CONFIRMANDO O ESTATUTO DE SENHOR DA GUERRA

 

 

 

Por: Fernando Casimiro (Didinho)

didinho@sapo.pt

30.12.2008

Os guineenses e a Comunidade Internacional devem continuar atentos às manobras de "pacificação" que o ditador João Bernardo Vieira está a orquestrar como plano de recurso/desforra da derrota do seu PRID (já sobejamente conhecido como Partido Responsável pela Introdução da Droga na Guiné-Bissau) nas legislativas de 16 de Novembro passado.

Da queixa crime contra Kumba Yalá, à recolha das viaturas oferecidas aquando da campanha eleitoral a pessoas influentes nas regiões que, por não terem garantido a votação das populações das suas localidades no PRID, motivaram a ira do ditador nesse sentido;

Da encenação do ataque à sua residência, ao alerta em como há um grupo que está a amedrontar estrangeiros e investidores de que vai haver guerra na Guiné;

Da morte de 2 comerciantes libaneses, ao assalto à Western Union, Nino Vieira está em todas e porquê?

Quem tem acompanhado o percurso da Guiné-Bissau depois do retorno de Nino Vieira ao poder (Outubro de 2005), não terá dificuldades em reconhecer que o poder presidencial hipotecou os interesses da Guiné-Bissau a interesses externos.

Nino Vieira, tal como no passado (1980 a 1999), sempre teve a Guiné-Bissau como sua propriedade e, por isso, após o regresso ao poder em 2005 assumiu compromissos pessoais com o mundo do mal, que lhe têm dado muitos privilégios, mas que, caso falhem, podem-lhe custar muito...

Ciente disso pelo revés dos resultados das eleições que deram vitória ao PAIGC que em condições normais, não poderia indicar outro nome para Primeiro-ministro que não o do seu Presidente, Carlos Gomes Jr. que prometeu durante a campanha eleitoral lutar contra o narcotráfico e o crime organizado, caso o PAIGC fosse governo, Nino Vieira tentou de todas as formas criar no país, após o anúncio dos resultados das eleições, um clima de extrema gravidade social que permitisse a declaração de estado de sítio, que consequentemente anularia as eleições de 16 de Novembro, entre outras consequências retaliatórias que poderiam perigar a vida de políticos, militares e cidadãos incómodos para o ditador.

O Conselho de Ministros do Governo de Carlos Correia, um dia após a encenação do ataque à residência de Nino Vieira, tinha em cima da mesa e como primeira possibilidade, declarar o estado de sítio. Vários foram os membros deste governo fantoche, que se desdobraram em lamúrias, choramingas e baboseiras, querendo transformar Nino Vieira como vítima do tribalismo em conluio com o poder militar, pois atendendo à "provocação" da queixa-crime de Nino Vieira contra Kumba Yalá, por este ter afirmado em plena campanha eleitoral que Nino Vieira é o principal narcotraficante da Guiné-Bissau entre outras acusações, seria fácil conotar Kumba Yalá e os militares, numa referência étnica, com o suposto ataque à residência de Nino Vieira. Algumas pessoas foram nessa conversa, mas creio que já viram toda a montagem.

O Conselho de ministros não conseguiu nem argumentos nem apoios suficientes para encorajar o ditador presidente a declarar o estado de sítio, acabando por se ficar pela acusação de tentativa de golpe de Estado.

Convém recordar a nossa pronta análise (UMA (IM)PERFEITA ENCENAÇÃO  23.11.2008) que certamente condicionou a estratégia da instabilidade orquestrada por Nino Vieira e seus agentes.

Não tendo conseguido atingir o real objectivo com o alegado ataque, Nino continuou a desestabilizar para evitar aceitar a derrota do seu PRID e a vitória do PAIGC.

Quem estaria afinal a amedrontar os estrangeiros e investidores dizendo que vai haver guerra na Guiné, senão o próprio Nino?

Porque foi que de repente se decidiu fazer o juramento de bandeira dos polícias formados em Angola há já um bom tempo?

Porque é que um avião carregado de armamento descarregou todo o material militar no aeroporto Osvaldo Vieira sob escolta dos homens do presidente ditador, tendo-se impedido as autoridades competentes de se aproximarem da pista e do referido avião, com carga proveniente de Angola?

Quem está a dar sinais de estar a preparar-se para uma guerra, tentando desde já garantir juramento de fidelidade, não com a República, mas com ele Nino Vieira, dos polícias formados em Angola?

E agora vem a denúncia da existência de cerca de 400 elementos, obviamente armados, que prestam guarda presidencial, mas que não pertencem oficialmente às  nossas Forças Armadas e nem sequer é do conhecimento do Ministro da Defesa ou do Chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, a prestação de serviço desses elementos, denominados "Aguentas", uma força militar criada por Nino Vieira aquando da guerra de 98/99 na Guiné-Bissau.

O ditador está a semear a Paz, ou a guerra na Guiné-Bissau?

É preciso estarmos atentos, pois o ditador ainda que tenha aceite dar posse ao novo Primeiro-Ministro Carlos Gomes Jr. vai continuar a esticar a corda...

É preciso ter em conta que Nino Vieira pode utilizar os "Aguentas" (não os teria utilizado na encenação, na morte dos libaneses e no assalto à Western Union?) como elementos fardados e armados para desgastar e acusar as nossas reais Forças Armadas de actos criminosos por ele orquestrados, no sentido de desestabilizar permanentemente o país. Muita atenção a esta possibilidade!

É claro que os guineenses não querem mais guerra no país e não permitirão que Nino Vieira, ou quem quer que seja volte a fazer o papel de senhor da guerra na Guiné-Bissau!

Fiéis de Nino Vieira na guerra de 98 garantem segurança presidencial


2008-12-30 18:40:35

Bissau - O Movimento Nacional de Sociedade Civil denunciou esta terça-feira que elementos dos chamados «aguentas», estão neste momento a manter segurança na Presidência da República na residência do presidente.

Em conferência de imprensa realizada hoje em Bissau, Mamadu Queta porta-voz da organização, disse que o Ministro da Defesa Nacional e o Chefe de Estado Maior Geral das Forças Armadas afirmaram desconhecerem que elementos dos chamados «aguentas», fiéis de Nino Vieira durante o conflito desencadeado a 7 de Junho de 1998, estão a garantir a segurança da Presidência da Republica e da residência do Presidente. A PNN apurou que 400 «aguentas» foram mobilizados.

Movimento da Sociedade Civil disse também que enviou uma carta de pedido de audiência a Nino Vieira, mas ainda não teve resposta do Presidente.

Esta situação ocorre após o ataque à residência do Presidente da Republica, Novembro, por alguns militares, entretanto presos, que ressuscitou desconfianças geradas durante o conflito político militar de 7 de Junho de 1998, facto que para alguns analistas guineenses poderá promover alguma desconfiança entre os poderes vigentes.

«Aguentas» foi o nome à milícia composta por jovens, leais a Nino Vieira, mobilizados nas últimas semanas da guerra de 1998. No final da guerra Ansumane Mané ordenara o fecho das fronteiras da Guiné-Bissau a fim de impedir a fuga dos «aguentas».

http://www.bissaudigital.com/noticias.php?idnoticia=3182

Sumba Nansil

(c) PNN Portuguese News Network

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