A SAÚDE DOS GUINEENSES NA GUINÉ E NA DIÁSPORA

Prof. Joaquim Tavares

Prof. Joaquim Silva Tavares (Djoca)

joaquim.tavares15@gmail.com

30.06.2010

 

Editorial de Junho

 

Foram gratificantes estes quase 54 dias desde o nosso editorial de 5 de Maio, por várias razões, desde contactos com colegas médicos e estudantes de Medicina radicados na Guiné, com discussões sobre casos clínicos, perguntas e respostas, tendo tomado conhecimento das nossas carências (pondo o assunto de uma maneira ligeira!!!) a nível da Saúde: Serviço de Neonatologia com incubadoras, mas sem oxigénio, sem sistema de monitorização, muitas vezes, trabalho de parto feito “à luz das velas”. O bloco operatório ser designado de “Fábrica da morte”; “Cuidados Intensivos” sem ventiladores; maternidades com uma cama para 2-3 mulheres com os respectivos recém nascidos. Hospital Simão Mendes rodeado de farmácias a menos de 500 metros, embora haja uma lei, no Boletim oficial que proíbe a existência de Farmácias a menos de 500 metros.

A proliferação de medicamentos contrafeitos, farmácias geridas por negociantes de caju; Pelo que alguns colegas me disseram, o Sr. Ministro Camilo Pereira há 2 anos que está a fazer esforços para travar esta tendência de proliferação de farmácias com fins duvidosos. Espero que ele tenha apoio suficiente para conseguir o seu objectivo - proteger a integridade física dos Guineenses.

Tive também oportunidade de angariar alguns dados sobre o Dr. Elísio Bento de Carvalho, que graciosamente aceitou escrever a sua autobiografia, cuja primeira parte publicamos juntamente com este editorial.

Saborear o Mundial de Futebol (há 3 anos, compramos uma casa em Joanesburgo, com o fim de lá ir em junho para “viver” o Mundial, mas devido aos afazeres profissionais, não deu tempo par ir; tenho a certeza que o meu amigo Ito “Belasco/banana, com quem falei muito enquanto estava a acompanhar o estagio da selecção de Portugal, me vai fazer um apanhado dos acontecimentos…

Durante este período, depois de todos os acontecimentos de que não nos podemos orgulhar, por um momento vacilei: as leis para votar foram feitas com o objectivo de permitir pessoas com maturidade suficiente para distinguir o Bem do Mal, votarem; porque é que eu, com a minha vida feita, satisfeito com o rumo das coisas, por que tenho que me preocupar com pessoas que escolheram o seu destino e parecem estar satisfeitas com o estado das coisas na Nossa Terra?!

 As discotecas estão abertas, podem saborear álcool, podem comprar drogas e ainda ficam revoltadas quando se tenta pôr o dedo na ferida e dizer que “não é assim que as coisas devem ser”. Não foi esta a Terra que os combatentes da Liberdade nos prometeram em 1973/74. E posso estar errado, mas aposto que se houvesse eleições hoje mesmo na Guiné, as mesmas personagens, os mesmos protagonistas que ganharam ontem, voltariam a ganhar hoje… Mas, pensando 2 vezes: ainda há crianças: o nosso papel é tentar que elas vejam a outra face da moeda: a ordem natural da vida, não é ter poder hoje e ser assassinado amanhã, sem piedade; a ordem natural das coisas, não é sonhar ser militar para subjugar compatriotas pela força, insultar e ameaçar matar compatriotas porque somos donos do poder. Não, a vida é mais do que isso: a vida é lutar e viver honestamente, lutar dentro das regras de honra, debater ideias e não assassinar ideias. NESTE MOMENTO, É A HERANÇA HISTÓRICA DO HONRADO, HONESTO E ÁRDUO TRABALHADOR GUINEENSE QUE ESTÁ EM JOGO.

Não me reconheço nesta Guiné dos últimos anos….

Aproveito para agradecer ao Adulai Silá e à sua filha por me terem fornecido as fotografias para ilustrar a autobiografia do Elísio! O Adulai, para quem não sabe, foi uma das minhas fontes de inspiração e, em parte, responsável pela pessoa que hoje sou: depois do meu regresso a Bissau, depois de uma curta estadia no Colégio de Nuno Alvares em Tomar, ouvia sempre falar de um indivíduo/aluno extremamente inteligente, com notas altas e o nome dele era Adulai Silá. Na vida, temos sempre que imitar os que são melhores do que nós: desde então, tentei ser tão bom como ele era, e espero que o tenha conseguido. Não o vejo desde que saí da Guiné em 1980. Falei com ele por instantes, ao telefone, há cerca de 2 anos, quando esteve de visita a Washington, DC em casa do Henrique Ribeiro.

Por hoje é tudo, mas em breve poderemos apresentar casos clínicos Guineenses.

Djoca

 

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