EM DEFESA DA SEGURANÇA E, DA VERDADE...!

 

Fernando Casimiro (Didinho)

didinhocasimiro@gmail.com

12.12.2013

Fernando Casimiro (Didinho)Escrevo, não escrevo; publico, não publico, decido finalmente partilhar a revolta que vai em mim, sobre mais um tema directamente relacionado com a Guiné-Bissau, minha Terra, meu umbigo..., mas também, relacionado com questões de interesse global, não fosse a segurança, preocupação maior de Estados e cidadãos à escala planetária, perante ocorrências a que ninguém pode ficar indiferente de tantas marcas e mágoas deixadas em todos nós, humanos, cidadãos deste mundo que é de todos e no qual, independentemente do país, um acto terrorista pode vitimar cidadãos de diversos países, pondo todo o mundo, deste mundo, de luto; em sofrimento, em revolta, sendo que, fica sempre sem resposta a eterna questão, que, globalmente falando e no idioma de William Shakespeare, se resume a três letras... why?

Não vou, de maneira nenhuma, posicionar-me por alinhamentos identitários, se é que disso se trata, mas vou dizendo que, em matéria de segurança, serei sempre cidadão do mundo, cumpridor das normas internacionalmente reconhecidas/aprovadas/ratificadas ou não pelo meu país, a Guiné-Bissau. Tal como milhões e milhões de pessoas, um pouco por todo o mundo, também eu, cidadão guineense, mas igualmente possuidor de nacionalidade portuguesa, por direito próprio, estou sujeito a viajar por este nosso mundo fora, o que significa dizer que, sujeito a acções que podem comprometer a minha própria segurança, caso as normas internacionais não sejam respeitadas. O perigo espreita e actos criminosos, independentemente das motivações, não deixam de suceder ao mínimo desleixo do cumprimento das normas de segurança adoptadas nos fóruns internacionais de combate ao terrorismo e ao mais alto nível!

Entrando concretamente no assunto que me fez "quebrar" o silêncio de algumas semanas sem escrever, realço o termo revolta, com que iniciei este texto, para classificar a crueldade nas intenções, assumidas ou não, das reportagens/notícias veiculadas, sobretudo, pela imprensa portuguesa, nas variadíssimas versões que relatam o caso dos "74 sírios", bem como, das declarações e posicionamentos de personalidades e entidades portuguesas, com base em preconceitos coloniais, que nunca despiram "julgando e condenando", uma vez mais, um país e, todos os seus cidadãos, que, directa ou indirectamente, ficam, com mais uma mancha de uma acusação da qual, nenhuma prova pública convincente ou não, foi apresentada, até ao momento em que escrevo estas linhas!

São tantas as versões relatadas na imprensa portuguesa que, ninguém consegue perceber de facto, o que aconteceu, ou o que está a acontecer... para tão grave acusação, não acompanhada de provas, mas que, por tão graves que são, revoltam-me, por não terem consistência; por não irem de encontro a soluções que visam, de facto, o argumento acusatório, da suspensão dos voos da Transportadora aérea portuguesa TAP, para a Guiné-Bissau, e nem servem de solução para a tal quebra de segurança sustentada para a anunciada tomada de posição radical e unilateral, ou seja, sem ter em conta, a versão das autoridades da Guiné-Bissau.

O que me motiva a escrever este texto é, antes de mais, a segurança à escala planetária. Questionar, com base neste caso específico relacionado com a Guiné-Bissau e, em minha opinião, maliciosamente aliado a questões do narco-terrorismo e da imigração ilegal, o que equivale dizer, a preocupações globais, mas de igual forma, defender a reputação, a imagem, da Guiné-Bissau, meu país, minha terra, meu umbigo... constantemente sacrificado por diversos interesses e conveniências, estratégicas, bem como, ajudar na sensibilização, na reflexão, dos meus irmãos guineenses e de todos os cidadãos do mundo, preocupados com a segurança, de verdade e não, da segurança com base em acusações e argumentos forjados, sem que comissões de inquérito, competentes, tenham sido criadas para avaliar as acusações e os argumentos de sustentação.

Será que em matéria de segurança, neste caso, global, basta a palavra de uma, duas ou três pessoas, alegando coação, sem provas, para se pôr em causa relações seculares entre dois países e povos?

Será que em matéria de segurança global, basta a palavra de uma, duas ou três pessoas, para que se tome uma decisão radical, em prejuízo não só de dois Estados e povos, mas de tantos quantos vêem os seus interesses e facilidades comprometidos abruptamente com a decisão unilateral e sem nenhum inquérito a confirmar a veracidade de tão grave acusação de "quebra grave de segurança"?

Mas que país é Portugal?!

Como eu, certamente há muita gente, independentemente da nacionalidade de cada um, a querer saber mais sobre o que de facto aconteceu, pois tudo o que foi noticiado pela imprensa portuguesa ou dito por personalidades e entidades portuguesas, continua a estar longe do essencial da argumentação que provocou esta crise de contornos políticos, diplomáticos, económicos e sociais, numa abrangência maior.

Da minha revolta, apresento questões a quem de direito, numa perspectiva de uma preocupação global, merecedora de debate e resposta, de âmbito global!

Aqui ficam as minhas questões:

Considerando ser grave a acusação de que a tripulação do avião teria sido coagida por militares guineenses (e se fosse um grupo armado com uniforme e não pertencendo às Forças Armadas da Guiné-Bissau?)no sentido de 74 passageiros, alegadamente, cidadãos sírios, com passaportes turcos falsos, viajarem nesse avião para Lisboa, começa aqui, para mim, a exigência de esclarecimentos sobre este caso.

Das várias versões apresentadas publicamente na imprensa portuguesa e sempre em prejuízo da Guiné-Bissau e dos guineenses, é bom realçar que, numa delas informa-se do estado traumático para a tripulação de voo e do pessoal de terra da transportadora aérea portuguesa, devido aos efeitos da coação a que foram sujeitos.

 1 - Em matéria de segurança, estaria o comandante do avião e a sua tripulação, em condições psicológicas de levantar voo, ou de fazer todo o percurso de voo, Bissau-Lisboa, mais de quatro horas, depois da alegada coação por indivíduos armados?

Foi posta em risco ou não, a vida dos passageiros do avião?

2 - Será que a coação foi mantida ao longo do percurso Bissau-Lisboa e por essa razão, só por essa razão, o comandante do avião não foi capaz de comunicar em tempo real o "sequestro" ou a coação a que estava a ser sujeito, pois se de facto, houve essa coação; se de facto os 74 sírios foram embarcados sem consentimento, com as suas respectivas bagagens, que garantias tinha o comandante do avião, de que podia viajar tranquilamente até Lisboa, sem pôr em risco outros passageiros que não os 74 sírios, bem como, o próprio aeroporto de Lisboa aquando da aterragem?

3 - E se a coação tivesse de facto, motivos terroristas?

4 -Porque razão o comandante do avião, perante uma alegada coação e sabendo da sua responsabilidade em proteger vidas humanas, não teve sapiência para, numa primeira tentativa, simular uma avaria técnica do avião, que impossibilitasse a sua descolagem?

5 - Porque razão, o comandante do avião, ainda que não tivesse sapiência para simular uma avaria técnica, não contactou a torre de controlo do aeroporto de Dacar/Senegal, ou da cidade da Praia/Cabo-Verde, por exemplo, para pedir ajuda, pelo grave incidente "coação", a que foi sujeito, no sentido de uma intervenção concertada visando, de facto, a segurança de todos os passageiros, do avião e no âmbito das recomendações em matéria de segurança e do combate ao terrorismo?

6 - Porque razão não foi até hoje comunicado o número total de passageiros que deveriam fazer ou fizeram o voo de Bissau a Lisboa. Será que o voo estava destinado apenas aos 74 cidadãos sírios, alegadamente portadores de passaportes turcos falsos?

7 - Será que só chegaram ao aeroporto de Lisboa, provenientes de Bissau os 74 cidadãos sírios, mais a tripulação do avião, quando todos os voos da TAP quer no trajecto Lisboa-Bissau, quer Bissau-Lisboa são sempre de lotação esgotada?

8 - Onde estão os testemunhos de passageiros, em Bissau, a quem não foi permitido embarcar para Lisboa, pelo menos 74, independentemente das suas nacionalidades, por terem sido substituídos à última hora, por 74 sírios, devido à alegada coação?

9 - Ninguém reivindicou os seus direitos?!

10 - Onde estão os testemunhos do restante dos passageiros, que supostamente deveriam ter viajado de Bissau a Lisboa, ou será que, não havendo os 74 sírios, o avião vinha vazio para Lisboa?

11 - Quem confrontou alguma testemunha com a alegada coação, reportada supostamente, pela tripulação do avião, se é que há testemunhas?

12 - A imprensa portuguesa só vê uma face da moeda?

13 - As autoridades portuguesas decidem radicalmente, contra multiplos interesses, e falsamente, com base em apenas uma versão, a da sua conveniência?

Apenas estamos a questionar, para ajudarmos a esclarecer este caso, relacionado não apenas com as fragilidades da Guiné-Bissau, que são muitas e reconhecidas por todos os guineenses, mas também, criticar posturas demagógicas, perigosas e infundadas (até provas em contrário) provenientes de entidades e personalidades portuguesas, demonstrativas de falta de sensibilidade e inteligência para lidar com a Guiné-Bissau, tendo em conta os seus problemas e a necessidade de ajudar, de facto, a ultrapassar esses problemas, com base no respeito, na harmonia, de mãos dadas, para o bem estar comum. Alguém tem dúvidas de que uma Guiné-Bissau estável e no trilho do desenvolvimento, será vantajoso para Portugal e para muitos portugueses?

14 -Se de facto a tripulação ficou afectada pelo alegado acto de coação, como se noticiou, como foi possível e isto, para mim é muito grave, não ter havido comunicação e tentativa de obtenção de apoios, com vista a justificar a preocupação com a SEGURANÇA?

15 - Se uma tripulação de um avião que deveria fazer um voo de mais de 4 horas é coagida pela força das armas e se há suspeitas de que os passageiros que deveriam transportar poderiam não ter a documentação legal, ou haver entre eles elementos ligados a grupos terroristas, onde está a estratégia da cooperação global contra actos de terrorismo?

16 -Porque é que a tripulação cumpriu o percurso normal de voo até Lisboa, quando instantes depois, poderia aterrar em Dacar/Senegal, solicitando apoios, até para averiguação das bagagens dos passageiros que foram, alegadamente forçados a transportar, sem que, certamente, tivessem certezas do que tinham nas suas bagagens?

17 -Afinal, quem reivindica segurança, esquecendo-se das normas/directivas de segurança, de âmbito global?

18 -Ou será que, a decisão tomada pelas autoridades portuguesas, ao invés da alegada coação, tem a ver com documentos falsos na posse dos 74 sírios e que, verdade seja dita, a Guiné-Bissau não tem meios para detectar se são genuínos ou falsos?

19 - Porque razão as autoridades portuguesas não pediram esclarecimentos a Marrocos e à Turquia, pontos anteriores de passagem dessas 74 pessoas, antes de escalarem a Guiné-Bissau, rumo a Portugal?

20 - Não deveria a União Europeia criar uma comissão de inquérito para avaliar este caso, que envolve Portugal, um seu Estado-Membro, afim de apurar responsabilidades e tirar ilações a bem da SEGURANÇA de todos?

Estamos de novo, perante um caso comparativo do que se passa em relação ao narcotráfico. Todos sabem que a proveniência é da América do Sul, incluindo, os países de onde a droga sai até chegar à Guiné-Bissau e outros países da África ocidental, mas por conveniência, não se faz referência aos países que exportam a droga, promovendo toda uma campanha destrutiva, apenas contra países frágeis, como a Guiné-Bissau, que ficam manchados com assuntos como o narcotráfico e, agora, como alegado interposto de imigração ilegal...

Tenham lá paciência... Haja respeito, saibamos promover a segurança global, incluindo nessa segurança, igualmente, os Estados frágeis, ajudando-os a ultrapassar as suas fragilidades, para que todo o nosso Mundo possa ser, de facto, mais seguro, para todos os seus habitantes!

O texto que acabou de ler foi escrito em 12.12.2013, tendo em conta várias versões sobre o caso dos "74 sírios" que viajaram da Síria para a Turquia, Marrocos, Guiné-Bissau e, finalmente Portugal.

Hoje, 13. 12. 2013, eis que surge a versão oficial do Presidente da Transportadora aérea portuguesa TAP sobre o assunto... Claro está que uma vez mais se prejudicou um país e a imagem de todo um povo, tendo em conta, o grau das acusações que foram dadas a conhecer desde há quatro dias pela imprensa e personalidades portuguesas e que afinal, esclarece o Presidente da TAP que: " (...) não houve demonstração de força perante a tripulação”, como se tem especulado"...

PRESIDENTE DA TAP ADMITE QUE HOUVE "ORDENS SUPERIORES" PARA EMBARCAR PASSAGEIROS SÍRIOS

O presidente da TAP admitiu nesta sexta-feira que houve “ordens superiores” para terça-feira de madrugada embarcar os 74 passageiros sírios em Bissau, o que levou à suspensão da rota por parte da companhia de aviação portuguesa.
À margem da reunião anual da Star Alliance, onde se encontram todos os responsáveis máximos das transportadoras aéreas que integram a aliança, Fernando Pinto quis deixar claro que “não houve demonstração de força perante a tripulação”, com se tem especulado. O gestor brasileiro esclareceu que “a maior pressão foi feita sobre o chefe de escala”, responsável pela ligação entre Bissau e Lisboa.
Questionado sobre o tipo de pressão exercido, o presidente da TAP disse que “vieram ordens superiores para embarcar”, com a ameaça de que, se tal não sucedesse, “o avião ficaria retido”. Fernando Pinto preferiu, no entanto, não especificar de quem vieram essas ordens.
Ontem, o ministro dos Negócios Estrangeiros da Guiné-Bissau, Delfim da Silva, já tinha comentado: “Não estou a ver gente com armas a obrigar a tripulação a embarcar os passageiros”.  Hoje, disse: "São detalhes que vão demorar a ficar esclarecidos." Uma comissão de inquérito foi já anunciada pelo primeiro-ministro.

Os ânimos ainda não serenaram entre todos os passageiros da TAP com viagens marcadas num sentido ou noutro. A companhia já conseguiu encontrar voos alternativos para cerca de 500 passageiros que tinham reservas esta semana, através de uma parceria com a Air Senegal. No entanto, ainda há cerca de 1000 passageiros com viagens marcadas para a próxima semana e que estão por resolver.
“Temos uma equipa especial na TAP a tratar esta questão”, disse o gestor, explicando que, além da alternativa do Senegal, foram “colocados voos adicionais em Dakar e também foi dada a possibilidade de fazer [a viagem] via Marrocos”. De qualquer forma, esta situação irá comportar custos adicionais para a transportadora aérea nacional, além do facto de poder vir a ser multada por transportar passageiros com documentos inválidos. Fernando Pinto garantiu que a empresa “vai recorrer da multa”.
Até à suspensão dos voos, a TAP voava três vezes por semana para Bissau. Uma ligação tradicional da companhia, mas sem rentabilidade elevada. “É uma rota equilibrada” financeiramente, disse Fernando Pinto, apesar de acrescentar que acredita que “um dia vai crescer”.
A companhia não descarta a hipótese de retomar os voos, mas apenas “se não voltarem a acontecer situações deste tipo”, referiu o gestor, frisando que “o aeroporto tem de oferecer uma condição de conforto à empresa”. Quanto às negociações que estarão a decorrer entre os governos dos dois países para resolver a situação, o presidente da TAP não quis responder por se tratar de um “assunto de Estado”.
Uma das soluções poderá ser retomar o apoio do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) em Bissau. Até há um ano, era desta forma que funcionava a operação da TAP no país, mas “foi proibido pelas autoridades locais”, adiantou Fernando Pinto. “Agora há a hipótese e esse seria um caminho inteligente”, admitiu.
Delfim da Silva defende a reactivação do protocolo, que vigorou ao longo de 2012, de forma a ultrapassar o problema que este episódio criou entre os dois países. Conforme o acordo, inspectores do SEF faziam um controlo de passageiros à entrada do avião. Por esta via, as autoridades portuguesas terão conseguido reduzir de forma significativa a entrada de cidadãos oriundos da Guiné-Bissau com documentos falsos em território nacional. Findo o acordo, tudo terá regressado à estaca zero.
Reactiviar o acordo não lhe parece complicado. Na opinião do ministro, seria uma forma de "criar confiança".
 

PRESIDENTE DA TAP ADMITE QUE HOUVE "ORDENS SUPERIORES" PARA EMBARCAR PASSAGEIROS SÍRIOS

 

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