A  DEMOCRACIA

 

 

Matteo Candido *

 

 

16.12.2007

 

 

1.

 

STULTUM EST DICERE PUTABAM (É próprio dos estúpidos lamentar-se depois das asneiras feitas, só porque não pensaram  bem antes de executar um plano de trabalho).

 

 

Quando é necessario tomar decisões rápidas por motivos graves, não é possivel ponderar bem a decisão…e assim, mais tarde a solução tomada é capaz de revelar-se ineficaz ou nociva….

 

Uma política eficaz  precisa de duas considerações:  não cair no defeito da não-solução ou da precipitação.

Para evitar estes dois defeitos a comunidade precisa de dois tipos de políticos:

1- Os que têm capacidade de resolver os problemas imediatos;

2- Políticos (pensadores) capazes de ponderar bem as coisas para o bem do futuro da sociedade.

 

Isto é muito difícil, sobretudo quando o Estado sai de uma ditatura ou de um tempo de laxismo. Isso já aconteceu em muitos  Estados e deve acontecer também na Guiné-Bissau.

Augusto del Noce, filósofo, sempre alertou o Ocidente: ele era livre de pressões sociais, não tinha pressa de pensar uma política e uma economia ao serviço do povo. Não se importava com a opinião pública, era um pensador  livre e rigoroso.

 

Um Estado precavido e hábil, sabe que deve orientar a vida social com justiça, que deve escutar os pensadores que fazem discursos a longo prazo, que pensam no futuro da Nação. E os pensadores sabem que devem trabalhar com calma, devem  desmascarar os demagogos que buscam popularidade e fama, devem esclarecer tudo.

 

Em geral as democracias modernas tentam imitar os princípios da revolução americano-francesa (apoiando a burguesia), ou a revoluçao socialista de Marx-Lenine (apoiando o proletariado). Mas a história mostrou, convincentemente, que isso tudo falhou porque  era parcial.

 

Actualmente os Estados africanos procuram um modelo de Estado consumístico e tecnológico, copiando aquilo que está acontendo na América, na Europa…

Sera’ que este é o melhor caminho? Irá dar bons resultados ?

 

 

2.

 

Alguns pensadores dizem (Concepção perfeita) que a realidade humana é realmente e absolutamente transformável…que o progresso  faz parte da história humana, que o mal vai sempre diminuindo…que os políticos  (o Partido…o Estado) tem o dever de eliminar a liberdade para salvar o progresso…

 

Outros políticos (Concepção imperfeita) dizem que em cada sociedade o pecado trava tudo, que o progresso só é possível no âmbito da ciência e da técnica, que o progresso social não é possível porque o ser humano de qualquer maneira cai no mal. O político pode minimizar o mal, mas não pode destruir a raíz do mal.

A luta contra o mal é um compromisso do indivíduo, não do Estado.

Esta concepção do pecado original que reconhece um Ser Superior, atribui ao Estado uma concepção ministerial do poder (o Estado é servo do povo).

Ajuda o povo na caminhada do progresso, mas deixa ao povo, orientado pelos chefes religiosos, descobrir o papel de Deus no progresso da sociedade  (Principios morais…)

 

Esta concepçao  imperfeita tem pressupostos metafísicos:

     A verdade é absoluta e trascendente.

     Não se pode impôr a verdade com a força…

 

E a sociedade africana? Parece uma sociedade, aquela tradicional, rica de princípios religiosos…deverá portanto seguir a concepção imperfeita, mais lenta, mas também, mais próxima do povo, mais democrática.

Não deverá imitar a mentalidade progressista e economicista do Ocidente (capitalista ou socialista).

Deverá no entanto, ter cuidado com a tentação económica e  técnica ocidental.

 

(Tradução livre do italiano para o português feita pelo Pe. Dionisio Ferraro)

 

 

* Pedagogo italiano, amigo da Guiné-Bissau

 


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