É UMA PENA QUE SE CONTINUE A MALTRATAR A PÁTRIA DE CABRAL!

 

M’bana N’tchigna *

mbatchi@yahoo.com.br

15.04.2013

M´bana N´tchignaHá dois anos, uma senhora residente nos Estados Unidos fez questão de me dizer, de forma convincente, que a Guiné-Bissau já tinha sido negociada e vendida. Só faltava o comprador reivindicar a posse do país.

Alguns guineenses já me disseram que concordariam em vender a Guiné-Bissau para os Estados Unidos da América e em troco dessa venda, apenas trabalharíamos para os americanos que desenvolveriam o país rapidamente. Lógico que essa conversa não passou de uma brincadeira por parte de quem conversou comigo. Mas a meu ver muitos de nós são fatalistas quando olham para um país que não lhes oferece um sonho promissor. São os desacreditados da vida. Que não vêem solução para o país. Para esses, o futuro não existe mais para a Guiné-Bissau. 

Baseado nesse tipo de visão, alguém pode aproveitar utilizando o espaço geográfico para seu próprio enriquecimento. Aliás, alguns já o fazem sem pensar duas vezes. É uma contribuição para desgraçar um país que, outros têm a esperança de que um dia ressurgirá e dará frutos digno de admiração ao mundo.

É inegável que o território nacional é usado hoje para enriquecimento sujo de alguns guineenses e estrangeiros. Esse comportamento engrossa a falta de respeito ao líder patriótico Amílcar Lopes Cabral, que se tem vindo a assistir desde sua morte até aos dias de hoje. O trabalho decisivo, que trouxe afirmação da nação guineense por Cabral, não está sendo preservado. A Cabral não foi dada a oportunidade de se defender por quem o odiava.

Agredido mortalmente, seus inimigos inauguraram a instalação de caos, para minar de vez a sua história. Hoje há quem se atreve a dizer que Cabral não fez tanto assim para Guiné-Bissau.  É, é dessa forma! Tudo está sendo retirado dele aos poucos.  Na tentativa de legitimar um outro herói, que não se sabe aonde estava, quando Cabral decidiu lutar contra os colonialista que maltratavam o povo da Guiné e Cabo Verde, com severos castigos físicos e psicológicos.

Como é possível alguns guineenses terem facilidade em deixar as coisas valiosas caírem no esquecimento?  Estão esquecendo Amílcar Lopes Cabral...? Há menos de um século apenas e já o querem descartar...? Esquecer um homem que se doou por inteiro numa luta tão difícil que lhe custou a própria vida?

Ó..! filhos da Guiné! Por mais que Cabral tivesse cometido erros, julguem-no com cautela! Julguem-no, mas sem lhe tirar a dignidade de ser relembrado e reconhecido como herói nacional.  A dignidade de preservar o bastão (pátria guineense) que nos entregou com finalidade de passar o mesmo para frente como orgulho, cabe a todos os guineenses.  Agora, utilizar o território nacional como armazém de drogas é uma vergonha. É denegrir a contribuição que Cabral deu à nação guineense. Não foi esse sonho que esse líder sonhou para a nação. Nunca foi o que o motivou a lutar contra o colonialismo.

A pátria de Cabral não tem preço e muito menos é propriedade de A ou de B. A Pátria em questão é um valor inestimável, que não se deve vender ao tráfico internacional. À morte, vós filhos da nação guineense, já o sentenciaram. Por falta de coerência na avaliação dos fatos. Já está morto..! Agora respeitem a memória que deixou a todos nós. Sua PÁTRIA AMADA. Essa não. Não vendam a ninguém o território nacional! Não..! Os príncipes latino-americanos; nomeadamente do Brasil e da Colômbia, de onde partem as drogas que cruzam o atlântico em direção à África, não devem ter o território guineense como plataforma giratória de seus negócios. Por parte do governo guineense, não se deve conformar com essa vergonha. Governo da Guiné-Bissau peca por não falar duro contra o governo desses países, que não controlam suas fronteiras aéreas e marítimas, de onde partem as drogas para o nosso país. Repito de outra forma: Governo da Guiné Bissau, não se deve sentir pequeno e nem se intimidar diante do país dos traficantes que fornecem drogas ao nosso. Contudo, o erro maior é do próprio filho da Guiné-Bissau, que não soube se valorizar a ponto de se vender em negócios sujos.

Quando é que alguns guineenses começarão a sentir-se realmente guineenses?! Quando começarão a ter orgulho do que lhes pertence?!

 Alguns guineenses se comportam perante o estrangeiro como pessoas manipuláveis e compráveis por dinheiro. Com essa atitude, legitimam a falta de respeito a que somos submetidos como nação! Somos pobres, mas nem por isso devemos ser menosprezados. Devemos encarar qualquer pessoa de igual para igual. Nunca aceitar ser manipulados! Não devemos colocar o dinheiro à frente da honra nacional. Que vergonha nacional! Que desrespeito para com a pátria de Cabral!

Será que esta falta de reconhecimento e de valorização dum líder, como é o caso de Amílcar L. Cabral, continuará impune? O governo e o procurador geral da república... Ninguém vai reagir a essa situação que se assiste no cenário nacional e internacional..? 

Amílcar L. Cabral, nunca foi fatalista no seu modo de pensar em relação à nossa terra! Cabral nunca negociou a Guiné-Bissau e nem colocou esse país à venda. Ele queria o país livre e próspero para seus filhos, netos, bisnetos e tetranetos guineenses e cabo-verdianos. Nessa sua firme visão, aceitou até morrer, uma morte até hoje não nos foi esclarecida. É de admirar que os princípios que Cabral ensinou e que deveriam orientar os filhos da Guiné, continuam sendo ignorados, como se vê.

A obra de Cabral que deveria ser motivo de orgulho de todos é desprezada por muitos. Alguns filhos da Guiné, maldosamente, decidiram seguir caminho adverso do que Cabral ensinou. A Guiné-Bissau tem hoje mais comerciantes do que engenheiros agrônomos.  O pior é que esses comerciantes não possuem habilidade para o comércio, pois abrem as fronteiras do país a um comercio ilícito. Droga.. Não! Cabral nada vendeu para libertar a Guiné.  

QUE VERGONHA...! QUE PENA...!

M’bana N’tchigna

* Licenciado em Filosofia e em Teologia

 

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