É COM TRABALHO, JUSTIÇA E HONESTIDADE, QUE SE CONSTRÓI UMA NAÇÃO!

 

 

Secuna Baldé *

Secuna Baldé

secbalde@hotmail.com

18.01.2010

Todos os seres humanos têm valor igual enquanto seres humanos, e deveriam ter as mesmas possibilidades de uma vida digna, que lhes permitisse desenvolver suas potencialidades. Segundo a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada na assembleia geral das Nações Unidas, em 1948, que concede a todos a vida, a liberdade e a segurança, o direito a um padrão de vida que garanta saúde e bem estar, o direito ao trabalho, a liberdade social, e ainda o direito à liberdade de credo e pensamento. No nosso país isso ainda é uma utopia. A impressão que tenho é que, quando a Guiné Bissau obteve sua independência, todos nós julgávamos que isso significaria ter uma nação e não ter que construir uma nação. Por isso tenho a impressão que ninguém se preocupa ou se empenha em tal construção. Passados 37 anos de independência nacional o sistema que o nosso país foi governado e o que está em vigor deixam muito a desejar.

 

Somos guineenses e amamos o nosso país, temos orgulho dele. Como cidadãos, achamos que “quem não deve não teme” e que chegou a hora de todas as pessoas de bem se unirem para fazermos o nosso país, um país de paz e não de violência. Porque o não à violência é a maior força que a humanidade tem à sua disposição. É mais poderosa que a arma mais destruidora inventada pelo homem. A destruição não corresponde à lei dos homens. Viver livre é estar prestes a morrer, se necessário, pela mão de seu próximo, mas, jamais matá-lo. Seja qual for a razão, toda a morte ou outro dano a qualquer pessoa é um crime contra a humanidade.

Devemos educar as nossas crianças, para que o futuro não possa punir os adultos!

Devemos plantar na mente das nossas crianças, que só com educação e não à violência é que podemos ter uma vida digna. A violência não nos leva a lugar nenhum, só traz sofrimento, ódio e destrói o futuro da nossa geração.

Sonhamos com uma nação alfabetizada. Com alfabetização teremos um país mais justo para se viver. Um país onde as crianças terão esperança de uma vida digna, e a juventude terá a hipótese de concretizar os seus sonhos, onde as mulheres terão os mesmos direitos que os homens, onde os reformados, após uma longa vida de trabalho, poderão ter direito ao merecido descanso. Com dignidade, sem sobressaltos, sem dificuldades ou incertezas. Queremos governantes capazes de pensar em prol da qualidade de vida digna para todos os cidadãos.

                                                

Amar a Guiné é acima de tudo defender seus direitos e sua identidade. O povo guineense sempre foi um povo determinado. Assim devemos continuar e manter a cabeça erguida para lutar contra os corsos de políticos incompetentes, mentirosos e corruptos com falta de seriedade no cumprimento das promessas eleitorais. Estamos fartos de assistir palhaçadas dos nossos políticos e deputados da nação, permanentes na campanha política feita pelos “aristocratas” do poder, paga com dinheiro sujo financiados pelos traficantes. 

Queremos e sonhamos com uma pátria de Amilcar e com filosofia de Amilcar, “não sumbia de Amilcar” uma pátria, onde as crianças serão as flores da nossa luta, e razão do nosso combate. E onde a juventude será a força motora da nossa sociedade, e onde os combatentes da liberdade da pátria, poderão viver do estatuto de combatente da liberdade, e onde todos nós, seremos guineenses. Pretos ou brancos, filhos ou netos. Sem que,  seja preciso comprovar os quatro avôs natos, basta ter um pai ou mãe guineense, para que possa se candidatar ao mais alto cargo da nação, onde todos os guineenses possam ter o mesmo direito de se candidatar a esse mesmo cargo sem pagar ou comprovar nem um centavo por isso. O que queremos, são homens cultos e cientes com seus compromissos com o povo, não importa branco ou preto, místico ou pardo. Queremos ser bem representados e bem governados.

O nosso povo durante muitos anos assistiu e ainda assiste a muitas palhaçadas dos nossos políticos, cambadas de abutres, ditos empresários roubando e comprando patrimônios do povo guineense, disfarçados de políticos.

Vivemos num mundo profundamente inquietante. E ao mesmo tempo repleto de promessas para o futuro, cheio de conflitos, tensões, divergências sociais e violências. Contudo este é o mundo em que vivemos, continuamos acreditando e sonhando com dias melhores, para que possamos controlar o nosso destino e dar outro rumo a nossa vida, e das nossas crianças, oportunidades que não estiveram ao alcance das gerações anteriores, que nosso país tenha paz e credibilidade interna e externa na implementação de uma democracia justa e saudável, a fim de lançar a nova pedra de uma estabilidade política e social.

Porque hoje em dia, a revolução técnica científica provocou na sociedade contemporânea, transformações profundas que se refletem em todas as esferas da vida humana. Importância científica na gestão da economia e de outros domínios da sociedade atribui a ciência, sem se falar no desenvolvimento econômico, social e cultural.

A situação do homem nas condições do atual desenvolvimento científico, técnico e das mudanças culturais mostra que o progresso da ciência e da sociedade só é possível na base do desenvolvimento social, político, espiritual e moral da sociedade.

E é nessa perspectiva que os nossos governantes devem buscar o espírito da unidade nacional, da consolidação da nação, do estado de direito, da cultura democrática, justiça social, e da consolidação da paz. A apropriação desses valores deve basear-se numa abordagem científica dos problemas da nossa sociedade, em particular na educação e formação de novas gerações com vista à construção de uma sociedade capaz e dotada de um espírito de cidadania. Garantir o respeito da constituição e demais leis, nomeadamente no que concerne a defesa da integridade do território nacional, do equilíbrio político institucional, do desenvolvimento da cidadania e da construção do estado de direito. Com governantes capazes e que obtenham conhecimentos reais do estado da nação quer na sua dimensão econômica financeira, quer na política institucional. Que são capazes de apoiar e fazer grandes projetos sociais, culturais e infraestruturais, e garantir a honorabilidade do Estado, e promover relações institucionais que possam facilitar a adaptação de leis no sentido do alargamento do espaço da liberdade democrática e da modernização das instituições da República.

Nosso país precisa de governantes modernos e civilizados, que são capazes de aceitar críticas e sugestões, e apoiar a liberdade de expressão, e com respeito ao poder judicial, no sentido da consolidação e dignificação das instituições, e na construção de um Estado de direito democrático. Na luta contra a impunidade e a corrupção, que durante 37 anos de independência que vem representando grandes entraves ao desenvolvimento do nosso país.

Para isso, precisamos fazer reflexões profundas sobre estes 37 anos de independência e analisar quais são as principais causas do impasse para o desenvolvimento do nosso país. Porque quando se trata da questão do desenvolvimento, é necessário que o cidadão, seja o centro da preocupação para que isso possa nos levar a compreender que a nossa atitude face aos desafios do milênio, requer uma confrontação entre os principais valores que têm a ver com a missão do homem e a sociedade. E privilegiar a educação e a formação, estimulando a cultura de se utilizar a ciência como o espírito de cidadania, condições chaves para vencermos os desafios do milênio.

Caros governantes, o povo da Guiné escolheu e responsabiliza os senhores, pelo futuro da Guiné e dos guineenses, então, é necessário encarar o desenvolvimento como um processo concebível, organizável, controlável e humano, que não depende de uma simples sorte, pois implica uma autoconfiança crescente, tanto individual como coletiva. A base disso devem ser os próprios recursos do país, humanas e matérias, plenamente utilizados para satisfazer as suas próprias necessidades. E que a nossa independência deixe de significar para os guineenses apenas uma bandeira, uma identidade e um hino nacional.  Mais sim um Estado de direito que possa responsabilizar-se perante os cidadãos individuais e as associações de cidadãos pela criação do bem estar, da segurança social, do crescimento econômico, da promoção humana, na igualdade social de oportunidade para todos e para cada um dos cidadãos.

Para que assim possa garantir a mulher guineense o respeito pleno da sua integridade física e moral, bem como da sua capacidade jurídico política e econômica integral. E aos jovens e crianças guineenses um legado de paz fundado na justiça social e econômica, com base na igualdade social de oportunidade. E também renovar a humanidade, a cortesia política e social, a solidariedade nacional, contra o tribalismo a discriminação racial e de gênero, assim como a intolerância religiosa. Restaurar a esperança e a fé no futuro, o amor à pátria, a integridade moral e ética, a cultura democrática, e a necessidade da reforma e a reconciliação nas nossas Forças Armadas. Para que haja um processo de modernização dentro das Forças Armadas, adequando-as às normas próprias de uma classe castrense moderna, e criar condições para que, de maneira definitiva, os servidores das nossas Forças Armadas possam viver e exercer dignamente as suas funções. E que haja condições necessárias para nossas gloriosas combatentes libertadores da pátria de Amilcar.

As revoltas político militares que vêm assolando o nosso país nas últimas dez décadas, afetaram e ainda afetam a estabilidade política e a paz social no nosso país. E as conseqüências estão à vista a cada dia na falta de regresso à normalidade da vida econômica e social e no restabelecimento da confiança e de parcerias estratégicas do setor empresarial guineense com seus homólogos, no reforço de parcerias do Estado com as instituições internacionais assim como em relação a países considerados no âmbito bilateral no sentido da implementação dos grandes objetivos do milênio.

Com todas essas dificuldades que nosso país passou e está passando, gostaria que o senhor Presidente Malam Bacai, pare de fazer turismo pelo mundo, e assuma sua responsabilidade com o povo, e pare de inventar doenças para fazer turismo com dinheiro do povo, e se está doente, saiba que lugar de doente é no hospital. Porque há pessoas saudáveis e cultas, capazes e dispostas a trabalhar para o bem do povo, e que com habilidade de inovar, criar e ter competência de estimulação do respeito pelo princípio da competitividade na promoção dos quadros, assim como da cultura de reconhecimento do mérito e na solidariedade nacional. Porque todo e qualquer país do mundo para alcançar o desenvolvimento necessita respeitar os seguintes pilares fundamentais: a reconciliação e unidade nacional, a paz social e estabilidade política, o encorajamento do crescimento econômico e desenvolvimento humano.

Irmãos guineenses deverão encarar as tarefas que nos apresentam, hoje e amanhã. Ao invés de perdermos o nosso precioso tempo a combatermos uns aos outros de maneira estéril, devemos nos preocupar em criar projetos sociais para o bem do nosso país e do nosso povo e visão de ser competitivo à escala da sub região, do continente e do mundo em globalização.

Sempre digo que a nossa missão não está e nem deve estar terminada no dia em que todos os guineenses se amarem como irmãos. Ela não deve terminar com libertação dos guineenses ao neocolonialismo. Mas, o que procuro através da libertação dos guineenses, é conduzir todos os homens a fazer uma só comunidade fraternal. Porque o nosso patriotismo não deve excluir ninguém.

O nosso patriotismo perde toda o significado se ele não procura, permanentemente e sem menor exceção, promover o máximo de bem para a humanidade inteira. Mas há mais. É toda vida que procuro abraçar graças à minha religião ”não à violência” e por conseqüência, graças ao meu patriotismo. Não me é suficiente querer ser o irmão de todo homem ou mesmo tornar uma humanidade inteira, eu desejo também chegar a esta mesma unidade com todo ser que vive, mesmo que seja um verme de terra. Com risco de vos chocar, eu tendo a realidade desta identidade mesmo com as criaturas que rastejam no solo. Não afirmamos que todos vieram do mesmo Deus? Nesse caso, toda vida, seja qual for a maneira em que ela se manifesta, só pode ser essencialmente uma.

Então, por isso as violências não são necessárias para a Guiné e nem tão pouco para a humanidade. Esta é a grande conclusão. A Guiné-Bissau não necessita rastejar; e nem tão pouco pedir esmola, temos todas as potencialidades para progredir. Precisamos tomar consciência e reagir a isto. O povo tem que ser sujeito de sua própria vida e o governo deve respeitar o povo. Somente assim criaremos possibilidades para conquistar a paz.

Como sempre costuma dizer o meu pai “Vamos devagar um dia a gente chega lá”. E depois de longos anos de academia lendo livros, aprendi algo que diz “Nada é mais eficaz do que inspirar e expirar lenta e profundamente para administrar algo que você não pode controlar, e a seguir se concentrar naquilo que está bem na sua frente” (Oprah Winfrey).

 

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