Disponibilidade Para Mediação

 

 

 

 

Por: João Carlos Gomes *

 

gomesnyus@hotmail.com

 

João Carlos Gomes

 

07 de Março de 2009

 

 

A Quem De Direito

 

1. Os acontecimentos desta semana, não deixam dúvidas quanto ao facto inegável de que, o nosso país, a Guiné-Bissau atravessa neste momento um período que pode ser caracterizado como sendo, o maior desafio da sua história, como Estado independente e soberano.  Conforme demonstrado no passado, e na minha qualidade de cidadão nacional, não posso ficar alheio ao impacto dos graves acontecimentos, que tiveram lugar em Bissau, sem precedentes na história contemporânea de qualquer país, com os assassinatos do Presidente João Bernardo ‘Nino’ Vieira e, do Chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, General Batista Tagma Na Waie.

 

2. Como cidadão, as oportunidades que tive de fazer uma carreira internacional como jornalista,  especialista de relações internacionais e, diplomata, representam também um investimento feito pelo meu país, num dos seus, processo que me obriga a responder aquilo que defino como sendo um chamamento,  numa altura em que o país mais precisa de todos os seus filhos, cada um, na sua área, com a sua experiência.  Não se trata aqui de quem somos como indivíduos, se gostamos um do outro, ou da gravata que este ou aquele usa, mas, do que temos para oferecer para ajudar o nosso país a sair do clima actual de instabilidade.  Sem organização, não temos voz.

 

3. Tendo participado directamente, ou, seguido de perto, todos os grandes acontecimentos de envergadura nacional (na Guiné-Bissau) e internacional que tiveram lugar, pelo menos, no decurso das últimas décadas, e no processo, obtido uma experiência que julgo poder qualificar legitimamente de privilegiada, venho pela presente oferecer a minha total e completa disponibilidade para assistir em qualquer processo de mediação que deverá ter lugar nos próximos dias, semanas, meses, e anos, para fazer regressar a normalidade à Guiné-Bissau e, aos seus cidadãos.  Trata-se de uma obrigação.  Gostaria assim, que outros guineenses se juntassem a esta iniciativa e, que todos juntos, possamos decidir o que fazer para levar o navio a bom porto.  A nível individual, aqui está o que tenho para oferecer em termos de credenciais qualificativos:

 

·       Primeiro cidadão da Guiné-Bissau a integrar o Secretariado das Nações Unidas na sua Sede em Nova Iorque;

 

·       Primeiro cidadão da Guiné-Bissau a trabalhar ao mais alto nível da diplomacia mundial, inclusive, directamente com o Secretário-Geral das Nações Unidas a quem acompanhei durante a sua viagem a Angola em 1995, tendo participado nos seus encontros com o governo, incluindo o Chefe de Estado angolano José Eduardo dos Santos, e com o líder da UNITA, Jonas Savimbi, organizando a cobertura mediática internacional de toda a visita;

 

·       Porta-Voz do Representante Especial do Secretário-Geral para Angola, Alioune Blondin Beye, e Chefe da Divisão de Informação (posição de nível P-5).  Acumulei igualmente, por um certo período, a posição de Director da Rádio e Televisão, Produtor Executivo e, Locutor dos, ‘Caminhos da Paz’, uma série aclamada de TV, louvada pela ‘Human Rights Watch’ e PNUD, a qual foi posteriormente adoptada como modelo para todas as operações  de manutenção de paz das Nações Unidas  no Seminário Glen Cove, em 1997.  O meu staff incluía mais de 21 funcionários;

 

·       Assistente Especial do Representante Especial do Secretário-Geral para o Zaire (R. D.C.), Lakhdar Brahimi, a quem acompanhei, em 1993, durante encontros com o Presidente Mobutu S. Sekou, com representantes de cerca de 425 partidos políticos, e doutros governos interessados no caso;

 

·       Moderei um debate televisivo com a ‘Commissão Ad-hoc do Conselho de Segurança das Nações Unidas para Angola’ (1993);

 

·       Observador Eleitoral Internacional na África do Sul onde servi como Coordenador do processo que levou à queda do odioso regime do apartheid e a eleição de Nelson Mandela como Presidente.  Estava encarregado de um staff de mais de 16 elementos que incluíram diplomatas, parlamentaristas, e altos funcionários de vários países, de todas as regiões do mundo (1994);

 

·        Observador Eleitoral Internacional em Moçambique onde servi como Leader de Grupo.  Em seguida, procedi a um levantamento completo da necessidades do país no, ‘pós-guerra’ (1994).

 

·       Autor do ‘Polon Di Brá’, livro mais vendido sobre a ‘Guerra Civil da Guiné-Bissau, 1998-1999’, tendo sido distinguido como,  ‘Escritor do Ano’ (1998), trabalho que recebeu menções honrosas por parte da Amnistia Internacional, Repórteres Sem Fronteiras, Agência Sueca para o Desenvolvimento Internacional e, foi recomendada pelo Parlamento da Guiné-Bissau;

 

·       Fui convidado pelo Conselho económico e Social das Nações Unidas, ECOSOC, para dar um ‘briefing’ sobre a crise na Guiné-Bissau (2002); e ao Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Divisão África (1999);

 

·       Iniciei, negociei, mediei e, moderei um debate televisionado, sem precedentes, sobre o  ‘Processo de Democratização da Guiné‑Bissau’ o qual lançou as bases para uma abertura política e democrática genuína no país (1993);

 

·       África: Uma Só Geração Não É Suficiente, uma série de palestras inovadoras sobre as origens dos desafios com que a África se vê confrontada, destinada a instituições académicas, liceus, organizações comunitárias, etc.;

 

·       Como analista político, tenho vários artigos publicados nas áreas da: boa governação; Estado de Direito; eleições; militares e política; corrupção; imputação de responsabilidades, e; tráfico de droga, entre outros.  Ver,  ‘Projecto Guiné-Bissau: Contributo’ (www.didinho.org);

 

4. Estas são apenas algumas das componentes do meu currículo que julgo ter a obrigação de pôr à disposição de qualquer processo que venha a ser posto em funcionamento no quadro da situação com que o meu país natal se vê confrontado.  Se pude participar dos processos mais sensíveis que jamais tiveram lugar nas terras de outrem, não vejo porque não fazê-lo no meu próprio país.  A última coisa que me preocupa, neste momento, é se alguém poderá pensar que estou a roncar currículo.  ‘A hora é de acção e, não, de palavras’.  Quem não se apresentar agora, que guarde para sempre, o seu conforto e, a sua paz de espírito.  Mas, acima de tudo, que se prepare para oferecer explicações aos seus netos e bisnetos, quando estes vierem a perguntar: ‘O que você fez’?

 

Vamos nos organizar.  Nô Pintcha!!!

 

* Escritor/Jornalista

Nova Iorque

 


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