povo que cabe, em última instância, o exercício desse poder. O povo deve unir-se em nome do seu próprio bem-estar, sair à rua de forma massiva e expressar a sua vontade. Não deixemos que haja mais “Faduis” ou “Infandas” a reivindicarem e a serem espancados individualmente. Ninguém oprime um povo que não aceita ser oprimido, nem ninguém consegue eliminar fisicamente a maior parte duma população descontente.

 

É hora de o povo sair à rua e pedir encarecidamente a intervenção da ONU. Nunca estive tão convencido que chegou a hora de sermos um protectorado da ONU!!! É hora de expulsar do aparelho do estado os sanguessugas do povo guineense.

A um verdadeiro democrata, não agarrado ao poder e ao enriquecimento fácil, não basta vir a público condenar qualquer acto bárbaro que envolva aqueles que deviam ser defensores do povo e não agressores do povo. Qualquer político e democrata sério, não deve hesitar em apresentar a sua demissão e solicitar ajuda externa, se sente que está impedido de exercer o poder que o povo lhe confiou. É urgente que Cadogo e a sua equipa governamental se demitam, ao mesmo tempo que solicitam a intervenção de uma força internacional. Caso contrário, estão a contribuir cada vez mais para o sofrimento e a humilhação do povo que lhes confiou o seu voto.

 

Djarama Contributo.

 

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