Sandra Cardão 
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www.bemestarmenteealma.pt.vg
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3.05.2010
	
			
			 Lembrei-me 
	das crianças-soldado, das crianças-fome, das crianças abandonadas, 
	infelizes… Da forma como temos descuidado as nossas crianças por todo o 
	planeta…
Lembrei-me 
	das crianças-soldado, das crianças-fome, das crianças abandonadas, 
	infelizes… Da forma como temos descuidado as nossas crianças por todo o 
	planeta…
	
	Criança não é um adulto em ponto pequeno. Nem tão pouco é um ser que até aos 
	6 ou aos 7 anos de idade, nada compreende ou sente. Muito menos é uma 
	criatura sem mente, que não pensa ou que não consegue pensar.
	
	Lawrence Frank, foi um dos pioneiros sobre a importância 
	do desenvolvimento infantil, que documentou um conjunto de crenças 
	inter-culturais do género, apontando que estas beneficiaram sempre mais o 
	adulto do que a própria criança. Crenças que prevaleceram durante vários 
	séculos em muitas culturas, até que Sigmund Freud (médico neurologista e 
	fundador da psicanálise) vem revolucionar toda a concepção do mundo infantil 
	ao suspeitar de que muitos dos problemas dos adultos teriam raiz nos seus 
	tempos de criança. 
	
	Daí a sua conhecida frase de que a “criança é o pai do homem”, porque a 
	forma como a criança é educada, amada ou não, as experiências pelas quais 
	passa na infância, a forma como constrói laços de afecto com as figuras 
	privilegiadas do seu mundo, normalmente os pais ou outras figuras parentais 
	(avós, tios, irmãos…), irão influenciar em larga escala o adulto em que se 
	tornará.
	
	Hoje sabe-se que a criança é um ser humano que demora o seu tempo a 
	desenvolver-se até ser adulta, e que em cada fase do seu desenvolvimento vai 
	adquirindo um conjunto de capacidades e de potencialidades. Sabemos que 
	enquanto se desenvolve gosta de ter um colo aconchegante, gosta de ser 
	tranquilizada, que brinquem com ela, que riam e sorriam, que lhe ensinem 
	coisas e lhe apontem caminhos… Que a deixem descobrir coisas novas ao seu 
	redor, que a deixem brincar, que a deixem maravilhar-se e usufruir do seu 
	direito a ser criança. Enquanto se desenvolve não pensa como um adolescente, 
	nem sequer como um adulto. Pensa como uma criança, sente como uma criança. 
	Mas não é por isso que os seus pensamentos e sentimentos têm menos valor, só 
	porque provêm de pessoas mais pequenas. Criança sabe muito bem quando é 
	amada, quando é tocada de forma correcta, quando lhe falam direito, quando a 
	tratam bem, quando se é verdadeiro com ela, porque absorve muito rapidamente 
	tudo o que está à sua volta, porque nasce com a intuição aguçada.
	
	Mas sabemos também, hoje melhor do que nunca, que apesar de todo o 
	conhecimento que se reuniu sobre a psicologia da criança e do adolescente, 
	sobre o desenvolvimento infantil, há ainda certas crenças que não beneficiam 
	em nada o crescimento das crianças. São crenças que hoje só podem ser 
	baseadas na ignorância, no obscurantismo, e que ainda prevalecem em muitas 
	culturas espalhadas pelo nosso mundo.
	
	Não existe nenhuma magia para fazer passar uma criança saudável a adulto 
	saudável, assim como não existe magia para transformar uma criança 
	perturbada e sofrida num adulto equilibrado. A magia depende de nós adultos, 
	depende da forma como percebemos o desenvolvimento infantil e fazemos o 
	melhor que podemos para que a criança tenha o direito a ser pequena, com as 
	características que lhe são próprias em cada idade. Depende do respeito que 
	temos pelos seus direitos de criança, a quem se deu voz:
	
	- Temos direito a ter um nome e um país;
	
	- Temos direito a ter o amor e a compreensão de todos e uma família feliz;
	
	- Temos direito a aprender e a brincar, a saber e a participar;
	
	- Temos direito a uma infância feliz;
	
	- Temos direito a viver, a comer, e a ter uma casa;
	
	- Temos direito a ser respeitadas;
	
	- Temos direito a ser sempre os primeiros a receber ajuda;
	
	- Temos direito a crescer contentes e livres;
	
	- Temos direito a crescer na fé e a aprender a ser amigos de todos;
	
	- Temos direito a não trabalhar como faz o adulto;
	
	- Temos direito a ser protegidas contra toda a espécie de torturas e abusos: 
	físicos, morais, sexuais.
	
	- Temos direito a sermos apoiadas pelo Estado.
	
	- Temos o direito a não tomar parte das hostilidades da gente graúda, 
	inclusive a fazer parte de forças armadas;
	
	- Temos o direito a estatuto de refugiado, a assistência e protecção 
	humanitária sempre que necessário;
	
	E muitos mais direitos têm. Estão consagrados na Declaração Universal dos 
	Direitos da Criança; na Carta Africana sobre os Direitos e o Bem-Estar da 
	Criança, que todos os estados membros da União Africana – UA - se obrigaram 
	a assinar até 2009; estão ainda consagrados em todas as mentes, culturas, 
	sociedades, que promovem os valores éticos mais elevados.
	
	A criança não é um adulto pequeno.., e tem os seus direitos.
	
	Sandra Cardão
	
 
	
		
		
		
		
		 (Imagem 
		da World Wide Web)
(Imagem 
		da World Wide Web)
 
	
	Referências
	
	Sprinthall, N.A., Sprinthall, R. C. (1993). Psicologia Educacional. McGraw- 
	Hill.
	
	Gleitman, H. (1999). Psicologia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
	
	UNICEF, (1959). Declaração Universal dos Direitos da Criança.
	
	Organização da Unidade Africana, (1990). Carta Africana sobre os Direitos e 
	o Bem-Estar das Crianças.
 
	
	
	
	
        
			
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			Sandra Cardão nasceu em Angola, é Licenciada em Psicologia 
			Clínica, fez estágio na área da Psicogerontologia e tem trabalhado 
			no âmbito escolar com crianças do Ensino Básico (integração de 
			minorias, crianças carenciadas). Também é Facilitadora de Grupos de 
			Jovens para a Promoção do Desenvolvimento Pessoal. É Autora e 
			Formadora Certificada.
	
			
	 
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