GOLPE NA DEMOCRACIA

 

Por: Djiudigalinha

07.01.2007

Muito se tem falado sobre o regresso do General-Presidente às rédeas do poder na Guiné-Bissau.

Muito se tem falado dos comportamentos desviantes do novo Senhor de Bissau.

Muito se tem falado... mas, em vão. Isto porque, quem de direito; porque quem de competência para tal; porque quem de responsabilidades pelo seu retorno fraudulento ao país e ao poder, se mantêm, quedos e mudos a observar os desmandos e prepotências que o General-Presidente tem dispensado à democracia e às instituições da República da Guiné-Bissau.

Nada fazem, porque são coniventes com o General-Presidente, porque são cúmplices da nova deriva democrática na Guiné-Bissau.

Para ser claro, quando assim falo, refiro-me à Comunidade Internacional no geral, em particular às Nações Unidas através das cumplicidades do então representante fantoche instalado na Guiné-Bissau, à interferência da União Africana no desfecho eleitoral, à CEDEAO através da petulância e ingerência na soberania do país do seu desprezível representante, à nulidade operacional e decisiva da CPLP, às posições incongruentes e inexplicáveis da Delegação da UE, e, em especial, à omnipresença nos assuntos internos do pais da potência reinante na sub-região, a França, pais apostado em fazer da Guiné-Bissau um apêndice do seu país neo-colonial predilecto, o Senegal.

Sou "velho" e já gasto pelas agruras da vida - mais ainda com o que este malbenzido governo me tem agraciado e, quiçá este assunto até poderia não me interessar. Mas também, já sou velho demais para carregar para N'Tula a consciência pesada de tudo ver e nada fazer ou dizer. Por isso, usarei aqui do meu direito de desabafar o que sinto e como vejo o meu país a ser maltratado pelo General-Presidente. Que seja um simples desabafo público, porém, tal já me alivia a consciência.

Voltando à vaca fria. Logo (im)posto no pedestal da mais alta magistratura da Nação Guineense, o General-Presidente, cedo começou com os seus desmandos e atropelos autoritários contra a democracia e as suas instituições na Guiné-Bissau. Assim;

- 27 dias e algumas horitas após se resvaldar na sua "turpeça" ganho na mega-trapaça da CNE/STJ/EMGFA & Comunidade Internacional, o General-Presidente, "chuta" com o Governo legitimo do PAIGC (Partido que ganhou as eleições legislativas, e dono da cadeira da governação), para fora do Governo. O General-Presidente sofregadamente, tomava assim, o seu primeiro "drink aperitival" de vingança contra o empresário Carlos Gomes Júnior a quem nunca perdoara de lhe ter "roubado" o "seu" PAIGC, de lhe ter desafiado frontalmente no Parlamento nas vésperas da sua desgraça dos acontecimentos de 7 de Junho, apelidando-o de "factor de instabilidade e factor de eventual guerra", ... e, é certo também, fazendo fé no que se diz por aí, alguma querela sobre um certo património. Mas, em tudo isso, é o que menos interessa, porque são contas a acertar entre os dois.

Para mim, o que conta é que demissionou de forma injusta e prepotente um Governo que era credível e portador de muita potencialidade e geradora de esperanças regeneradas para uma larga maioria da população da Guiné-Bissau.

Enfim, era um Governo, capaz, competente, sério e credor dos maiores elogios da Comunidade Internacional na altura, isso era a inquestionável realidade;

- Invertendo os dados do processo eleitoral, violando a Constituição, a lei eleitoral e a Lei dos Partidos Políticos, o General-Presidente fazendo jus ao seu nepotismo e revanchismo cego, cria uma "coligação" pós-eleitoral denominada Fórum de Convergência Democrática para o Desenvolvimento, e de forma déspota como é seu timbre inventa uma famigerada "maioria" de malfeitores no parlamento e forma assim com os seus capangas de campanha um Governo de iniciativa presidencial associado ao lumpenato político do PRS e PUSD que ávidos do poder e do "mama taco" sem controlo aderiram de forma cega e desesperada;

- Numa assentada o General-Presidente restaura na Guiné-Bissau o Regime Presidencialista tanto do seu agrado e "modus operandi" de sempre e dá uma "coiçada" no regime constitucional do semi-presidencialismo estabelecido na Constituição da República. Tudo isto visto e consentido pelas NU, UA, CEDEAO, CPLP e a CI em geral. O Mukur-mukur estava estabelecido, os interesses exteriores davam cartas no cenário político guineense;

- A Assembleia Nacional Popular do nosso pais é ostensivamente banalizado pelo General-Presidente e seu Governo fantasma. O Presidente desta Augusta Câmara, muito se tem estrebuchado contra as constantes violações do poder legislativo, mas em vão, pois o poder do General-Presidente é omnipotente e incontornável. A Assembleia é desrespeitada pelos seus próprios membros, os Deputados, esquecendo-se eles que se desrespeitam a si mesmos como cidadãos e representantes eleitos do povo. A Assembleia e os Deputados da Nação coerentes e defensores da legalidade são sistematicamente violentados verbalmente, ameaçados de morte e perseguidos. A própria Assembleia é invadida sob forjadas ordens judiciais para ordenar compulsivamente a substituição dos "independentes do General-Presidente. O desgoverno deste respeitável órgão está instalado e a vontade e os desejos do General-Presidente dão cartas;

- O General-Presidente tenta a todo o custo, esvaziar a ANP do seu papel de órgão legiferante e fiscalizador das acções do Presidente da República e do Governo. Cria "Estados Gerais" virtuais" pilotado pelo seu conhecido "testa de ferro" e servidor oportunista Idrissa Djalo, líder do PUN (nome sugestivo de uma descarga "pidesca"). Como é que um semi analfabeto pode pilotar um evento desta envergadura ? Porquê deixar deliberadamente a ANP de fora deste processo ? A intenção é clara, e o alvo principal dessa fantochada, é a famigerada amnistia. Porém, enquanto ninguém os leva a sério, o Idrissinha vai enchendo os bolsos com o dinheiro dos incautos financiadores de fantochadas;

- O General-Presidente traz de novo à ribalta o protagonismo da elite militar (em particular a chefia dominante balanta) aceitando tacitamente o Co-Presidencialismo de facto ao sanguinário Tagmé Na Waie, seu homem de mão para eliminação dos seus adversários políticos e militares. Foi este, que se encarregou de limpar do caminho do General-Presidente o carismático general Ansumane Mané "Bric-Bric" e o General estratega Veríssimo Correia Seabra.

Com a putativa Co-Presidência atribuida ao General-Sanguinário, o General-Presidente, para além dos 500.000 USD$ já dados em Setembro 2005 ao Tagmé pelo Lassana Conté para selar as pazes com General-Presidente, pagava assim, mais uma vez, os custos dos testículos subtraídos ao Tagmé. Não é segredo para ninguém no nosso pais, que o General Co-Presidente é dado e ouvido em tudo o que é decisão a tomar pelo General-Presidente... porquanto em caso de discordância deste com as decisões tomadas à sua revelia a corda das suas relações torna-se sempre tensa e nunca se sabe de que lado pode partir...;

- O General-Presidente restabeleceu a sua rede do terror e da aniquilação. A sua estrutura do terror está de novo instalada no País. De forma astuta regenera o maligno e desprezível Baciro Dabó junto ao General Co-Presidente o que lhe deu luz verde para repescá-lo para seu Conselheiro (ou executor ?) para Assuntos de Defesa e Segurança. Com Bas Dabó à mão, em pouco tempo, as maldades, as ameaças, as tramas, os espancamentos, as perseguições e assassinatos surgem como acontecimentos correntes e corriqueiros na nossa pacata Guiné-Bissau... Silvestre Alves pagou caro a sua ousadia de dizer as verdades ao General-Presidente. Não lhe limparam o sebo por um triz. Sobre tudo isto, de quem de peso e de direito, nem uma palavra, nem uma acção, nem uma condenação... Também não vale à pena, afinal a Guiné-Bissau está a seguir o curso normal da sua triste história;

- O General-Presidente mantém a sua "Agenda de Morte" em dia. O Pacto com o Co-Presidente continua em vigor. Depois das eliminações físicas dos Generais Ansumane Mané, "Bric-Brac", Veríssimo Seabra ( na altura, o último obstáculo ao regresso do General-Presidente ao país e à "turpeça" da reinança), o Coronel Domingos Barros... agora recentemente o Comodoro Mohamed Lamine Sanhá cobardemente assassinado à moda do "Far-West". Matéria prima e executantes ao General-Presidente não faltam porque junto a essa famigerada dupla de sanguinários, existem e proliferam exímios executantes, tais como, os pseudo-Rambos do General Co-Presidente, o Zé Preto, Domingos Sanhá da Marinha, N'Duba da Marinha, Rui na Flaks dos Para-Comandos e tantos outros cães de fila de assassinos profissionais...

- A saga do General-Presidente contra os verdadeiros homens da Junta Militar que o derrubou continua a dar cartas, pois além dos já supracitados elementos já "riscados" do mapa dos vivos (salvo o Coronel Domingos Barros que não pertenceu à Junta Militar), o plano de vingança contra os elementos da Junta Militar continua. Destes, à parte o General Melciades (Manel Mina) que já está subjugado e ao serviço sujo do General-Presidente, todos os demais elementos proeminentes da ex-Junta Militar que não se dignaram curvar-se ao perdão do General-Presidente, têm a cabeça a prémio e talvez os dias contados, como são os casos do Coronel Almami Alan Camara ( o alvo seguinte apos Mohamed Lamine Sanha), o Comodoro Quirino Spencer, o Comandante José Zamora Induta, o ex-Ministro Marcelino Simões Cabral, vulgo Djoi, Bitchofla Na Fafé, Augusto Mario Có (este acometido de uma estranha e súbita doença desde que se aproximou do General-Presidente) e tantos outros que por lapso de memória possa ter omitido...

Dos políticos, o ex-Primeiro Ministro, o empresário Carlos Gomes Júnior está no topo da lista de "bens a executar" e seguem-se, o Coronel Manuel Saturnino Costa, Malam Bacai Sanha, Isabel Buscardine. Os Advogados Michel Amine Saad e Silvestre Alves e os políticos Carlos Schwarz "Pepito", os Jornalistas Agnelo Regalla e a sua Radio Bombolom e Enfamara Camara e sua Gazeta, são outros alvos em ponderação de execução.

Estou aqui a escrever com conhecimento de causa e com informações bem fundadas;

- O "Poder Judicial" ( a que dedicarei brevemente um tratamento especial) está rendido aos braços do maquiavélico Hélder Magno Proença (dono e senhor do coração da sua desavergonhada Presidente), agora aliado de circunstância do General-Presidente até o contar das espingardas, porque o seu sonho passa pelo seu lugar... e como na física dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço... em breve tempo um dos dois terá que deixar o lugar vago a outro...

e neste jogo de gato e do rato, o Tagmé Na Waie, talvez ainda venha a desempenhar o seu último e derradeiro papel de fiel de balança... para também depois ser riscado do mapa.

Este é o estado actual da nossa "Democracia", a democracia que a Comunidade Internacional quer para a Guiné-Bissau, a Democracia do Terror que o General-Presidente quer para a sua Mártir de Predilecção a Guiné-Bissau.

Voltou e trouxe a desgraça, mas também a desgraça será o seu cântigo de adeus.

Que Deus Nosso Senhor proteja a Guiné-Bissau.

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

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