Em Memória de Rufino José Mendes

Rufino José Mendes - Bodas de Prata em família

 

Prof. Dr. Joaquim Silva Tavares (Djoca) - MD, FACP, FCCP, FAASM
Diplomate of the American Board of Sleep Medicine

Diplomate of the American Board of Internal Medicine -Sleep Subspecialty

European Diplomate in Intensive Care

27.10.2013

Ainda nos meus tempos de aluno do Ciclo Preparatório Salvador Allende, os meus sonhos e objectivos já estavam bem delineados, ainda que, não necessariamente por esta ordem:

1 -Ter formação de nível Superior

2 - Casar-me

3 - Ter Filhos

4 - Comprar uma Casa

5 - Comprar um Carro

6 - Prestar Homenagem à “Geracão da Renascença” Guineense, epitomizada na pessoa de Rufino José Mendes, que ,para mim, foi o Baluarte dessa Geração.

Neste âmbito, vou ser liberal na definição de “Geração”, não sendo tão estrito no espaço de tempo que  possa definir este termo.

 

Na América, há um certo fascínio, não dissimulado, pelas diferentes gerações que marcaram a transformação da Sociedade Americana, como “ The Greatest Generation”- que cresceu na época da Grande Depressão e que amadureceu durante a Segunda Guerra Mundial, “The Lost Generation”(como é que uma geração que produziu talentos como Ernest Hemingway, F.Scott Fitzgerald, John Dos Passos, Gertrude Stein, possa ter sido apelidada de “Lost”, não percebo; mas é uma longa história que poderemos abordar numa outra ocasião), “The  BabyBoom Generation, etc.

 

 Apelido esta Geração de que vou falar, a “Geração da Renascença”, pela polivalência dos membros mais distintos dessa Geração, conseguindo  combinar a árdua tarefa de estudante, com a distinção nos Campos do Desporto, Da Música, das Artes, etc; Com tempo ainda para trabalhar e sustentar a família.

Desculpem pelos nomes que certamente vou omitir, mas temos como exemplos: Rufino josé Mendes, Abrão, Azi Monteiro, Vaz Fernandes, Francisco Dias, Chico Fós, António Sani, Ansumane Mané, Nuno Camatama, Beto Garez, Pipi Cunha, Bernardino Cardoso, Celestino Costa, Lígia Garcia, Carlos Silva, Augusto Cassius, Procópio Pinhel, Nando Casimiro, Armando Fati, Augusto Olivais, Caló Captain, José Carlos (Cacuto), Cesário Cassamá, Justino Monteiro (Justen de Bandé), Seco Talbia, Juventude 71 (Carlos Silva, Abel Pontes, Maney, César Augusto Lopes, Rogério, Marta), Capas Negras (Sidó, Cassamá, Pina, Caló…), Mama Djombo (Atchutchi, Caruca, Herculano, Estevão, Zé Manel…).

Esta Geração mostrou-nos ser possível combinar actividades Académicas com actividades Desportivas, Musicais e muitas outras, e  ainda ter sucesso.

 

Seria uma injustiça não homenagear esta geração na pessoa de um dos seus Baluartes. Este projecto deveria  ter sido concluído há 2-3 anos, mas por motivos vários, só agora foi possível concretizá-lo; Com a indispensável colaboração da” Love of His Life”, a Nossa Dila e o sempre disponível e “Reliable” Carlos Silva (Fundador do Grupo Juventude 71).

Vou confessar que, depois de trocar correspondência com a Dila, fiquei impressionado com a sua eficácia, pontualidade, alto nível intelectual (agora, não me surpreende nada que o Rufino estivesse casado por mais de 30 Anos!).

 

Da minha parte, só tenho que agradecer a esta Geração e ao Rufino por nos terem mostrado o caminho da Polivalência, Perseverança, Espírito de Sacrifício, para podermos triunfar nas nossas respectivas áreas de Trabalho.

 

Ainda me lembro na altura dos anos 1974-1977 quando Rufino foi nosso professor de Educação Física no Liceu Kwame N'Krumah: sempre tentando mostrar-nos a importância da educação física na formação do Homem.

Foi um período gratificante para todos, apesar dos constantes “boicotes” do Gaston Leboucher (Tom de Bolama, a par com o Chico Correia), um dos individuos mais inteligentes que jamais encontrei neste meu longo périplo por 3 Continentes; Uma Enciclopédia Ambulante, mas que detestava Educação Física; O único prazer que tinha era encostar-se à vedação atrás da baliza  localizada em frente ao campo de Ténis do Estádio Lino Correia para “mandar bocas” e “claquear” contra tudo e todos que jogavam contra Bolama).

Graças ao Rufino, até agora, ainda faço o meu jogging matinal! Religiosamente! E até o Tom, da ultima vez que falei com ele, faz exercícios pelo menos 3 vezes por semana!!!

 

Quanto mais informações obtinha sobre o Rufino durante a preparação deste trabalho, mais crescia a minha admiração por ele: como Marido, mais de 30 anos casado (com os tempos que vão, um feito inconcebível): Como Académico/Intelectual (apesar das extraordinárias capacidades atléticas/futebolísticas, a perseverança na obtenção de um Curso Superior  de Educação nunca esmoreceu, para orgulho do Sr. António Mendes);Como Pai/Encarregado de Educação, em colaboração com a Esposa, dar ao mundo 3 filhos maravilhosos, com Cursos Superiores, Bons Cidadãos que agora estão a prestar os seus Contributos importantes à Sociedade.

 

Espero, sendo esta a maior razão porque queria publicar este artigo, que as Crianças e Jovens da nossa Martirizada (e por vezes vista como Terra de Selvagens por Gente menos informada) Guiné-Bissau, tenham a possibilidade de ler esta peça par ver que ainda há esperança; Que vejam neste Homem um exemplo a seguir; Que quando o Guineense Quer, o Guineense Pode;

Não importa em que parte do Mundo Vives (Bissau-Estados Unidos, Bafatá-Alemanha, Mansoa-China, Canchungo-Reino Unido, Bolama-França, Tombali-Brasil etc.,etc., etc.),não há limites para as tuas potencialidades.

 

The Sky is the Limit.

Obrigado Rufino e à tua Geração por nos terem mostrado o Caminho.

 

Descansa em Paz! A Tua Guiné Vai Melhorar!

 

Para complementar a leitura deste percurso extraordinário, convido-vos a ouvir músicas dos "Juventude 71"(3), "Capas Negras/Saba Miniamba" (2) e "Mama Djombo" (1)

 

Djoca

Rufino em ambiente familiar

Rufino em ambiente familiar


 

 

Rufino José Mendes, filho de António José Mendes e de Maria Mendes Tavares, nasceu a 18 de Dezembro de 1953 em Bolama, onde viveu até aos 10 anos quando concluiu a 4ª classe.

Proveniente de uma família numerosa, treze irmãos no total, partilhava a mesma mãe com sete deles. Tendo surgido após três meninas, deve-se salientar o grau de mimo em que fora mergulhado pela mãe que sempre o tratou por Fino e com muita "DANAÇÃO" que causava uma certa inquietação do pai, António e do Tio materno, Bento - pai da Zita Proença - que não se cansava de alertar a irmã pela " DANAÇÃO de DJUGUDÉ" que esta dava ao Fino. Pois todo esse mimo, faria com que o Fino se tornasse dono e senhor da natureza no seu "BLAMA". Entregava se a pescar, nadar e jogar à bola, o que até o levava a recusar fazer pequenos recados típicos da idade. Um irmão mais velho, que nutria um carinho especial para com ele, Celso, dissera uma vez que o Rufino fora  criado como um cãozinho de vizinhança típico de Bolama, só bastava abrir as portas para que ele encontrasse o caminho e ser dono das ruelas de Oncalé, Blama de baixo, punto Escoa e do mar.

Em 1964 ruma a Bissau para prosseguir os estudos Liceais e vai viver com o Pai, que pelos vistos também pactuaria com os hábitos de "danação" que criticava; pois iria aos poucos abrir mãos ao seu jeito Espartano de educar, à medida que o rapazinho lhe maravilhava com os dotes de excelência no jogo.

Em Bissau, tentando seguir as pegadas dos irmãos, Olívio, que jogava na UDIB e Celso, no Ténis Clube de Bissau, assim como do seu estimado vizinho de infância e ídolo Abraão Tavares/Papa, começa com os treinos na UDIB e tenta inscrever-se para a equipa dos juniores. Entretanto, com a insistente oposição do pai que, temendo negligência com os estudos, declinava a assinar a ficha de inscrição. Mas a vontade e urgência de ingressar na equipa levaria  à astúcia e lá recorreu à disponibilidade de um amigo do irmão Olívio, e futuro Cunhado, João Cardoso para "forjar" a assinatura do pai e daí começaria  a carreira futebolista do Zé Badonda.

 Muito cedo se destacaria a jogar, o que lhe permitiria realizar jogos na equipa Sénior, ainda alistado no Juniores e por aí depois seguir para os Seniores onde não tardaria a ser "pescado" pela equipa nortenha de Portugal, o Boavista, em 1972.

O Capitão Valentim Loureiro vai a Bissau e após algumas negociações com o pai, António, assinariam o Contrato que entre as Cláusulas incluiria a continuação dos estudos; concluir o curso complementar (tinha passado para o2º ano, antigo 7º ano do Liceu).

 

De facto, e o incumprimento desta cláusula, pouco ou nenhum tempo para se dedicar aos estudos, iria criar no Rufino a relação amor/ódio que manteria com o futebol durante algum tempo.

No Boavista, destaca-se como um jogador exímio, chegando a ser classificado pela imprensa portuguesa como terceiro melhor Centro campista Português na época, 1972/1973, ainda jogava o grande Eusébio. Muito estimado e acarinhado por Valentim Loureiro e esposa D. Joaquina, inscreve-se no Externato Lumen no Porto e vai estudando o seu Curso Complementar e recebendo os "mimos" que estes não se furtaram em lhe emprestar.

 

Entretanto, os treinos intensivos, os estágios, assim como as deslocações para os jogos, iriam começar a dificultar cada vez mais a sua dedicação aos estudos, o que lhe causava amargura. Por conta disso e perante a obrigação de cumprir o contrato que o ligava ao Clube, não se inibia em demonstrar o seu desagrado/frustração perante este conflito de interesse. E na verdade fora este azedume, acontecimentos que poderiam eclipsar a sua aspiração, que estaria na base da relação Amor/Ódio que o Rufino manteria com o futebol e lhe dera uma certa incompatibilidade de génio que reinaria entre ele e o Treinador José Maria Pedroto.

Em Maio de 1974, logo após o Golpe de 25 de Abril, mesmo depois de ter sido convocado para a Selecção Portuguesa, Rufino pega na sua bagagem e sem se despedir, apanha o avião para Bissau, dando o Título " RUFINO Fugiu" às Manchetes dos jornais desportivos como “a BOLA”. Realmente, nem a família sabia dos seus planos até aparecer à porta, criando inquietações ao pai que havia assumido o compromisso com o clube português.

 

Em Bissau, num cruzamento da avenida, conheceu aquela que viria a ser o Amor da sua Vida, The Love of his Life, a sua Dila, na altura "novos corpos" do Liceu Honório Barreto" como um seu amigo próximo, Bala Mussá - que seria depois o seu padrinho de casamento - havia respondido à sua inquisição sobre a menina com a qual havia cruzado dias antes e que de novo encontraria no Bloco Circum Escolar na festa dos Juventude 71 (Conjunto a que pertencia o seu mano Carlos Silva) e Capa Negra. Dois anos mais tarde, celebraria o casamento com essa menina que havia chamado a sua atenção num furtivo cruzar de rua. Casamento este que veio a dar três frutos e duraria até ao maldito dia no Hospital de Santa Maria em Lisboa; 32 anos vividos com muito amor e um relacionamento franco e de muita cumplicidade, a  que os filhos que fazendo alegoria ao mundo do imaginário, lhes alcunharam de "Tarzan and Jane". Uma alusão sarcástica à cumplicidade e interdependência de que eram Testemunhas.

 

De volta a Bissau, retoma os estudos para concluir as disciplinas em falta no 7º ano, ao mesmo tempo que dava aulas de Matemática, Desenho e Educação Física no mesmo Liceu. De referir que acabaria por ser designado como professor de EF da célebre turma IV - que apanhara mas, deixou de o ser no dia em que, o sempre igual a ele mesmo, Beto Correia mandaria toda a Turma para casa porque seria o dia de "Resposta", ele vinha acompanhando as "investidas" alguns meses, muito antes do início das aulas .

Com a conclusão das Disciplinas em falta e sentindo-se já apto para prosseguir os estudos Universitários, cede às pressões familiares para regressar ao Boavista e terminar o contrato que o pai havia celebrado em 1972 o que dera no seu regresso profissional; com desagrado mas determinado a honrar o compromisso que havia interrompido.

O Boavista, mais na pessoa do treinador Pedroto, mostra-lhe a sua insatisfação para com a atitude de ter abandonado o Clube; recebe-o com o Banco de suplentes, seguido de um Empréstimo para o Famalicão Futebol Clube, aonde viria a terminar o contrato para logo a seguir regressar a Bissau.

 

De regresso a Bissau, vai trabalhar na Administração Interna, hoje Ministério do Trabalho. Em Outubro de 1976, não antes de se casar com a sua amada, parte de novo para Lisboa agora para ser suportado financeiramente por uma irmã e um irmão (dera-se a inversão de papéis) aonde se inscreve no 1º ano de Engenharia Electrotécnica no Instituto Superior Técnico de Lisboa, tendo concluído o 2º ano e feitas algumas cadeiras do 3º ano.

Seria agora que começaria a viver o seu sonho de tirar um curso Universitário, algo que considerava chave de sucesso na Vida. Fora uma época de muita paz e felicidade; vai viver para a célebre residência estudantil Lar Santa Quitéria juntamente com muitos amigos e ex-colegas do Liceu, vivendo a juventude "normal" que o futebol profissional lhe havia roubado.

Entretanto, esta vida seria sol de pouca dura. Pois, as dificuldades com o sistema de transferência de dinheiro de Bissau para Lisboa fez-lhe experimentar a dura vida de alguns estudantes na época; Viver com parcos meios financeiros e ser auto-suficiente. Estas dificuldades do quotidiano aliado à vontade de se juntar à mulher que continuara em Bissau, o levaria a deitar mão ao que melhor sabia fazer: jogar à bola.

Desta vez, como semi-profissional, acreditando na potencialidade desta lhe proporcionar tanto com meios financeiros como como precioso tempo para os estudos. Daí a sua aventura pelo Montijo, Famalicão - novamente, Rio Maior e Torriense.

Com o Nascimento da primeira filha, regressa à cidade do Porto e volta a Famalicão na nova categoria. Entretanto, a interrupção dos estudos e o regresso ao menos agradável ambiente do mundo de futebol desassossega-lhe de novo, levando-o a desistir na época seguinte voltar para Lisboa, tendo ido jogar no Rio Maior, mais tarde no Torriense enquanto  frequentava o seu Instituto Superior Técnico.

 

Por esta altura, volta-lhe a forma e pujança de jogador que lhe era característico na era do Boavista, e pelo facto regressaria às luzes da ribalta, o que traria no seu encalço uma onda de Clubes com propostas de Contrato quiçá tentadoras. Entre os tantos, apareceria o Belenenses, cujas investidas muito contribuiriam para a tomada de decisão de " sair de Portugal e ir para longe": a conclusão de que os estudos jamais se reconciliariam com a Bola e que viver em Portugal comportava riscos. Se o pensara melhor o fizera, pondo término  à relação com o futebol enquanto meio de sustento.

Regressa à Guiné e opta por pedir uma uma bolsa de estudos, de preferência para o Brasil por causa do português, uma vez que se achava incapaz de apreender outra língua. De facto, o Rufino tinha um pavor à aprendizagem de uma língua nova. De seu género pouco falador e de "língua pesada", atribuía a sua inaptidão ao "traumatismo" que uma tal professora de Francês lhe causara no seu 4º ano do Liceu.

 

Em Bissau, fazendo-se valer da relação de amizade e de fã da UDIB que mantinha com o Presidente Nino Vieira, solicita a concessão de duas bolsas de estudo, sem se inibir de mencionar os motivos que o levaram a tal decisão. Esses motivos causaram alguma estranheza ao amigo e talvez por essa razão lhe foram satisfeitos dois anos mais tarde; entre o ir e vir das Torres a Bissau, e com a impossibilidade de ser para o Brasil e acabando por ser para os E.U.A.; para Brasil, apresentava alguma dificuldade e o tempo urgia.

 

Em Marco de 1983 parte para realizar o almejado objectivo, mas também para o maior desafio da sua vida: aprender o Inglês. Seguiu para os EUA na companhia de mais cinco jovens conterrâneos, deixando em Bissau a filha de 5 anos e a mulher que continuaria a dar aulas de Língua Portuguesa no Liceu Kwame N'krumah.

 

Cedo se adaptaria à vida estudantil; com a mochila  às costas e mocassins nos pés, mais parecia um recém saído da Escola Secundária dos Bairros Americanos. Venceria o desafio da lingua 9 meses mais tarde, em Tuscaloosa, Alabama, seguindo para Louisiana State University em Baton Rouge, aonde se junta a mulher e começa o seu novo Curso de Economia Agrária. Pois por imperativos da Bolsa, não seria possível continuar com a Electrotecnia.

 

Desportista nato, dá-se o seu encontro com o Ténis, desporto em que se iria tornar num excelente praticante.

 E em Maio de 1987, recebe o diploma de Bachelor's degree (Licenciatura) in Agriculture Economics, com Honors, pela Louisiana State University (LSU) em Baton Rouge. Em Junho do mesmo ano, nasceria a 2ª filha.

 

Regressa a Bissau e vai trabalhar para o recém criado Banco de Desenvolvimento (DESECO) e assim cumpriria as cláusulas contratuais da Bolsa com que estudara, dois anos de residência mínima no País de origem e também criar bases para o retorno da familia que havia deixado nos EUA: mulher a terminar a formação e as duas filhas.

 

Em 1990, com a familia já estabelecida em Bissau, Rufino regressa aos EUA para estudos pós- graduados e em Maio de 1992 recebia o Masters Degree (Mestrado) in Economics pela LSU, Baton Rouge, Louisiana. Coincidentemente, em Abril do mesmo ano nasceria o cassulo, Rufino filho.

De volta à Guiné, vai trabalhar para USAID em Bissau, tendo tido uma passagem de 8 meses na TAGB, onde teve a chance de provar o gosto agridoce dos meandros do poder na Guiné. Desapontado, regressaria ao seu posto no USAID aonde se manteria até 1997, quando foi nomeado Conselheiro na Missão da Guiné-Bissau na Organização das Nações Unidas, em Nova York e meses mais tarde Embaixador da Guiné-Bissau em Washington.

 

Desvinculado da Embaixada, vai trabalhar para a República de Angola como Economista no Ministério da Agricultura, Gabinete de Ministro. Apesar da promissora carreira em que havia embarcado em Angola, viria a surpreender a todos e qual obra do destino fatal, para espanto e estupefacção de família e irmãos, abandona o trabalho em Luanda e regressa a Bissau sob pretexto de não ter conseguido adaptar-se à vida nessas paragens. Regressaria a Bissau em 2000, dedicando-se a consultoria privada, o que mais tarde aliaria com a função de Representante da Empresa Premier Oil e depois Svenska Petroleum até Dezembro de 2008.

 

Foi enquanto representante da Svenska que havia viajado para Estocolmo em serviço e que durante a pequena escalagem em Lisboa, para se fazer acompanhar da mulher, para regresso a Bissau, que se encontraria com os desígnios da crueldade da morte.

Dila:

Deolinda Barbosa Mendes Silva (Dila)nasceu em Bissau em 1958, penúltima duma família de 7 irmãos. Filha de um funcionário público e de uma Costureira/ Doméstica, a quem muito atribui o crédito sobre a sua forma de estar na vida; personalidade forte e determinação em vencer os desafios.

Estuda até 9º ano no Liceu Kwame N'Krumah, tendo seguido para Portugal e repartido os estudos entre Porto e Lisboa.

Em Bissau, enquanto aguardava pela bolsa de estudos para EUA, trabalhou como professora primária na escola Revolução de Outubro no Bairro d'Ajuda e professora de língua Portuguesa no Liceu Nacional Kwame N'Krumah. Em 1984, segue para EUA e junta-se ao Rufino na Cidade de Baton Rouge em Louisiana, entrando para o curso após curta formação em língua Inglesa. Em Agosto de 1988,recebe o diploma de licenciatura em Sociologia Rural, com Minor em Economia Agrícola tendo iniciado o Mestrado que ficaria por concluir.

De regresso a Bissau, vai trabalhar como investigadora para o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisa (INEP) e mais tarde para o GAPLA, (Gabinete de Planeamento Agrícola) no Ministério de Desenvolvimento Rural.

Filhos:

Um grande amigo, Beto Garez, fizera uma vez o seguinte comentário: " A naturalidade dos vossos filhos, espelha a vida "errada" que tiveram; cada um num Continente".Nada mais que pura verdade, apesar de não ter sido planeada, uma mera coincidência, talvez sincronizada com a vida que fomos tendo. A primeira, Katia, nasceu em Bissau em 1978 porque não teríamos condições de a ter em Lisboa. Licenciou-se em Accounting nos EUA, aos 23 anos, e fez os estudos Pós graduados em International Management no ISCET, hoje a trabalhar em Bissau e aliando a interpretação à sua área de formação.

A segunda menina, a Sonah, nasceu nos EUA, nove anos mais tarde. Licenciou-se em 2011, double major graduate, Economia and Accounting" pela TOWSON University nos EUA, aos 24anos, depois de muito sofrimento com a perda do pai. Vive e trabalhar em Baltimore, USA. O terceiro, Rufino Filho, chegaria cinco anos mais tarde, em Lisboa. O "Matcho" do grupo concluiu o Associate Degree no Montgomery College nos EUA, em Maio passado. De regresso a Europa, continua a estudar, deixando para trás Arquitectura e seguindo para Business Management.

 

Impressionante!!! Aqui, os americanos falam do “American Dream”!

O que esta família conseguiu, chamo de “Sonho Guineense”, que todos nós algum dia tivemos a ousadia de “sonhar” mas que, por circunstâncias várias muito poucos conseguiram!

E, para terminar, palavras do “Amor da sua Vida” e que me deixou muito emocionado, porque sao palavras que todos nós gostaríamos de ouvir quando terminamos a nossa jornada neste mundo:

“Assim foi a nossa caminhada, feita de muitos bocados; de muita alegria e felicidade, dilemas e frustrações com remendos cozidos com muito amor e muita franqueza. Foram anos de muita cumplicidade. Homem discreto com incrível sentido de humor, irmão, amigo, Pai devoto e companheiro amigo, o Rufino nunca deixara de me surpreender com a sua capacidade de tolerância e encaixe, assim como a forma serena de ver as adversidades da vida. Aliás, apesar de prematura, foi com esta serenidade que partira; num ápice sem que houvesse algum alarido e sem que as pessoas à volta, incluindo médicos na sala se apercebessem. “

 

OBRIGADO RUFINO! OBRIGADO DILA! OBRIGADO KATIA! OBRIGADO SONAH! OBRIGADO RUFINO FILHO!

OBRIGADO FAMÍLIA MENDES E FAMÍLIA SILVA.

POR SEREM GUINEENSES! POR CONDUZIREM AS VOSSAS VIDAS COM DIGNIDADE E POR SEREM UM ORGULHO E UM EXEMPLO A SEGUIR POR TODOS NÓS!

WE ARE ALL PROUD OF YOU AND WHAT YOU HAVE ACHIEVED THIS FAR

LENDO A VOSSA ODISSEIA, AJUDA A MANTER VIVO  O SONHO DE UMA GUINÉ MAIS PRÓSPERA!

 

DJOCA

 

A família

Rufino na cerimónia de graduação da esposa Dila

Na cerimónia de graduação da esposa Dila


Rufino - cerimónia de graduaçãoRufino cerimónia de graduação

Rufino - cerimónia de graduação


Rufino com a primogénita KatiaRufino com a segunda filha Sonah

com a primogénita Katia e a dar biberão à segunda filha Sonah


Rufino avô

Rufino avô


Selecção Nacional de Futebol - Primeira Edição da Taça Amilcar Cabral

 

Selecção Nacional da Guiné-Bissau - Primeira Edição da Taça Amilcar Cabral - em pé da esquerda para a direita: Bauer, Quinzinho, Zeca Mateus, António Sani, Mário Coró, Agostinho, Aníbal da Mata, Paulo Didi, Cipriano Jacinto e Mário Aureliano. Agachados, da esquerda para a direita: Rufino Mendes, António Jorge (Berliet), Silá, Domingos Cá, Niná e Cirilo.

 


Rufino Mendes capitão da Selecção Nacional de Futebol da Guiné-Bissau apresentando a selecção ao então Comissário Principal, Francisco Mendes (Tchico Té)


Rufino e Júlio Barreto  -  Rufino e Bata


Tempos do Boavista Futebol Clube


Torres Vedras


Bissau, tempos de namoro...  Em casa dos pais de Carlos Silva: Luís Artur, Carlos Silva, Rufino, Capucho, Beto Garez, Johnny Mendonça


Selecção de basquetebol do Liceu Honório Barreto: Nado Mandinga, Caía, Beto, Armindo Handem, Victor Caúdo, Pipi Gama, Ademir, Rufino.


Na companhia de Baba, Manelinho de Kipa e Cirilo

 


Com "FOTIN", Manelinho e Cirilo


Com Taborda, Carlos Silva e Beto Garez


Tempos de Santa Quitéria: Petche, Augusto Cassius, César Augusto Lopes, Djau, Carlos Silva, Rufino, Taborda, Valdemar, Beto, Dinho.

Tempos de Santa Quitéria


Rufino José Mendes, Diplomata

Entregando as cartas credencias ao Presidente Bill Clinton


Apresentação das credenciais ao Primeiro-ministro do Canadá


Com Jimmy Carter nas Nações Unidas



MAPA DA GUINÉ-BISSAU


VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

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