Conferência dA Praia, para compartilhar os recursos da Guiné-Bissau

 


 

Nataniel Sanhá  

nataniel005@hotmail.com

23.04.2013

Nataniel SanhaGuiné és i abó...

Guiné!

Tchon malgos di djorsons sagradu,

Abo ba ku kankuran di matu garandi,

Nghamano di baraka malgos.

Abo kuta riantaba fanadus pa matu garandi,

Abo nan kuta bai panga kabas di chefis di mundo,

Son pa libra kabesa di bu ermons (Cabo-Verde, Angola, ...),

Toku bu djamudu nan,

“Pikininu na tamanhu, ma garandi na fama”.

Ali aos e misti bidantau pagu pa iran,

Pa se mistidas pudi sai.

Ampus, ma forti ingratessa es!

Ma DEUS i garandi.

Pardeus!”

 

Tradução em português

 “Guiné!

Chão malgos dos filhos sagrados,

Eras Cancuran da mata grande,

Chefe máximo da barraca malgos.

Também foi você que levava os fanados para mata grande,

E era você que participava na panga kabas (teste) dos chefes do mundo,

Por cabeça dos seus irmãos (Cabo-Verde, Angola, ...),

Até te gabavam,

Pequeno no tamanho, mas grande na fama.

Hoje estão querendo te fazer pago para irã,

Para satisfazerem os seus interesses.

Oh, mas que ingratidão é essa!

DEUS é soberano.

Pardeus (Sinceramente)!”

Florianópolis; Brasil,  17 de Abril de 2013

 

Me inspirou a criação desses versos, após ter visto a notícia que informava da reunião da ONU, União Africana (UA), Cabo-Verde e Brasil, sem nenhuma representação de qualquer autoridade guineense, para concertar acções para o debate sobre a Guiné-Bissau, que se realizará em Maio no Conselho de segurança das Nações Unidas, em Nova Iorque.

http://www.gbissau.com/?p=5450

É triste assistir a este tipo de atitudes imperialistas e oportunistas, em pleno século XXI e à luz do Direito Internacional e das Soberanias dos Estados.

Essa reunião me faz imaginar o ano de 1884, da magna reunião das potencias colonizadoras, em Berlim, com o único e triste objectivo de compartilhar o continente Africano em colónias entre si, sem representação dos africanos. Entretanto, depois dessa decisão, alguns povos africanos resistiram, lutaram com os meios ao seu alcance contra essa ocupação.

A história do começo do período moderno na África, está se repetindo com Guiné-Bissau. Desta vez é a Conferência de Praia, para compartilhar os recursos da Guiné-Bissau. Também, desta vez pela potência não colonizadora sob comando do colonizador. Pois a ideia dessa reunião com esse formato, foi do Ministro das Relações Exterior do Brasil, António Patriota, ao regressar de uma visita a Portugal.

Os conferencistas de Berlim, entre outras justificações que levantaram, alegaram que decidiram ocupar a África pela força ou militarmente, para pacificar o continente dos conflitos entre etnias. Foi uma grande justificação, quase convincente. Porém, sendo o tempo melhor juízo, claramente nos comprovou o in cabimento dessa refutação, que, com a ocupação dos Colonialista deteriorou mais a situação, pois, dividiram injustamente as populações, com a intenção de dividir para melhor reinarem.

Portanto, não vejo razão nenhuma dos conferencistas da Praia, também trilharem esse caminho, sob pena de piorarem a situação no país.

Se na verdade têm intenção de apoiar na resolução dos problemas  do pais, é indispensável considerarem as opiniões das autoridades representantes do povo guineense, sobre a real situação do pais, independentemente de serem interinas.

“ Bo tempasensa bo,

Bo libranu ku bo futisnadadi,

Di bida pa kumenu fidjus sin a fuab.

Ma si bo nsisti,

Nona tira kansere pa bos.”

 

Tradução em português

Tenham piedade,

De nos livrarem com as vossas feitiçarias,

De querer comer os nossos filhos em vão,

Porém, se insistirem

Traremos cansare convosco.

 

Viva Guiné-Bissau,

Viva Unidade Nacional,

Amados compatriotas, un dia no kabas na sabi.

Nataniel Sanhá (Velho)

 

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