Cuidado para não hospedar um ladrão guineense!

 

 

Armindo "udju di gato"

Armindo – conhecido por Armindo “udju di gato”

 

 


 

Samuel Vieira  *

vieirasamuel@hotmail.com

07.08.2009

Samuel VieiraA história que vou lhe contar aconteceu comigo e para que não se repita com você, eu decidi trazê-la para conhecimento de todos, para que nem você e nem mais ninguém seja pego de surpresa, pelo conto do vigário.

O cidadão em questão vai ser solto pela justiça brasileira. Motivo: cumpriu já mais quatro anos de pena a ele imputado. Pode ser libertados por bom comportamento ou algo parecido. Este fulaninho, guineense, filho de pais cabo-verdianos, morou na década 70 em frente ao mercado de Bandim, ao lado do Ministério do Interior. Os pais para acumular mais renda vendiam sorvetes na própria casa, o que fazia com que grande parte de transeuntes afluíssem a casa. Algumas pessoas chamavam-no de Armindo “udju di gato”. O irmão mais velho era funcionário público, tinha uma moto Yamaha de 60 cilindradas, moto baixinha. Acredito que essas informações e mais a foto lhe ajudarão a lembrar dele.   

 

Mas vamos agora ao que interessa: O cidadão atraiu atenção do Cônsul Honorário da Guiné-Bissau no Brasil, Senhor Tcherno N´djai, através de uma história bem inventada, que qualquer guineense cairia em função do nosso caráter guineense de ser muito hospitaleiro. Foi através do Itamaraty (Ministério das Relações Exteriores - Brasil) que ele conseguiu o telefone do Cônsul Tcherno, e prontamente ligou para o mesmo dizendo que estava chegando dos Estados Unidos, mas que estava aflito, porque acabara de ser roubado por um taxista brasileiro que se apoderou de todos os seus bens e que estava na rua, sem um tostão e passando fome. Tudo mentira, pois é exatamente o golpe desse filme de ficção na sua mente, que ele aplicaria em seguida contra mim! Mas qual guineense não ajudaria a essas horas, um compatriota?! Tcherno em função da nossa relação de amizade não esboçou timidez alguma em me solicitar uma ajuda, portanto, que eu fosse ao encontro do “cidadão” e procurasse ajudá-lo na medida do possível até ele resolver seus problemas na Embaixada dos EUA, já que dizia que tinha cidadania americana. Como foi numa sexta-feira a tarde, eu então não tinha como procurar o consulado para conseguir informações a respeito dele. Minha primeira atitude foi levá-lo a um restaurante para ele almoçar. Devorou um prato cheio com tanto apetite, que me fez perceber que o “cara” estava endiabrado de fome. Ato contínuo, nossa conversa ganhou proporções maiores, tudo para que eu pudesse apurar mais verdade sobre ele. No meio da conversa descobri que eu e ele somos conhecidos de longa data e amigos em outros tempos, porque eu tinha uma bicicleta e ele também tinha outra e os nossos encontros eram de praxe na Praça do Império. Estudamos juntos no Ciclo Preparatório, eu era da Turma 7 e ele da Turma 8. Poxa, como negar hospedagem a uma pessoa que conviveu comigo durante um bom tempo e durante nossa adolescência?! Fui tomado por emoção! Como fui ao encontro dele dirigindo o meu carro, entre uma conversa e outra, ele me implorou que gostaria que eu o acomodasse, não precisa exatamente ser dentro de casa, podia até dormir no meu carro, para não ter que incomodar. A verdade é que se eu não tivesse levado em conta o fato de ele ser guineense e um amigo de adolescência, essa era a ficha para eu perceber que na minha frente não está um cidadão de boa índole. Logo no Brasil onde tanta coisa acontece, mas enfim meti os pés pelas mãos e o levei para casa. Um bom banho, uma roupa nova, acomodação no sofá fumando um cigarro, o cidadão vestiu a carapuça, me fantasiando com muita história dos guineenses nos EUA. Assim começava minhas despesas com esse cidadão desde roupa, alimentação e maço de cigarros diário. Para mostrar que tudo estava bem, ele percebeu o telefone sem fio no cantinho da sala, prontamente me pediu para fazer uma ligação a cobrar para os Estados Unidos. Fantasiou em ligar uns números e falou por cinco minutos, sabem com quem? Com ele mesmo! Ria, dizia que tudo estava bem que está acomodado na casa do conterrâneo e sempre falando em inglês fluente. Comprovei depois pela Embratel que nenhuma ligação para EUA foi feita da minha casa. Minha inocência não me fez desconfiar do cidadão. Aí começava a ação do golpista que faz de tudo para ganhar sua confiança. No fim de semana levei-o para casa de um amigo cabo-verdiano. Durante a conversa mostrou-se conhecedor dos Estados Unidos e contou histórias de muitos cabo-verdianos lá residentes, entre eles, os familiares do próprio cabo-verdiano, esse amigo meu. As coisas iam tão bem ao seu lado que não dava para desconfiar que ele não tivesse vindo dos Estados Unidos, mas sim, vivendo no Brasil.    

 

Viveu aproximadamente vinte dias em minha casa sob alegações de que está aguardando a passagem que já fora pedida a seus familiares nos EUA. Eu saí para trabalhar e ele ficava em casa, sozinho. Tinha tempo suficiente para conhecer todos os cantos da casa e o que tinha dentro da casa. Vou tentar encurtar a história, porque são tantas as coisas, mas acredito que o resumo da história o ajudará a estar mais precavido, para não deixar-se levar.

 

Ele dizia que nos Estados Unidos trabalha como interprete de advogados que cuidavam de processos de cidadãos de países de idioma espanhol. Ele participava dos inquéritos e elaborava documentos que eram repassados aos advogados. Tudo mentira! Mas como essas pessoas lidam com crime, portanto, sabem sempre como atrair sua atenção para defender seus interesses, sendo assim, têm alto poder de convencimento para ganhar sua confiança. Disse que morava no Estado Americano de Connecticut, portanto, se você mora aí e o conhece, saiba que no Brasil ele virou ladrão e já roubou em São Paulo (Taubaté), na Bahia (Salvador) e em Pernambuco (Recife). Essas informações são dos processos levantados pela polícia.  Última vítima dele fui eu e para que não haja o próximo, decidi fazer essa denúncia. Disse que já viveu em Portugal e França, citou nome de alguns guineenses conhecidos em Portugal, disse que freqüentava muito a Praça do Rossio em Lisboa, nesse caso se você já lhe viu por aí, redobre-se de cuidados.

 

Como disse antes, vou encurtar a história dizendo exatamente o que aconteceu comigo no dia 30/12/2005. Ele pensou que eu trabalharia nesse dia e tinha armado a macaca para me pegar desprevenido. Depois do café da manhã, me perguntou se ia sair, disse que não. Ele se arrumou com umas roupas que dei e se despediu que ia ao consulado americano para saber do andamento de sua passagem de regresso. Passado duas horas ele ligou para mim do telefone público, dizendo que estava com o Cônsul dos EUA no shopping e que de tanto relatar a história de minha benevolência com ele, o cônsul lhe pediu que me convidasse para almoçar com eles no shopping. Pediu encarecidamente que não fosse do meu carro, porque o cônsul gostaria de fazer um passeio conosco pela cidade no seu próprio carro. Eu, mais uma vez, não percebi o golpe e fui ao encontro dele. Afinal de contas a intenção dele era me tirar de casa, para apoderar-se de tudo que planejara roubar. Certamente ele devia estar posicionado num canto onde me podia ver sair e prontamente voltou para me roubar. Foi exatamente o que aconteceu. Como moro num condomínio e o tempo que ele viveu no condomínio o fez ganhar confiança do porteiro, não foi possível levantar suspeitas a respeito dele. Ele tirou o meu carro da garagem, posicionou de forma que pudesse colocar tudo sem levantar mínima suspeita. Acreditem que ele levou tudo que coube no carro, objetos de grande e médio valor, além do próprio carro, porque tinha em sua posse o controle do portão, o que mais uma vez fez crer ao porteiro que tinha minha autorização para sair com o carro! Roubou os meus documentos de identidade no Brasil e passou-se a identificar como Samuel, retirando a minha foto. Sua prisão foi exatamente quando foi pego pela polícia que pediu documento, ele mostrou o documento sem foto, dizendo que a foto estava deteriorada, porque o documento tinha caído na água. Sua Prisão foi comunicado ao delegado de Recife, porque eu Samuel legítimo, tinha prestado queixa. A notícia de sua prisão correu o Nordeste de um canto ao outro. As redes de televisão noticiaram isso com um título meio assustador – amigo da onça! Até a TV Globo que não divulga notícias populares nesse estilo, mas desta vez divulgou. Fiquei transtornado! Como pode isso acontecer - a gente matar a fome de um conterrâneo, acomodá-lo na nossa própria casa e ele em troca, nos apronta?! Para que você não seja a próxima vítima cerque-se de cuidado caso estejas na Guiné, em Portugal ou na França. Porque ele uma vez solto, pode ludibriar as polícias de um desses países e conseguir entrar no país e ganhar a sua casa. Ele tem muita lábia, acredite no que estou falando! Aqui ele surpreendeu os jornalistas e delegados da polícia pelas habilidades com as palavras. Depois de preso em Natal, capital do Rio Grande do Norte, quase um mês depois de me ter roubado, os jornalistas depois de tomaram conhecimento de sua prisão, correram atrás da notícia. Mas o delegado aconselhou que redobrassem de atenção com os interrogatórios, porque ele pode convencer qualquer um dos jornalistas a levá-lo para sua casa, alegando inocência. Ele é maquiavélico e grande articulador, aconselhou o delegado dizendo que ele já se ofereceu para ensinar inglês no presídio aos detentos, para diminuir a pena, pensem nisso, aconselhou! Pronto meus conterrâneos, eu fiz essa denúncia porque entendo que, e acho que, nenhum guineense merece passar pelo que eu passei. Eis a razão pela qual fiz a denúncia! Guardem bem sua imagem na mente, porque uma vez livre pode ser hospedado por você, e daí para frente à responsabilidade é só sua e não de mais ninguém! Pois não venha dizer que não foi avisado (a). Eu perdi tudo que ele levou e tive que trabalhar duro para me reerguer. Ele vendeu tudo meu, a polícia não conseguiu recuperar nada! Portanto, não queira ser a próxima vítima.

 

Observação: O Juiz me chamou recentemente para dar o parecer sobre sua libertação, mas deixei a cargo da própria justiça a decisão de soltá-lo.

 

Um abraço a todos!

 

Samuel Vieira         

 

 * Analista de Sistemas

 

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Associação Guiné-Bissau CONTRIBUTO

associacaocontributo@gmail.com

www.didinho.org