COMENTÁRIOS DE M’bana N’tchigna

 

 

Por: M’bana N’tchigna

 

M´bana N´tchigna

mbatchi@yahoo.com.br

 

Brasil

 

16.09.2008

 

 

Caro Fernando Casimiro,

Por espanto, esperava uma postura agressiva contra os nossos irmãos guineenses da Associação da Comunidade da Guiné nos Estados Unidos mas, pelo contrário, foste humilde e tolerante. Confesso que estou radiante perante a tua postura e a forma com escolheste reagir à questão do logótipo. Não agrediste e muito menos cobraste algo além do que devias. Mesmo tendo direito até, de processar juridicamente os seus irmãos que não lhe consultaram antecipadamente, por descuido! É isso mesmo meu caro compatriota. Eu sou da opinião que se perdoarmos uns aos outros (as ofensas), poderemos caminhar lado ao lado e lutar pelas causas da nossa terra da melhor forma possível. Jamais poderia deixar escapar esta oportunidade sem lhe dizer que, os efeitos das suas palavras em relação à Associação da Comunidade da Guiné nos Estados Unidos me fizeram sentir bem. Por isso, não quero deixar quando Deus lhe tomar aos céus (o  que peço que seja quando tiveres 130 anos para não ficares tão idoso também), para dizer que o Didinho era um grande homem. Era compreensivo e tolerante como ser humano! Ele fez isto e aquilo para nossa terra, Guiné-Bissau”. Prefiro proferir este meu elogio agora. Enquanto estás vivo e podes me ouvir. Fernando, por que deixamos às vezes pessoas partirem dessa terra para depois lhes reconhecermos os feitos louváveis? Por que não quando estão vivos? Ande no que é louvável como sempre procuraste fazer. O não participar da agressividade verbal por seu lado é bom. Pois esta postura conferirá vitórias como sempre. Continue do jeito que você é.

Concordemos ou não de nós mesmo de forma coerente!


 

 

Estimado Conterrâneo Edson Incopté

 

Por: M’bana N’tchigna

 

mbatchi@yahoo.com.br

 

Brasil

14.09.2008

 

 

 

Eis-me de novo na nossa conversa iniciada há poucos dias. Sobre Kumba Yalá e a questão de suposta guerra étnica na nossa terra que você mencionou. Eu pessoalmente, temo quando se fala em guerra tribal na Guiné-Bissau. Nas minhas orações de todos os dias, oro para que Deus de Braasa (balantas), Mandjacos, Nalus, Fulas, Mandingas, Bissaó (pepel), Biafadas, Felupes, Baiotes, Djolas, não permitam que tal guerra étnica aconteça. Também oro por Deus de Abraão, Isaac, Jacó, Mohammet e mais outras religiões que não mencionei para que tenham misericórdia de não permitir a guerra tribal na Guiné-Bissau.

 

Contudo, afirmo que não vejo tudo que você falou como sendo realmente uma incitação à guerra tribal. Quando Kumba Yalá fala mal dos muçulmanos a facilidade de leitura (que eu sempre considero errada) de muitas pessoas é de que ele está falando contra a tribo Fula, Mandinga e Beafada, maioritariamente islamizadas na Guiné-Bissau. Realmente essas tribos, são as mais islamizadas na Guiné-Bissau. Mas esquecemos que não devemos associar o nome “muçulmano” com nenhum povo no mundo e muito menos com alguma outra tribo na Guiné-Bissau. Por que no entender de quem sabe e conhece, o termo muçulmano não é sinônimo de  povo nem de alguma tribo no mundo. Por isso,  na Arábia saudita, o berço dessa religião, há várias tribos e clãs que são em primeiro lugar árabes de nação e depois muçulmanos de religião. Temos Inclusive a palavra saudita que vem da origem da família Saud. Como família Binlade também. Todos são árabes de nação e depois muçulmanos de religião!

No Iraque temos Sunitas, Xiitas, Curdos e outros. Todos são dessas etnias e iraquianos de nacionalidade e por último, muçulmanos de religião.  Porque é que não nos vemos assim na Guiné-Bissau também?  Argumentando dessa forma  para voltar ao estudante Ncopté  e dizer que não devemos nos confundir também. Muito menos querer usar um argumento deste tipo para incitar um grupo contra outro. Porque Fulas e Mandingas, não são etnias muçulmanas. Islamismo é uma religião  que eles partilham também com outros grupos étnicos  na Guiné-Bissau.  Se Kumba Yalá  “dizia, entre outras coisas, que a “SALÉRA” não entraria no palácio...” segundo a sua afirmação, ele está falando dos muçulmano sim, mas não contra duas tribos ou três etnias apenas da Guiné-Bissau. Portanto, que Braasa (balantas), Bissaó (pepel), Felupes, Baiotes, Djolas,  Tanda etc. que se converteram ao islão se levantem e processem o Kumba. Eu conheço muitos Balantas (não me refiro a Balanta Mansonca que se sabe que há muito tempo muitos deles são muçulmanos), mas me refiro aos balantas de Nhacra e Kintohé. No sul do país,  por exemplo,  próximo a Cacine, existem tabancas de Balantas de Nhacra inteiras que se converteram ao islamismo há muito tempo. Portanto, quando Kumba Yalá fala mal da religião muçulmana, não deve ser entendido como ofensa exclusivamente às etnias  Fula, Mandinga  e Beafada.  Deve ser interpretado como ofensa sim mas numa esfera mais abrangente,  independentemente do grupo étnico a que pertencem tais muçulmanos. Você sabia que há fulas e mandingas que não são muçulmanos?  Pois é, eu conheço de perto bastantes. Inclusive um homem de Gabú, de nome Seco Djau que hoje é pastor da Igreja evangélica da Guiné-Bissau, que fez a sua formação teológica durante quatro anos num seminário teológico presbiteriana do Brasil. Então, Ncopté, devemos corrigir a nossa visão de que só Fulas ou Mandingas é que são muçulmanos na Guiné-Bissau. Não devemos tentar levar essa visão ao campo político-étnico. Pois podemos aparentar as pessoas que estão pedindo este mal na nossa terra. Eu não quero que a Guiné-Bissau venha a viver o que Ruanda viveu deixando cicatrizes profundas até hoje.

 Se analisarmos o problema dos políticos da nossa terra podemos entender que é questão de interesse de cada um. E não tem nada a ver com a questão tribal. Quantas vezes vimos políticos da mesma etnia se desentenderem entre eles?  Recentemente,  houve um desentendimento entre o General Tagme Na Waie e o Almirante Bubu Na Tchuto. Não pertencem ambos  à mesma etnia? 

O próprio Kumba Yalá não é bem visto por alguns membros do partido que fundou, o PRS,  por elementos da mesma etnia que ele. Eu jamais pensei que ele apoiaria Nino nas últimas eleições presidenciais. Mas apoiou Nino. Nino é da mesma etnia que Kumba? 

Política na Guiné-Bissau, não tem rosto tribalista é questão de interesse individual de cada político.

Escrevamos sobre nós mesmos, mas com coerência!

Continuo a não discordar do meu caro jovem Ncopté.

 

 

ESPAÇO PARA COMENTÁRIOS AOS DIVERSOS ARTIGOS DO NÔ DJUNTA MON -- PARTICIPE!


A TER SEMPRE EM CONTA: Objectivos do Milénio

PROJECTO GUINÉ-BISSAU: CONTRIBUTO - LOGOTIPO

VAMOS CONTINUAR A TRABALHAR!

Projecto Guiné-Bissau: CONTRIBUTO

www.didinho.org