A SAÚDE DOS GUINEENSES NA GUINÉ E NA DIÁSPORA

Prof. Joaquim Tavares

Prof. Joaquim Silva Tavares (Djoca)

joaquim.tavares15@gmail.com

05.01.2008

Editorial de Janeiro

 

 
Caros colegas e amigos!

 

Despedimo-nos do ano de 2007 e entramos no ano de 2008 cheios de esperanças numa Saúde melhor para todos os guineenses na Guiné e na Diáspora.

 

Aos poucos, temos colegas que vão participando e outros  prometendo participar neste espaço, através de críticas, discussões e artigos para que todos possam dar a sua modesta contribuição para a Saúde dos guineenses.
 
Antes de abordar alguns tópicos interessantes, gostaria de, humildemente, dar-vos a conhecer que, finalmente, consegui cozinhar um "Bacalhau à Braz" que saiu bem! Estamos hospedando em nossa casa 3 estudantes universitárias da África do Sul que estão aqui por 3 meses num tipo de intercâmbio de trabalho (uma Universidade  de Joanesburgo emite vistos de trabalho nas férias dando aos seus estudantes a possibilidade de trabalharem nos Estados Unidos e ganharem algum dinheiro); no último domingo, aventurei-me com o meu prato favorito e gostaram imenso; até pediram a receita!!!
Por momentos, lembrei-me dos meus tempos de estudante em Lisboa, quando nos feriados ou nas férias (as cantinas: nova e velha estavam fechadas) e íamos a uma tasca na praça da Estefânia saborear alguns pratos favoritos, sendo que, na maioria dos casos, devido à politica de apertar o cinto, era só frango; mas às vezes, dávamo-nos ao luxo de escolher; era bacalhau à braz, iscas com elas, etc.

Aos domingos, íamos a um restaurante na zona do Rato ou da Estrela e o Martinho que era o "último romântico" sempre a assobiar uma canção a cada domingo, tipo: "O que é que você vai fazer domingo à tarde" do Nelson Ned, "Amapola" do Roberto Carlos, ou por vezes "Ai chico chico" da Amália...

 

Outros pratos favoritos para mim são: a "Cachupa" que cozinho 3 a 4 vezes por ano para a minha esposa e filho e o Sigá (este não sai muito bem por falta de ingredientes...).

 

Tópicos do Editorial de Janeiro

 

 
1- Exame de aptidão física para a obtenção do "green card" (residência permanente) nos Estados Unidos.
 Para informação de conterrâneos que queiram requerer ao "green card", há um exame médico obrigatório que é necessário fazer para acompanhar o processo.
Faço parte da lista de médicos que fazem estes exames; geralmente só o faço para  colegas médicos, amigos e seus familiares e para vossa informação, mesmo com seguro médico, ainda pode custar mais de mil dólares.

 A consulta médica geralmente varia entre 100 e 200 dólares mas os exames de sangue (hepatite B, sífilis, HIV, sorologia para sarampo, rubéola, varicela etc.) podem custar muito;

A minha sugestão é fazerem os exames de hepatite B, HIV, sifilis e Tuberculina: são pagos pelas seguradoras e aconselhar os vossos familiares a conservarem todos os boletins de vacina da Guiné, pois assim podem poupar muito dinheiro. Para mais informação podem contactar-me através do meu endereço do gmail.
 
2- Editoriais

A minha ambição e sonho é que no futuro, alguns dos editoriais sejam feitos por colegas médicos exercendo na Guiné ou indivíduos ligados ao Ministério da Saúde da Guiné, porque afinal, quem melhor do que eles para abordar os problemas da Saúde na Guiné?

Desde já os/as encorajo a pensar e agir nesse sentido, porque como disse num dos meus editoriais, aceitei este desafio (apesar de não ter muito tempo disponível) porque gosto de aprender e quero aprender com as experiências dos colegas.

 
3- Diabetes

Não cumpri o prometido na abordagem sobre a Diabetes, porque entretanto, chegou ao meu conhecimento que um dos nossos ilustres conterrâneos médicos trabalhando na Guiné concluiu recentemente um curso em Diabetologia. Já entrei em contacto com ele e brevemente poderá escrever sobre este tema.

 
4- Crianças

 Não vou parar de falar deste tópico, digam o que disserem!

 Uma sugestão para colegas (não só médicos) que visitam a Guiné periodicamente ou colegas que lá estão a viver: sei que o vosso tempo é ouro e que trabalhando lá ou em visita, temos muitos compromissos; mas penso que cada um de nós deve "adoptar" uma escola ou instituição para crianças e programar uma visita durante o tempo de aulas, combinar com os professores ou directores e falar com os/as estudantes por 30 minutos a 1 hora, falar das nossas experiências, dificuldades e sucessos, etc.;pode parecer pouco para nós, mas significa muito para seres tão influenciáveis como as crianças e jovens.
Talvez possamos assim, convencer às gerações vindouras que há outros caminhos que levam ao "sucesso na vida", além dos negócios da droga, o desporto profissional, etc.; a Educação, o Saber são  vias válidas na vida e nunca se perdem.
 
5- Ordem dos Médicos
 
Recentemente, falei com o Dr. Plácido Cardoso e na altura estavam a tentar revigorar a Ordem dos Médicos na Guiné; uma iniciativa muito louvável da qual espero que continuem a fazer esforços para a sua consolidação.

 Necessitamos duma sede, computadores (hoje em dia, não se pode imaginar um médico/enfermeiro/técnico de saúde) sem computador. Queria que alguém na Guiné abordasse este tema e nos dissesse como é que nós na diáspora podemos ajudar a nossa Ordem.

Necessitamos de vozes para defender a nossa profissão: ainda não me conformo com a falta de consideração em relação aos nossos colegas médicos /enfermeiros/ sector da Saúde em geral, quando se fala do Orçamento de Estado; Pode-se e deve-se fazer mais!
 
6- Casos Clínicos (1)

Continuarei a abordar casos clínicos. Falei com colegas em Portugal e espero que brevemente enviem casos clínicos interessantes.

Um tema que poderemos abordar é a SIDA e como é uma área muito vasta, todos podem contribuir.
 
7- Eleições para a Ordem dos Médicos em Portugal

Um apelo aos colegas médicos em Portugal:

Cumpram o vosso dever cívico/médico e votem na segunda volta das eleições para a Ordem dos Médicos.

Eu votei na primeira volta e enviei hoje o meu voto para a segunda volta; o último dia para votar é o dia 16 de Janeiro.

 
8- Estatisticas
 
Este tópico deixa-me preocupadíssimo porque  não temos ou temos dados estatísticos muito escassos no que se refere à Saúde na Guiné e no terceiro mundo em geral; necessitamos de investir mais nesta área, porque sem estatística, a luta contra as doenças está perdida antes de começar: é como ir à guerra sem saber o número de homens que o inimigo tem, e o armamento de que dispõe. Convido os médicos, enfermeiros/técnicos de saúde na Guiné a colherem e registarem dados da pressão arterial, diabetes, doenças infecto-contagiosas, etc. pois assim,  quando chegar a altura da recolha de dados, vai ser mais fácil para os técnicos de estatística se tudo estiver registado.
Se há mais prevalência de hipertensão, por exemplo na zona de Bula (será da alimentação, será genético, será o stress, etc.), pode-se envidar mais esforços no sentido da prevenção através da educação sobre a dieta, etc.).
 
9- Congresso dos Médicos Guineenses

Aceitam-se sugestões sobre a altura ideal para a realização do Congresso dos Médicos Guineenses, meios de angariação de fundos, local da realização, apoio governamental e tópicos para o Congresso.

 
 
10- Casos clínicos (2)
 
Reconheço que na Guiné não temos muitos meios disponíveis para aplicar as últimas tecnologias para tratar os nossos doentes; mas a medicina não é só ciência, por vezes é uma arte e pode-se adaptar os meios disponíveis a cada caso (o factor humano/médico/raciocínio) ainda tem e deverá ter sempre um peso importante no tratamento dos doentes. Esta é a vantagem dos conterrâneos a trabalhar na Guiné: sabem utilizar o estetoscópio e o exame físico melhor do que nós  "escravos da tecnologia", tecnologia que é bem vinda, não me interpretem mal, mas à medida que as décadas passam, dependemos mais nas radiografias, TAC's  MRI´s do que na perícia do exame clínico...O Professor Ducla Soares (um dos maiores clínicos de que me lembro) deve estar a mexer-se na sua sepultura...
 
Boa Sorte a todos!

J.TAVARES, MD, FCCP, FAASM

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